Vereadores de oposição reclamam da forma como projetos são enviados à Câmara de Brusque
Segundo eles, textos estão sendo enviados em cima da hora, sem tempo para discussão dos vereadores
Segundo eles, textos estão sendo enviados em cima da hora, sem tempo para discussão dos vereadores
Vereadores da oposição participaram de uma live no Facebook nesta terça-feira, 29, em apoio ao vereador Marcos Deichamnn (Patriota), que será investigado em comissão após dizer que é “a Câmara é a milícia da prefeitura”, e contra a maneira que projetos estão sendo enviados para apreciação dos vereadores.
Eles afirmam que projetos estão sendo enviados para a casa em cima da hora, em regime de urgência, sem tempo para discussão e apreciação de todos os vereadores, com consentimento dos vereadores da situação.
Sobre o processo de disciplina que foi instaurado pelo corregedor da Câmara, o vereador Cleiton Bittelburnn (DEM), Marcos Deichmann diz que as declarações foram dadas em um grupo interno da Câmara após ele não concordar com o trâmite dado a um requerimento protocolado por ele e outros vereadores.
“Isto já vem acontecendo há muito tempo, da forma que está acontecendo, é tudo através de negociações. Não temos como provar, mas sabemos que é assim”, disse Deichmann durante a live.
O vereador disse que ficou muito revoltado por conta de um requerimento solicitando que a Secretaria de Educação repassasse para alunos de baixa renda a merenda escolar, mesmo com as aulas paradas por causa do coronavírus.
“Fiquei muito revoltado, porque o requerimento não foi colocado em pauta na sessão passada, dizendo que desconheciam, e agora vem uma representação contra mim para formar uma comissão de ética, por ter dito que a Câmara é um puxadinho da prefeitura. Tudo é negociado: cargos, secretarias. As coisas acontecem do jeito que o Executivo quer”.
Segundo Deichmann, ele está sendo alvo de perseguição política. “Estão querendo queimar a imagem de quem quer fazer as coisas sérias”.
O vereador Paulo Sestrem (Republicanos) defendeu Deichmann, dizendo já ter passado pela mesma situação.
“Já pediram até a cassação do meu mandato, e o vereador Marcos Deichmann, fazendo o seu trabalho, acabou se exaltando. A Câmara de Vereadores poderia fazer muito mais pela sociedade neste momento”.
Sestrem destacou que os vereadores são bastante cobrados pela população e cobrou transparência.
“O vereador cumpre a função em tempo integral, estamos tentando fazer o máximo de trabalho, e os projetos apresentados na Câmara, vão dar o resultado lá na rua. Estamos cobrando transparência desde o começo do mandato”.
Claudemir Duarte, o Tuta (PT), cobrou que os projetos sejam apresentado aos vereadores com mais antecedência, para que seja possível fazer uma apreciação antes da votação.
“A gente fica em uma situação de muita angústia, porque queremos ter as informações, ter um embasamento, para ter uma posição diante disso. A Câmara precisar analisar esse tipo de situação, é triste”.
Sebastião Lima (PL) ressaltou que o posicionamento dos vereadores de oposição não era especificamente em relação ao ocorrido com Marcos Deichmann, mas “pela forma como vem sendo inibida a ação do vereador para que ele fique constrangido e comece a não desempenhar sua função verdadeira”
Lima defende que o Legislativo deveria estar preocupado em cumprir com maturidade sua função.
“Nesse momento que estamos passando por uma pandemia, deveríamos discutir com maturidade sobre tudo que tem impacto com relação à esta situação. Quando acontece uma coisa dessas com um vereador, é um desrespeito com todos os cidadãos. É uma coação para que ele tome mais cuidado quando ele vai defender pontos de vista que ele tem certeza que são benéficos para a maioria da população”, afirmou.
Gerson Luis Morelli, o Keka (Podemos), disse que a oposição está sendo obrigada a “engolir os projetos que vêm da prefeitura, que chegam em cima da hora”.
“Como eu disse no final do ano, a cidade de Brusque é comandada por dois, três vereadores, que tomam conta da Câmara e da prefeitura. Eles que decidem tudo, as coisas não devem ser assim”.
Em contato com O Município, a diretoria de Comunicação da Prefeitura de Brusque informou que a investigação sobre a conduta do vereador Marcos Deichmann cabe apenas ao legislativo.
Sobre as afirmações de negociação de cargos no Executivo, a prefeitura diz que “são acusações infundadas. Tem o bloco de oposição e situação. É natural que a situação defenda os interesses da municipalidade”, diz.