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VÍDEO – Acervo com mais de 600 objetos de valor histórico foi perdido no incêndio da Irmãos Fischer

Diretor da empresa conseguiu sair às pressas antes que local fosse consumido pelas chamas

Um acervo de objetos que fizeram parte da história das famílias de Brusque e região está entre as perdas do incêndio de grandes proporções que atingiu um dos galpões da empresa Irmãos Fischer, há pouco mais de 15 dias.

Em uma sala na unidade 4 da empresa, o diretor industrial Norival Fischer, o Nori, mantinha um verdadeiro museu, que não resistiu às chamas que se espalharam rapidamente pelo galpão.

Ali, Nori conservava 628 peças, entre elas, a primeira escrivaninha do Dr. Carlos Moritz; a bacia de madeira que frau Koehler utilizava para fazer as famosas empadas; o primeiro banco de marceneiro de seu bisavô; um jogo de bicicleta de 1913, além de vários outros itens. De acordo com ele, todos os objetos estavam funcionando.

“Infelizmente, tudo foi por terra. Eu estava guardando um pouco da história da minha família e de outras famílias de Brusque e Guabiruba. Hoje, as crianças já não identificam muitos desses objetos, então a intenção era guardar para que as próximas gerações pudessem conhecer e saber as dificuldades que as famílias enfrentaram para chegar até aqui”, diz.

Nori destaca que trabalhava no início do processo de catalogação desses objetos e que tinha a ideia de fazer uma exposição no futuro. “Isso tudo era fruto do garimpo de muitos anos, e agora tudo está destruído. Quero ver se consigo recuperar alguma coisa, não para mim, mas para a história de Brusque”.

O empresário conta que, agora, restam apenas algumas fotos e vídeos do acervo, o que, de alguma forma, farão com que os objetos não sejam esquecidos.

“Perdemos bens materiais, não nosso maior patrimônio”

Quando o incêndio começou, no dia 1º de fevereiro, pouco antes das 13 horas, o empresário estava descansando em sua sala, que fica no galpão atingido pelo fogo.

“Eu estava tirando um cochilo, com a porta da sala trancada e o ar condicionado ligado. Não percebi quando o fogo começou. Uma funcionária, a dona Valéria, na correria sentiu minha falta e foi me chamar. Ela bateu com força na porta e aí eu saí correndo, só deu tempo de pegar a chave do carro e o tênis. Se não fosse ela, talvez eu teria percebido tarde demais. Poderia ter morrido queimado”, conta.

Nori afirma que passados 15 dias do incêndio, os prejuízos ainda estão sendo contabilizados pela empresa.

“Nenhuma das empresas atingidas ainda tem condições de fazer a avaliação de tudo o que perdeu. Temos uma estimativa, mas nada concreto. Mas o mais importante é que perdemos apenas bens materiais, não o nosso maior patrimônio, que são os funcionários”.

Prejuízos ainda estão sendo contabilizados | Foto: Arquivo pessoal

No galpão atingido pelo incêndio, também funcionavam outras duas empresas: a Jolitex e a Focus Têxtil. Da parte da Irmãos Fischer, o local concentrava os processos mais pesados de produção da fábrica.

“Ali era feita a manipulação das chapas de aço para o carrinho de mão, a betoneira, a churrasqueira, para os mais de 200 produtos que a Fischer trabalha. Ali eram feitos os acessórios para a fábrica mãe fazer o produto acabado”.

No local, havia mais de 5 mil toneladas de bobina de aço, de acordo com Nori. Além disso, o galpão tinha ainda parte de produção das telhas e painéis das casas modulares, e toda a parte de expedição das betoneiras e carrinhos de mão. “Muita coisa era feita ali, então, por isso, ainda é muito complexo dizer quanto perdemos”.

O empresário destaca que a estimativa da direção é que daqui 20 dias a empresa consiga voltar a ter a linha produtiva dentro da normalidade de montagem. “Agora é botar a cabeça no travesseiro e pensar. Devagar tudo se assenta. Deus tem muito mais para nos dar do que tirar”, diz.

60 horas de trabalho ininterrupto 

O empresário destaca o trabalho realizado pelo Corpo de Bombeiros, que atuou incansavelmente para controlar o incêndio, desde os primeiros minutos.

“Foi um trabalho fantástico. Só temos a elogiar a atuação dos bombeiros. Somos muito gratos”.

De acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros de Brusque, capitão Rodrigo Basílio, foram três dias e duas noites no controle do incêndio, ou seja, 60 horas de trabalho.

Atuaram na ocorrência cerca de 40 bombeiros, entre militares, comunitários e voluntários e 30 viaturas, das cidades de Brusque, Guabiruba, Botuverá, Itajaí, Gaspar, Ilhota, Blumenau, Timbó e Indaial.

Ainda segundo o comandante, passou de 900 mil litros de água utilizados no combate e controle às chamas.

Em entrevista a O Município na semana passada, o capitão Basílio informou que um curto-circuito (ou fenômeno parecido) pode ter sido origem do incêndio. O laudo final e oficial do caso deve ser divulgado em 30 dias.

Nesta semana, focos de fumaça foram vistos no local do incêndio. O comandante dos bombeiros explica que é normal que focos de fumaça permaneçam em grandes incêndios, mesmo após serem controlados.

“Muitos materiais ficam encravados no solo e outros inclusive ficam protegidos por materiais maiores que estão sobre eles. Alguns materiais também possuem uma “queima lenta”, mas é preciso dizer que não há risco, ou seja, não é possível que um novo incêndio comece a partir desses processos”.


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