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Violência sexual: Savs realiza mais de 350 atendimentos em três anos em Brusque

Número engloba casos de suspeita e confirmação da violência; atualmente, são atendidas 29 crianças

Violência sexual: Savs realiza mais de 350 atendimentos em três anos em Brusque

Número engloba casos de suspeita e confirmação da violência; atualmente, são atendidas 29 crianças

O Serviço de Atenção Integral as Pessoas em Situação de Violência Sexual (Savs) atendeu 359 casos de suspeita ou confirmação de violência sexual em Brusque desde que foi implantado, há quase três anos. São diversos pacientes, desde menores de idade atendidos, de 1 ano e nove meses, até maiores de idade, com 75 anos.

Deste total, foram atendidas 298 pessoas do sexo feminino e 61 do sexo masculino. De acordo com a enfermeira responsável pelo serviço, Elaine Weirich, a maior quantidade de atendimento à pacientes do gênero feminino está de acordo com o encontrado na ótica nacional, em que 82% das vítimas de violência sexual são mulheres.

Até setembro, estavam em acompanhamento no serviço 70 pessoas em situação de violência sexual, sendo 29 crianças com idades entre 4 e 11 anos; 31 adolescentes, com idades entre 12 e 17; e dez adultos, com idades entre 19 e 39 anos.

“O acompanhamento no serviço não possui um número pré-definido de atendimentos, sendo este construído com cada paciente, a partir de suas particularidades, de modo que o período de atendimento é delineado caso a caso”, conta Elaine.

Além disso, de acordo com a média nacional, mais da metade dos pacientes atendidos no serviço têm até 13 anos, sendo 58%. “No caso de crianças e adolescentes vítimas ou suspeitos de violência sexual a maior fonte de encaminhamento provém do Conselho Tutelar, enquanto que nos casos de pacientes adultos, a maior parte procura o serviço por demanda espontânea”, explica.

O Savs funciona no 2º andar da Policlínica, que é o prédio da Secretaria Municipal de Saúde. O serviço fica anexo à Clínica da Mulher e atende de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, sem fechar ao meio dia.

Violência sexual

A enfermeira aponta que, apenas em 2021 no Brasil, foram registrados 56.098 casos de estupros contra mulheres. Ou seja, um estupro a cada 10 minutos. “A violência sexual é considerada uma das piores formas de violência, estando atrás apenas do homicídio, por ser ‘uma forma de alienação na única existência possível: a do nosso próprio corpo’”, ressalta.

De acordo com o Ministério da Saúde, a partir da coleta dos dados registrados no Sistema de Informações de Agravo de Notificações (Sinan), 527 mil pessoas são estupradas no Brasil, sendo que, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 70% das vítimas são crianças e adolescentes.

Em 2020, Santa Catarina ficou entre os quatro estados com as piores taxas de vítimas de estupro entre zero a 19 anos.

Em Brusque, de acordo com os dados do Sistema Integrado de Segurança Pública (SISP) de Santa Catarina, a Polícia Civil teve conhecimento de 260 casos de violência sexual nos últimos cinco anos. Destes, foram 160 denúncias de casos de estupro de vulneráveis.

“Sabemos que esses índices, embora assustadores, possam ser ainda maiores tendo em vista a subnotificação dos casos de violência sexual. Assim, de acordo com o Ipea, apenas 10% dos casos de violência sexual são denunciados”, salienta Elaine.

“As razões para o silenciamento das mulheres em situação de violência sexual são atribuídas ao medo de sofrer constrangimento e humilhações no registro da ocorrência. Ou pelo temor da reação de conhecidos e autoridades frente a essa revelação. É também comum o medo de sofrer represálias do autor da violência, caso ela denuncie”, completa.

Atendimentos mensais dos últimos dois anos

Mensalmente, o Savs registra número de atendimentos diverso em Brusque, pois os casos são rotativos. Ou seja, muitos atendimentos continuam no serviço, e também são contabilizados nos meses seguintes, e outros são encaminhados para outros setores. Abaixo, é possível ver a quantidade por mês nos últimos dois anos e dados do mês de agosto de 2022.

 

Savs e o acolhimento multiprofissional

Implantado em 29 de outubro de 2019, o Savs é o serviço de referência do município no atendimento às pessoas em situação de violência sexual. São atendidos casos suspeitos ou confirmados de violência sexual contra crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos.

O Savs possui uma equipe multiprofissional composta por: enfermeiro, técnico de enfermagem, psicólogas, assistente social, farmacêutico e médico. O objetivo é unificar os serviços de saúde para qualificar e padronizar os procedimentos de atenção integral as pessoas em situação de violência sexual no município.

Elaine detalha que, para atingir esse objetivo, realiza um atendimento resolutivo, integral, através de uma escuta ética, respeitosa e acolhedora e uma atitude compreensiva e solidária da equipe de atendimento, evitando-se comportamentos inquisitivos e juízos de valor.

No Savs, a equipe atende desde casos agudos, que é quando a violência ocorre em até 72 horas antes da procura pelo atendimento, até situações em que a violência ocorreu há anos.

Elaine destaca que o serviço funciona de portas abertas. Os atendimentos podem vir encaminhados da rede, como de unidades de saúde, Caps, DPCAMI, Conselho Tutelar, escolas e creches, até de demandas espontâneas. Portanto, qualquer pessoa que tenha vivenciado uma situação de violência sexual pode procurar o Savs.

“Os atendimentos no serviço não tem um viés investigativo, mas na oferta de um cuidado integral à pessoa em situação de violência sexual, promovido por uma equipe multiprofissional especializada”, completa.

Saiba quais são os atendimentos realizados no serviço:

– Acolhimento (encaminhamento ou demanda espontânea);
– História clínica, exame físico (avaliação e tratamento de lesões);
– Testes rápidos (gravidez, HIV, sífilis, hepatite B, hepatite C);
– Agendamento de outros exames se necessário;
– Intervenção profilática (72 horas): anticoncepção de emergência – profilaxia pós-exposição ao HIV e para IST’s (Infecções Sexualmente Transmissíveis);
– Verificação de vacinação;
– Avaliação psicológica e social;
– Encaminhamento ao aborto legal;
– Notificação e comunicação do crime (quando necessário);
– Relatórios e encaminhamentos;
– Assegurar acompanhamento na rede (unidades de saúde, CT, Creas, e outros).

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