Videolocadoras de Brusque mudam estratégia para não perder clientes
Estabelecimentos investem em divulgação na internet e no atendimento diferenciado
O avanço da internet impactou várias atividades econômicas, passando pelas indústrias e chegando até mesmo as videolocadoras de bairro. Com Netflix, HBO On Demand e outras plataformas de streaming ganhando espaço, as conhecidas locadoras estão tendo que se reinventar para sobreviver.
A maior aposta das videolocadoras, no momento, é no nicho de público de apaixonados por filmes. Essas pessoas preferem a qualidade de som e de imagem de um blu-ray a um filme locado online.
É o caso de Luciano Dias, cliente da Mega Vídeo Locadora. Ele conta que tem serviço de streaming em casa, TV por assinatura e internet, porém, não abre mão de ir à locadora. O motivo: ele é cinéfilo e prefere a qualidade do blu-ray 3D.
Dias tem toda a aparelhagem para assistir filmes montada em casa. Na visão dele, ter o home theater e outros equipamentos e usá-los para assistir películas online é não aproveitar o potencial deles.
“Tenho a oportunidade de locar on demand (online, pela TV), mas, para quem gosta de filme, o blu-ray é diferente”, afirma Dias. A qualidade, aliada aos equipamentos instalados, é o diferencial que faz ele ir à locadora regularmente.
Além disso, Dias destaca o atendimento como um diferencial em relação aos serviços online. A conversa com o atendente, que, muitas vezes, já sabe do seu gosto, é um diferencial, na visão do apaixonado por filmes.
Divulgação ampliada
O atendimento continua a ser importante para os clientes, contudo, ele também foi modificado pela tecnologia. Hoje, já não é mais preciso ir ao estabelecimento para saber quais são as novidades.
Rafael dos Santos, funcionário da Mega Vídeo Locadora, conta que tem investido bastante na divulgação dos novos títulos por meio do WhatsApp e do Facebook. É assim que Dias fica sabendo dos lançamentos. “Quando chega alguma coisa, o Rafael já sabe do meu gosto e me avisa”, conta o cliente.
Na visão do funcionário da locadora, não existe possibilidade de um negócio local tentar brigar com gigantes de telecomunicações, por isso a saída é tentar trazer a internet para o seu lado. A divulgação dos novos títulos é um exemplo citado por Santos.
A DVD Haus também investe pesado na divulgação em redes sociais e no aplicativo de mensagens. A proprietária Ruth Martins diz que todos os lançamentos vão para o Facebook.
Diferencial e lançamentos
“Nos mantemos bem, trabalhamos mais com lançamentos, enquanto que a Netflix trabalha mais com catálogos e séries”, afirma Santos, da Mega Vídeo. Segundo ele, a locadora adquire mensalmente entre 40 e 50 novos filmes.
O volume é considerado alto, e ele aponta essa diversidade como o principal trunfo que a locadora tem para ainda manter o público fiel. “O nosso público é quem está interessado em sentar para assistir com qualidade”, diz.
Além de investir em novos títulos, a Mega também trabalha com jogos de Playstation 4, Playstation 3 e Xbox 360. Como comprar esse jogos é muito caro, muitos optam por alugá-los.
Integração com tecnologia
A Netflix, serviço de streaming de filmes e séries mais popular no momento, cresce exponencialmente. Em 2015, faturou
R$ 1,1 bilhão apenas no Brasil, mais do que o SBT. Com isso, os outros meios têm perdido espaço. A TV por assinatura, por exemplo, perdeu 500 mil assinantes no ano passado.
O mesmo aconteceu com as locadoras, que já foram bastante movimentadas nos fins de semana na década passada. Santos conta que o boom foi 2005, com os DVDs, vários estabelecimentos abriram. Hoje, são poucos. Muitos até constam na lista telefônica, contudo, o número está inativo.
Emissoras de TV e locadoras perceberam que o caminho é aliar a tecnologia ao seu serviço para não morrer na praia. A DVD Haus adotou uma solução caseira, mas semelhante. Ruth conta que é possível reservar os títulos pelo WhatsApp.
No caso da Mega Vídeo, é possível consultar o seu histórico de locação e reservar títulos por meio do site.
Públicos diferentes
Ruth, da DVD Haus, e Santos, da Mega Vídeo Locadora, concordam que os públicos atingidos pelos serviços online de filmes é diferente dos seus. Segundo Ruth, os clientes mais velhos preferem locar porque é mais prático e descomplicado.
“O público de filmes se manteve”, comenta a proprietária da DVD Haus. Ela assumiu a locadora há cerca de um ano. Ruth trabalha no local desde 2013, até que o antigo dono fez a proposta de ela comprar o negócio.
Apesar de existir toda a concorrência, ela diz que não se arrepende, pois o fluxo de movimento tem se mantido estável, ao contrário das projeções.
Santos diz que o volume de clientes da Mega também tem se mantido, pelo menos, o suficiente para manter o negócio andando. Na visão dele, há público tanto para a internet quanto para as locadoras.