Vida e seu sentido
Hoje, a vida e, sobretudo, a vida humana é um tema recorrente, na comunicação. São muitas as considerações que são feitas a seu respeito. Todos parecem estar dispostos a dizer algo sobre ela. As opiniões e considerações que são escutadas são as mais díspares possíveis. Dá impressão que todos querem ser os maiores conhecedores dos […]
Hoje, a vida e, sobretudo, a vida humana é um tema recorrente, na comunicação. São muitas as considerações que são feitas a seu respeito. Todos parecem estar dispostos a dizer algo sobre ela. As opiniões e considerações que são escutadas são as mais díspares possíveis. Dá impressão que todos querem ser os maiores conhecedores dos segredos da vida. No entanto, esquecem, em sua maioria, que a vida e, principalmente a vida humana, é um enigma, um mistério, uma realidade conhecida em parte, mas não totalmente.
Contudo, uma coisa é certa. “Ninguém, absolutamente ninguém, pode viver minha vida”. Cada ser humano constrói a sua vida, sua história. Só ele próprio pode ser o construtor. Os outros seres humanos, o mundo circunstante e Deus podem ser seus coadjuvantes. Em última análise, porém, a responsabilidade será sempre do protagonista: o sujeito da história, o ser humano. Essa história é repleta e permeada por acontecimentos e por momentos, os mais variados. Podem ser, por exemplo, de alegria ou de tristeza, de felicidade ou de frustração, de esperança ou de desespero de amor ou de ódio…
O ser humano busca respostas para o que acontece em sua vida. Boa parte das vezes, procura-as fora de si mesmo. Com frequência, culpa os outros; outras vezes, as circunstâncias existenciais ou sua vida como um todo. Também, destino, sorte, o azar, mau olhado, inveja, “olho gordo”, macumba, “trabalhos feitos” e assim por diante. Muitos encontram dificuldade em perceber que a problemática está dentro de si e que também a resposta pode ser encontrada dentro de si mesmo.
Nossa vida, nossa história pessoal começa com nossa concepção. A partir daí, começam as “experiências da vida”. Portanto, do ventre materno até o instante presente. Tudo, tudo mesmo faz parte desta história. Grandes ou pequenas “experiências”. Enriquecedoras ou desastrosas da vida. As que nos causaram danos que, às vezes, não são reparados e contaminam a vida toda a nossa trajetória vital. Como sanar tal situação?
Bem, para isso é necessário “parar”, “tomar distância” diante de si e tentar a sós ou com ajuda de alguém buscar a compreensão da realidade presente, sem falseá-la ou idealizá-la. Mas, com os pés firmes na realidade, por mais dura e trágica que seja, e aceitá-la tal qual é. É evidente, jamais numa atitude de passividade, de resignação, de acomodação… Aceitação significa “esta é minha realidade existencial” e a partir dela como posso “ser mais”. A aceitação, então, é o ponto de partida para o “novo caminho na construção da própria história”. Não foi isso que o Filho Pródigo evangelho (leia Lc 15, 11-32) fez? Ter coragem de se enfrentar e dialogar consigo mesmo.
Para isso, porém, tenho que inserir, nessa história, um sentido, isto é, qual é a razão do meu viver, qual é a motivação permanente da minha vida. Em última análise, pode-se traduzir, na prática, com o projeto de vida. O Filho Pródigo trocou o projeto que havia sido proposto pela educação do Pai, pelo seu próprio. E foi testá-lo, longe do olhar do Pai. Teve que reconhecer que fez uma escolha equivocada que lhe roubou sua dignidade de pessoa humana. Começou por aí: recompor-se como pessoa humana. Claro que este projeto tem que, necessariamente, incluir todas as dimensões existenciais fundamentais de minha vida, sem restrição alguma a qualquer delas.
No final das contas, trata-se de rever minha escala de valores que estou inserindo na minha caminhada existencial. Quais valores estou priorizando? Qual é o rumo do meu existir? Que projeto de vida estou tentando construir? São alguns questionamentos que tenho que, pessoalmente, com ajuda dos outros e, para quem, crê, de Deus. No fundo, é encontrar razões para viver, um sentido para a vida.