Vídeo registra briga de moradores de rua no Centro de Brusque
Comerciantes reclamam da sensação de insegurança gerada pela presença dos andarilhos
Uma briga entre moradores de rua foi registrada na avenida Monte Castelo na terça-feira, 27. O vídeo começou a circular pelas redes sociais e chegou a virar tema de debate na Câmara de Vereadores. Nele é possível perceber que o desentendimento entre dois integrantes do grupo começa nas proximidades do antigo prédio dos Correios. Momentos depois, um novo atrito termina do outro lado da via.
O caso foi o segundo de brigas no ponto em menos de duas semanas, segundo a comerciante Fabiana Servi. De acordo com ela, antes de se agruparem no local, eles ficavam na praça Barão Schneeburg e mudaram de local com a instalação da Casa do Coelho.
Segundo ela, os casos recorrentes afetam o comércio local e geram sensação de insegurança em quem precisa transitar pelo local. Outro problema relatado é o acúmulo de lixo no entorno e sujeira gerada. “Muitas pessoas dizem que não passam mais nessa região por terem medo. E fica bem no meio de duas das principais escolas da cidade”.
Na semana passada, lembra, um acidente de trânsito foi causado na tentativa de evitar o atropelamento de um dos frequentadores do local. A briga desta terça-feira, relata, ocorreu em dois momentos. Antes dos desentendimentos, o casal consumia bebida com o restante do grupo. A música alta também é outro problema recorrente de acordo com comerciantes e trabalhadores do entorno.
Brigas são recorrentes
De acordo com a coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), Flávia Domingues, o órgão não tomou conhecimento da briga, mas afirma que elas são comuns em outras áreas da cidade. Ela indica o consumo de álcool como um dos motivadores para os desentendimentos.
Além do antigo prédio dos Correios, o Creas tem mapeadas concentrações de pessoas em situação de rua na Arena Brusque, na ponte estaiada Irineu Bornhausen e na praça Gilberto Colzani, além de partes do bairro Santa Terezinha.
Apesar de reconhecer o problema, a saída das pessoas do local depende da adesão dos andarilhos. Em muitos casos, segundo ela, há uma recusa em aderir aos serviços oferecidos, como o abrigo, devido às regras dos locais. Desde a primeira quinzena deste mês, o albergue público foi disponibilizado das 17h às 7h, na Arena. “Como órgão, não podemos pegar pelo braço e tirar”.
O abrigo para moradores de rua de Brusque será transferido, em breve, para a rua Dr. Penido, no antigo almoxarifado da Secretaria de Saúde, próximo ao parque Leopoldo Moritz e à sede do Grupo Escoteiro Brusque.
O novo local funcionará com os mesmos serviços da Arena Brusque, em sistema de albergue: os moradores de rua saem durante o dia e terão acesso à janta, banho e cama, com acompanhamento de equipe técnica com assistentes sociais e psicólogos.
Proibição é aposta
A proibição de consumo de bebida alcoólica em praças de Brusque, aprovada na última sessão da Câmara de Brusque, é uma das apostas do diretor de Assistência Social, Odair Bozio, para reduzir situações semelhantes. “Esperamos coibir ou, ao menos, conseguir conscientizar estas pessoas”.
De acordo com ele, apesar da oferta de serviços para os moradores de rua, há baixa adesão. Com capacidade para abrigar até 24 pessoas na Arena, menos de 20 costumam utilizar o local. Além das regras existentes, rixas entre os usuários também os afastam. Hoje, cerca de 34 pessoas em situação de rua estão mapeadas no município.
Segundo ele, desde o ano passado, a secretaria busca alternativas para resolver o problema. Eles chegaram a contatar o Ministério de Desenvolvimento Social para gerar ocupação durante o dia aos andarilhos.
Para aprovação do projeto do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (POP), seria preciso que o município tivesse mais de 300 mil habitantes e 150 moradores de rua catalogados.
O investimento por conta própria também foi descartado devido aos custos. Para manter equipe e realizar a manutenção seria necessário cerca de R$ 1,5 milhão ao ano. Só com o aluguel, estima ser preciso R$ 9 mil mensais.
Abordagem social
No mesmo dia da briga, equipes da Secretaria de Assistência Social e Habitação de Brusque realizaram abordagens a moradores de rua no Centro da cidade. O serviço é feito de forma rotineira às terças e também às quintas-feiras.
O público-alvo são crianças, adolescentes, jovens, adultos, bem como idosos e famílias que utilizam espaços públicos como forma de moraria ou sobrevivência.
Segundo dados da Assistência Social, das 34 pessoas em situação de rua abordadas, somente um aceitou ir ao albergue. O serviço de abordagem social é realizado por uma equipe de educadores sociais mais um técnico de nível superior.
Veja parte da briga: