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Villa Quisisana, um exemplo de elevada filantropia

No começo dos anos 1970, Brusque ainda tinha alguns palacetes, casarões ou casas que guardavam um pouco da história brusquense do século passado. Na sua principal avenida, lembro-me que ali ainda estavam os prédios das lojas Krieger e Renaux, das duas residências da família Schaefer e do antigo casarão da família Buettner, onde funcionava uma […]

No começo dos anos 1970, Brusque ainda tinha alguns palacetes, casarões ou casas que guardavam um pouco da história brusquense do século passado. Na sua principal avenida, lembro-me que ali ainda estavam os prédios das lojas Krieger e Renaux, das duas residências da família Schaefer e do antigo casarão da família Buettner, onde funcionava uma escola de inglês. Sobrou apenas o prédio hoje ocupado pelas Casas Bahia.

Essa cultura demolitória dos casarões e monumentos que marcaram a nossa paisagem arquitetônica urbana de uma época, indica que somos uma comunidade sem compromisso com o passado. Tudo em nome de um progresso que nos faz viver o presente mirando o futuro e esquecendo a cidade construída pelos nossos pais e avós. A continuar essa cultura de descarte do passado, nossos filhos e netos continuarão demolindo para reconstruir uma nova cidade a cada geração.

Felizmente, a Villa Quisisana resistiu a essa cultura. E lá continua, na rua Rodrigues Alves, representando um valioso fragmento da história da arquitetura desta cidade. A começar pelo fato de ter sido construída por Edgard Von Buettner, fundador da Tecelagem Buettner, empresa que, por mais de cem anos, contribuiu de forma expressiva para o desenvolvimento da atividade econômica brusquense. A Villa teve a sua construção finalizada em 1934, para se tornar residência do casal Edgar e Idalina Von Buettner.

Quisisana, palavra italiana de origem latina e que significa “local de cura ou de descanso”, dá nome a um dos mais famosos e antigos hotéis e a uma conceituada clínica da Ilha de Capri. Provavelmente, foi esta a razão de Edgar ter escolhido essa expressão da língua italiana para nomear a sua imponente moradia. Certamente, queria que sua esposa ali pudesse enfrentar com tranquilidade a doença que lhe viria causar a morte meses depois.

Por tudo isso, é digna de louvor a decisão de Herbert Pastor, seu atual proprietário, de doar a Villa Quisisana para o Município de Brusque, através da sua Fundação Cultural. Como se trata de compromisso de doação, a transferência definitiva do valioso imóvel somente será assinada quando a entidade donatária cumprir algumas condições, entre elas a de apresentar o projeto executivo para implantação do Museu de Artes de Brusque, criado em 1993 e ainda não implementado.

Estive presente ao ato de assinatura do contrato, ocorrido na sede da Prefeitura e prestigiado por diversas pessoas, testemunhas da bela ação de amor e desprendimento em prol da cultura, da arte e da memória de nossa cidade de Herbert Pastor.

Graças ao seu magnífico gesto de filantropia e generosidade comunitária, a Villa Quisisana será preservada para contar às futuras gerações um pouco da história brusquense. Além disso, permitirá que a nossa cidade, finalmente, possa ter o seu Museu das Artes.