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VÍDEO – Brusquense atravessa o Brasil de moto para ir até o Monte Roraima, na fronteira entre três países

Aventura começou em dezembro e deve ser encerrada nesta sexta-feira

O brusquense Leandro Cesar Pereira, de 57 anos, chegou ao topo do Monte Roraima, na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana. Para a viagem, feita de motocicleta, o brusquense passou por Paraguai, Mato Grosso, chegou a Rondônia e cruzou a BR-319, rumo ao Amazonas, parando em Roraima. Hoje, Leandro se encontra na região de Santarém, no Pará, seguindo o trajeto de volta para casa.

Leandro, que é engenheiro civil e mora no Centro de Brusque, conta que a aventura começou dias antes do Natal, já no dia 22 de dezembro. Toda a viagem já havia sido planejada, com pontos de parada, trajetos e equipamentos necessários para dormir e se manter firme. Isso também porque o brusquense realiza suas aventuras durante suas férias de trabalho há pelo menos 20 anos.

Início da aventura

O trajeto começou no sentido Paraguai, passando por Mato Grosso e então Rondônia, onde trafegou, pela primeira vez, na temida rodovia BR-319, que faz ligação com o estado do Amazonas.

“Saindo de Pacaraima (em Roraima), de moto, são 90 quilômetros de asfalto, mais 23 km de estrada de chão, muito ruim, por sinal, até Paraitepuy. Só passavam veículos com tração, era o único turista de moto no início da escalada até o topo”.

Ao chegar em Paraitepuy, uma região onde habitam alguns povos indígenas, segundo Leandro, há a sede e fiscalização do parque que leva ao monte. “Nesse lugar fazemos o check-in, assinamos e pagamos uma taxa. Neste local é onde todos os veículos ficam, dali pra frente só caminhando”.

Como teve de seguir a pé, o brusquense pediu ajuda para um guia e prosseguiu pelo primeiro dia cerca de 10 km de caminhada. Antes do percurso, o viajante disse ao guia, senhor Otílio, que levaria comida, roupas, barraca e equipamentos. “Ele resmungou: tu é doido é?”, conta. Leandro começou o trajeto com o peso de mais ou menos 20 quilos nas costas.

Subida ao Monte Roraima

No primeiro dia, saiu cedo da sede e andou por 10 km subindo e descendo montanhas e atravessando riachos. “Chegamos ao primeiro ponto base extremamente exaustos. Comi uma maçã, uma laranja e uma latinha de atum”, diz.

“‘No dia seguinte, já notei duas bolhas no pé, mesmo utilizando um bom tênis. Saímos pelas 7h, rumo ao segundo acampamento, um trecho de 18 km com subidas fortes e um sol escaldante, eu tomava 1 litro de água por hora, mesmo assim sofri com início de desidratação. Cheguei no acampamento com fome, cansaço, sede e todo dolorido, pensei baixinho que não iria conseguir”, menciona.

Já no terceiro dia de trajeto, Leandro conta que cruzou um caminho complicado, onde muitos viajantes costumam ficar aflitos devido à subida íngreme de 5 km. Ele conta, que por causa da inclinação, teve de subir com as mãos apoiadas ao solo.

Conforme consumia os alimentos em sua mochila, o peso diminuía, porém, as dores nos pés e o cansaço ainda afetavam o brusquense. “Coloquei as mãos para o céu e agradeci a Deus por ter chegado até ali, encostando as mãos no paredão do Monte Roraima”, conta.

Chegada ao topo

Ao chegar no topo, havia “uma vista que impressiona qualquer um”. Leandro conta que o local dá a impressão de que permaneceu o mesmo desde a formação dos continentes. “Ficaram ali intactas por milhões de anos, somente com o polimento de chuvas, sol, frio e o vento”, ressalta.

Arquivo pessoal
Arquivo pessoal

As barracas dos turistas foram armadas dentro de cavernas presentes no local. Ao todo, o grupo, que contavam com outros turistas, ficou por duas noites no topo da montanha.

Descida

A descida ocorreu no quinto dia de excursão, mais de 20 km de caminhada. No sexto, já sem forças, o brusquense diz que percorreu o restante do trajeto praticamente se arrastando. “Cheguei com a língua no pé, morto de fome mas com a alegria misturada com gratidão por ter cumprido meu objetivo”, reforçou.

Ao final, Leandro foi convidado pelo guia para almoçar com ele e posteriormente se preparou para voltar para Brusque. “Também agradeci a ele por ter me incentivado, sem nunca reclamar dos diversos pedidos de paradas e descansos”.

Nesta segunda-feira, 15, o viajante adormeceu em Santarém, no Pará. O caminho mais rápido para chegar até Brusque leva pelo menos 50 horas.

Arquivo pessoal

O que mais gostou

De tudo o que viveu no trajeto de ida, o brusquense conta que as coisas de que mais gostou em toda a viagem, foi o fato de ter superado seus objetivos, como passar pela rodovia BR-319, que possuí diversas irregularidades, ter conhecido um pouco de Manaus e claro, ter completo a subida ao Monte Roraima com sua própria bagagem.

Perrengues

Dentre os perrengues que passou, um pneu furado foi o menor deles. “Bolhas nos pés todo mundo já teve, cansaço extremo todo mundo já passou, mas ficar sem gasolina dentro da reserva Waimiri Atroari, que fica entre Boa Vista e Manaus, às 17h30h, sabendo que a rodovia é fechada às 19h, sabendo do que podia acontecer, montaria minha barraquinha e esperaria algum contato”, conta Leandro.

Depois de relatar a história para caminhoneiros que encontrava pela estrada, os colegas de rodovia ressaltaram que o brusquense poderia ter corrido um alto risco de vida. “Achei exagerado mas…”, brincou.

Alguns já até conheciam Leandro por sua viagem também ter virado notícia em um jornal local. “Todos querem saber as informações da BR-319 com máxima definição possível. Às vezes, reuniam-se dez caminhoneiros e cada um contava um momento épico que viveu. Foi muito bacana”, relembra.

Ele conta que ainda tem o sonho de conhecer as Guianas e também percorrer o Suriname. “Vou planejar, talvez o projeto saia do papel”, diz. Na volta, ele ainda deve passar pelo Paraguai. A chegada de Leandro em Brusque está prevista para sexta-feira, 19.

Confira imagens da viagem:

Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
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