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VÍDEO: Aterro preocupa moradores devido a fechamento de vala que escoa água da rua

Eles temem que com as chuvas intensas água não sai da via e acabe alagando as casas

Um aterro na rua Blumenau vem tirando o sono dos moradores da rua Alberto Heckert, no bairro Steffen. O motivo são as fortes chuvas que enchem a via com água, mas o único local que escoa essa água fica próximo a um aterro. Segundo os moradores, a vala está sendo fechada aos poucos com o aterro, fato que causa preocupação.

Os moradores afirmam que a tubulação da rua não dá conta de dar vazão à água, e por isso foi preciso criar um canal para tirar o volume e evitar que ela entre nas casas da rua. Um dos moradores cedeu parte do terreno onde a água passa durante as cheias. O caminho é conectado com a vala que liga diretamente ao rio Itajaí-Mirim. No entanto, o aterro está fechando esse caminho e o medo dos moradores é que a água não vá para o rio, consequentemente, volte para rua e entre nas casas.

No aterro é depositada a terra que está sendo retirada da obra da margem esquerda da Beira Rio. Segundo informações do Departamento Geral de Infraestrutura (DGI), o proprietário do terreno pediu para que a prefeitura colocasse a terra ali para aumentar o nível do terreno.

Os moradores enfatizam que não são contra o aterro, mas gostariam de ter explicações sobre como ficará a hidrografia do local. “Todo aterro tem que ter um projeto hídrico, mas ninguém esclarece nada, dizem que está tudo certo, mas nós queremos saber, essa é a nossa garantia”, diz o aposentado de 67 anos, Evando Sandri.

Aterro ultrapassa altura dos muros e preocupa moradores da rua Alberto Eccher | Foto: Eliz Haacke

Falta comunicação

Segundos os moradores, toda vez que eles procuram a Fundação Municipal do Meio Ambiente (Fundema) para questionar o assunto, além de não obterem respostas, afirmam que são tratados com descaso e má vontade pelos servidores.

“Eles (Fundema) não tem culpa que nós construímos a casa no baixo, só que tem casas aqui há mais de 50 anos”, explica o morador Jair Horr, de 49 anos. “Só que o terreno era baixo, quem está mudando a geografia do terreno é o aterro, não somos nós”, complementa Sandri.

Segundo os moradores, depois que foi reiniciada a construção da margem esquerda da Beira Rio eles começaram o aterro no terreno. “Eles estão colocando terra toda vida, cada vez mais. Já está mais alto que os nossos muros e estão falando que vão colocar mais ainda”, afirma Sandri.

Horr, que é empresário, diz que a Fundema afirmou que a vala permaneceria aberta, mas os moradores acompanham constantemente a situação do local e percebem que o caminho já está sendo fechado pela terra, dificultando a passagem da água. Eles também questionam a falta da placa que mostra que o aterro tem licenciamento da Fundema.

Os moradores também recordam que em 2018, apesar de não ter aterro no local, a rua encheu de água e entrou nas casas. Sandri recorda que a casa ficou com meio metro de água em fevereiro do ano passado, quando o município teve fortes chuvas de verão.

Além disso, por ser mais baixa, a via acumula as águas das ruas Blumenau e Guilherme Wegner, que são mais altas. Eles temem que com o aterro a situação da rua fique semelhante ao que ocorre no bairro Nova Brasília durante as fortes chuvas, quando a maioria das casas e empresas ficam alagadas.

Vala pega água da rua e destinava para o rio Itajaí-Mirim | Foto: Eliz Haacke

A aposentada Isaura Nisch, 68, teme que um dia o vizinho que cedeu espaço para criar a vala queira reformar o terreno e, consequentemente, acabe com o único local onde a água é escoada. “É um direito deles, a morada é deles, mas vai piorar a situação. Ainda conseguimos dormir um pouco porque temos a colaboração deles”, declara.

A moradora afirma que eles só querem um parecer da situação sobre o que ocorrerá com o futuro da rua.

“Falta comunicação, não temos resposta do que vai acontecer. Qual é o projeto? A água precisa sair e com o aterro a água não sai mais. Vivemos uma grande insegurança”, afirma o professor Sérgio Luiz Westrupp, de 54 anos.

Nova tubulação

Outro fato que preocupa a população é que a tubulação da rua já estourou. A moradora Cleia de Souza, 48, afirma que a tubulação que fica embaixo do local onde está sendo feito o aterro.

Eles já entraram em contato com a Secretaria de Obras e conversaram com o secretário Ricardo de Souza sobre uma nova tubulação para a rua. Sandri afirma que o Souza não prometeu nada à população, mas disse que veria qual seria a solução para a rua.

“Uma das razões que inunda isso daqui é porque a tubulação da rua não dá conta, mas como tem a vala atrás, nunca tivemos uma grande preocupação porque a água da rua corria para a vala”, esclarece.

O secretário afirma que a tubulação será trocada e o cronograma é que a obra seja entregue em 2020. “Temos que resolver o problema da rótula do morro do Steffen, uma rua paralela ao posto e essa rua. Até metade do ano que vem deve estar pronta. Será trocada toda tubulação por uma de 1,30 metro de diâmetro”, esclarece.

Respostas do governo

Andrea Volkman, diretora do DGI, explica que quando foi iniciado o processo de construção da margem esquerda da Beira Rio, alguns proprietários de lote, para regularizarem a questão da topografia do terreno, solicitaram um acordo para colocar o “bota fora” na frente dos lotes. “Na verdade é só o volume de terra que foi tirado ali da frente”, diz.

Ela também afirma que será realizada toda a drenagem da via, que deve ser feita na direção da Beira Rio para a rua.

Quanto à falta de placa mostrando que a obra tem licenciamento da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Fundema), Andrea diz que “não é preciso ter placa para colocar o bota fora”. “O proprietário tendo a licença e apresentando para o morador é suficiente, não precisa ter placa”, afirma.

No entanto, o superintendente da Fundema, Cristiano Olinger, diz que uma das exigências da obra é ter uma placa mostrando que o local tem licenciamento do órgão. “Não fui no local para verificar se eles instalaram ou não a placa. Se não foi colocado, nós vamos notificar os proprietários para que coloquem a placa no local. É uma necessidade e tem licença”, esclarece.

Terreno é utilizado para “bota fora” das obras da Beira Rio | Foto: Bárbara Sales

A diretora que pede que a comunidade tenha calma com a obra. “Em nenhum momento a prefeitura vai fazer uma obra para prejudicar os moradores, muito pelo contrário. A prefeitura não vai criar uma situação que cause risco, nem poderíamos, isso é crime. Às vezes a população se antecipa em função de não ter conhecimento do que vai ser feito”, explica.

“O engenheiro da Secretaria de Obras, inclusive, foi o que fez o cálculo do dimensionamento da avenida Beira Rio e passou para gente. Estamos adotando os cálculos passados, está sendo tudo visto tecnicamente para que o local não cause prejuízos para ninguém”, acrescenta Andrea.

Olinger diz que a Fundema tem reclamações dos moradores sobre a situação do aterro, que é um “bota fora” das terras que estão sendo retiradas da obra da Beira Rio.

Sobre a vala que está sendo fechada aos poucos com a terra do aterro, o superintendente diz não ter conhecimento sobre essa informação e que vai verificar a situação. “Não estive no local nesses últimos tempo, mas o que foi me passado pelo próprio executor da obra, que é o Cristian Fuchs, que é dá Pacopedra, é que não seria fechado até que essa melhoria de drenagem feita pela Secretaria de Obras fosse executada”, afirma.