Vila Nova chegou a ter dezenas de sócios, mas sofre com desmobilização da comunidade
Time do bairro Vargem Grande foi fundado há cerca de meio século
Fundado no fim da década de 1970, quando o bairro Vargem Grande ainda pertencia a Vidal Ramos, o Vila Nova já chegou a ter quase 40 sócios ativos, que contribuíam com uma anuidade para manter o clube. Ao longo do tempo, porém, a mobilização da comunidade foi diminuindo, e o time não disputa os campeonatos municipais há uma década.
Em meados da década de 1970, o atual campo do Vila Nova começou a tomar forma. Naquela época, o prefeito de Vidal Ramos ajudou na construção, em um terreno cedido por Ernesto Avi.
“Meu pai nunca jogou bola, mas ele sempre teve um boteco ali e, quando a comunidade ficou sem campo, ele teve interesse de ceder a terra. Somos três irmãos homens, e mantemos essa ligação com o time até hoje. Tínhamos vizinhos, primos, que também estavam sempre lá. O que meu pai pode, ele fez para ajudar”, conta Ilton Avi, ex-vice presidente e capitão do Vila Nova.
O campo inicialmente era de barro, e o Vila Nova só começou a participar dos campeonatos municipais de futebol já na década de 1990, quando foi instalado um gramado.
“Quando foi ‘engramado’ o campo, não foi feito de uma vez. Foi feito primeiro uma parte e depois, por volta de 1991, foi aumentado. Todos os que participavam do time e também alguns que não jogavam, ajudaram a colocar a grama, construir o botequim e fazer a manutenção. Na época, o estado deu as máquinas e a prefeitura o óleo para aumentarmos o campo”, lembra.
O auge
O futebol amador de Botuverá foi tão forte durante a década de 1990 que o campeonato municipal chegou a ter duas divisões. Foi nessa época que o Vila Nova começou a participar, na segunda divisão. Em sua segunda participação, o time foi campeão e conseguiu o acesso à elite.
“Nosso maior destaque foi entre 1993 e 1994, quando conseguimos ser campeões da segunda divisão. Participamos desse campeonato com 14 jogadores, era turno e returno, e sempre tivemos gente suficiente, contando cartão amarelo, contusão, nunca faltou. Faziam o possível e o impossível para participar. Hoje, às vezes alguns times inscrevem 20, mas chega no final, falta”.
Neste período, o Vila Nova chegou a ter dois times ao mesmo tempo. Ilton lembra de momentos em que, mesmo assim, a quantidade de jogadores interessados era tão grande que alguns não conseguiam ir por falta de espaço no caminhão ou na picape.
“Chegamos a ter quase 40 sócios, fazíamos dois times e ainda sobrava gente. Quando a gente jogava em casa, as pessoas vinham para ver ou confraternizar, se divertir. No fim na década de 1990, não tinha data para fazer um torneio de tantas comunidades que queriam fazer. Começava na Cristalina, ali no Cedrense e ia subindo até Vidal Ramos”.
Queda no interesse
O Vila Nova realizou torneios até 1999 e participou até o ano de 2011. Em 2004, o clube organizou um estatuto com auxílio de Ivo Barni, que foi renovado algumas vezes, até que pararam há cerca de dez anos. Até 2000, a maioria dos jogadores eram da comunidade, mas, aos poucos, o clube foi deixando de realizar e participar das disputas por falta de material humano.
O campo continua no mesmo local, mas o botequim que funcionava anexo agora serve como depósito para ferramentas. Esporadicamente, Ilton e familiares continuam indo até lá para se divertir, mas, para competições e torneios, os jogadores do bairro Vargem Grande passaram a se juntar com os do Areia Baixa.
Mesmo aos 50 anos e com a desmobilização recente da comunidade, Ilton diz que mantém o gosto pelo futebol e espera passar para frente o espírito do esporte.
“Sempre gostei de jogar para ganhar, mas, primeiramente, me divertir. Só um time vence. No amador, não se ganha dinheiro. Espero colocar isso na cabeça dos mais jovens, jogar para se divertir, acho muito bom. O futebol sempre foi um divertimento bom, saudável e barato. Gosto desde criança, até que puder, vou me arrastar junto, seja para jogar ou pra acompanhar”.
Se depender de Ilton, o campo vai continuar sendo mantido, com a esperança do Vila voltar a ser ainda mais participativo nos próximos anos. “Vou fazer o possível para continuar. Nada é mais gratificante para mim de ver as crianças se divertindo aqui. Acho que isso é necessário para a comunidade. Quem sabe, no futuro, volte a ser forte”.
Você está lendo: – Vila Nova chegou ter dezenas de sócios, mas sofre com desmobilização da comunidade
Leia também:
– Futebol Bergamasco: o almanaque do amador de Botuverá
– Após fusão, Águas Negras emerge com força da comunidade
– Areia Baixa se consolida por meio da iniciativa de “filho” do bairro
– Fundado na década de 1960, Figueira venceu seis dos últimos dez campeonatos em Botuverá
– Bicampeão municipal, Flamenguinho deixa as lembranças de um tempo bom
– Com remanescentes desde fundação, Gabiroba se estabelece como força do amador
– Famoso por torneio realizado há mais de três décadas, Grêmio mostra força da tradição
– Los Bandoleiros tem sucesso meteórico e acumula conquistas
– Pioneiro em Botuverá, Ourífico ostenta história de mais de 80 anos
– Fundado em 1940, Ourinho se orgulha de trabalho social e espírito de comunidade
– Fundador, presidente e dono do estádio: Paulo Sorer é cara do Sessenta
– Campeão municipal quatro vezes, União deixa futebol no passado
– Mais condições, menos compromisso: times de Botuverá sofrem com perda de interesse dos jovens
– GALERIA – Conheça os campos dos times amadores em Botuverá
– Atrás do sonho de serem atletas profissionais, jovens de Botuverá se aventuram pelo Brasil
– Apaixonados pelo esporte, irmãos Leoni levam o futebol nas veias
– Destaque do futebol amador, Nando foi para Botuverá quando criança e não saiu mais
– Mário Botuverá levou o nome da cidade pelo Brasil e voltou para treinar jovens
– Time de futebol feminino de Botuverá disputou campeonatos fora da cidade
– “Gosto de viver perigosamente”: árbitro conta histórias sobre organização de torneios em Botuverá