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Villa Renaux: advogados de fundo de investimento se manifestam sobre processo de usucapião

Challenger Investimentos Imobiliários, ligado à Havan, tem interesse na aquisição da propriedade

Em nota enviada a O Município, os advogados do Challenger Fundo de Investimento Imobiliário, de propriedade da Havan, se manifestam sobre o processo de usucapião da Villa Renaux. O casarão está localizado na avenida Primeiro de Maio e foi construído para o Cônsul Carlos Renaux.

Na semana passada, O Município noticiou que o trineto do Cônsul, Vitor Renaux Hering, dá continuidade ao processo de usucapião da propriedade, aberto por sua mãe, Maria Luiza Renaux, a Bia, que faleceu em 2017. Ele também segue com outros projetos envolvendo o casarão.

Na nota, os advogados informam que o processo de usucapião foi aberto por Maria Luiza no dia 14 de dezembro de 2011, dois dias depois que a Fábrica de Tecidos Carlos Renaux apresentou pedido de recuperação judicial.

O objetivo da ação, diz a nota, era evitar que uma área de mais de 50 mil metros quadrados fosse utilizada para honrar as dívidas que a empresa da família possui.

“Esse pedido somente foi possível porque antes da recuperação judicial, o imóvel onde estava instalada a fábrica foi dividido”, diz a nota. 

Os advogados da Challenger Fundo de Investimento afirmam que Maria Luiza viveu na propriedade sem nenhum tipo de pagamento à empresa, mesmo quando a fábrica já estava passando por dificuldades financeiras. Ainda segundo os advogados, consta no processo que ela recebeu uma herança milionária.

“Esse imbróglio criado pela herdeira impediu que o imóvel com 50 mil metros quadrados fosse utilizado na recuperação e, agora, após sua falência, está evitando que os credores da massa falida recebam seus créditos”.

Na nota, os advogados do Challenger Fundo de Investimento criticam o posicionamento de Vitor em continuar com o processo aberto pela mãe.

“Vitor Renaux continua buscando a titularidade sobre o imóvel, insistindo que ele não seja vendido para quitar as dívidas da empresa. Além de uma ilegalidade, é absolutamente imoral que pessoas com vasto patrimônio tentem prejudicar diversos credores da massa falida”, opinam.

Os advogados informam ainda que a Challenger Fundo de Investimento Imobiliário já manifestou interesse na aquisição da propriedade, “para trazer recursos à massa falida”.

Ex-presidente é contra processo de usucapião

Em publicação em seu perfil no Facebook e em carta enviada a O Município, o ex-presidente da Fábrica de Tecidos Carlos Renaux, Rolf Dieter Bückmann, também se manifestou sobre o assunto.

Bückmann recorda sobre a solicitação de Maria Luiza ao então presidente da fábrica, Carlos Cid Renaux, para ocupar a casa do cônsul. A casa era parte do patrimônio da empresa. O pedido foi aceito por unanimidade, sem cobranças de custos como aluguel.

“A manutenção do imóvel, incluindo taxas, jardinagem, reparos, IPTU, continuavam por conta da Fatre [fábrica Renaux], e o setor de manutenção cuidava de atender as necessidades expressas por Bia”, diz o texto.

Bückmann assumiu a presidência da empresa após o falecimento de Carlos Cid Renaux e manteve o acordo.

“Ao sentirmos a eminente dificuldade de manter a Fábrica de Tecidos perante a crise que vinha se abatendo sobre a indústria têxtil brasileira, a Sociedade propôs à Bia o usufruto vitalício da Vila Goucky (como a propriedade também é conhecida), removendo o imóvel do rol de bens a serem tomados numa eventual falência e preservando sua estadia ali”, diz.

O ex-presidente afirma que Maria Luiza recusou a proposta, aconselhada pelo filho e tentou recorrer a um usucapião, que, à época, foi negado pela Justiça em Brusque.

“As grandes casas na sede da empresa de propriedade da Fatre já foram ocupadas por diversos “herdeiros” (e dirigentes). A Villa Ida foi ocupada na sequência por: Otto Renaux, Ivo Renaux, Ingo Renaux e Erich Bückmann. Antes de virar ambulatório eu morei nela durante toda adolescência. Nenhum dos moradores recorreu a usucapião”, destaca.

Preservação do imóvel

Bückmann reconhece que a propriedade foi muito bem cuidada por Maria Luiza e que merece a preservação, pois se trata de um local significativo para Brusque e Santa Catarina. Porém, não concorda com a continuidade do processo por parte de Vitor. 

“É inconcebível que alguém que não tenha participação na vida da empresa se apodere ilegalmente do patrimônio e o deixe deteriorar por falta de conservação, como pode claramente ser visto”, diz.

O ex-presidente da fábrica finaliza o texto enaltecendo o trabalho realizado pelo empresário Luciano Hang na restauração da Villa Ida, casarão localizado dentro do terreno da antiga indústria. “Promoveu uma magnífica reforma, sem descaracterizar o original. É preciso ir lá ver! Imaginem uma restauração deste gênero na casa do Cônsul!”.