Veterinária acusada de irregularidades segue trabalhando no Parque Zoobotânico
Procuradoria-Geral do município acatou pedido de secretaria, que alegou dificuldades financeiras para contratar outro profissional
Procuradoria-Geral do município acatou pedido de secretaria, que alegou dificuldades financeiras para contratar outro profissional
A médica veterinária acusada de cometer diversas irregularidades durante o serviço no Parque Zoobotânico de Brusque segue trabalhando normalmente, após a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, à qual o parque é subordinado, ter solicitado à Procuradoria-Geral de Brusque o retorno da funcionária às atividades. O processo administrativo disciplinar que havia sido aberto segue em andamento, com investigações do Ministério Público tramitando em sigilo.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Brusque, Ademir José Jorge, afirma que a pasta decidiu fazer o pedido para evitar o desfalque no quadro de funcionários do Parque Zoobotânico e um gasto financeiro para a contratação de outro profissional enquanto a acusada estaria afastada com remuneração garantida. A ponderação foi acatada pelo procurador-geral, Edson Ristow.
“O servidor pode ficar afastado por até 60 dias sem prejuízo na remuneração. O que eu, como secretário analisei para fazer a ponderação, foi a função de veterinária do Zoobotânico e a necessidade deste serviço essencial, e o procurador-geral aceitou. Ela continua trabalhando, precisando obedecer a todas as normas e aos seus superiores, e continua respondendo ao processo. Sendo afastada, continuaria remunerada, e a prefeitura precisaria contratar outro profissional em um momento de dificuldade na pandemia.”, explica Jorge.
O secretário também defendeu que a servidora deverá ser punida caso o processo administrativo seja concluído com definições neste sentido, mas afirmou que seu trabalho é necessário no acompanhamento dos animais. “Seria um custo, para o município, desnecessário, no meu entendimento. Foi isto que passei ao procurador-geral.”
A denúncia contra a veterinária relata:
– Que ela teria montado o esqueleto de um bugio-ruivo que morreu dentro do parque como se fosse um objeto decorativo, tendo o colocado sentado em um banco com as pernas cruzadas, mostrando o dedo médio de forma obscena e com um cigarro na boca;
– Que ela teria dado ordens a tratadores para a contenção dos animais, medicando-os com injeções intramusculares e subcutâneas;
– Que um dos tratadores, por ordens da veterinária, teria realizado um procedimento de fluidoterapia, que possui riscos e requer profissional formado e qualificado;
– Que ela pedia a auxiliares de serviços gerais e a um pedreiro para que realizassem procedimentos veterinários;
– Que ela não fazia diagnóstico correto de animais, o que resultou em mortes.
– Que ela sugeriu cortar as asas de dois faisões, posteriormente alocados em uma espécie de ilha artificial. Com as asas cortadas, os faisões chegaram a cair na água e um deles morreu;
Complementando a denúncia, a Procuradoria-Geral do município teve acesso a depoimento de servidores ao Ministério Público antes de tomar a decisão pela suspensão, que foi anulada mais tarde.
A defesa da servidora, representada pela advogada Kassia Grisa Tridapalli, nega as acusações feitas contra a veterinária. “Minha cliente afirma que os fatos não ocorreram conforme o narrado na denúncia, o que será comprovado durante a instrução do processo administrativo”.