A visão do Pedro

O apito toca. “comecem a prova!” Ih! Deu ruim! Espera mais um pouco moça, não tô preparado não!

É, definitivamente, fazer o Enem não é fácil. É uma prova de conhecimento, interpretação, estratégia, resistência física e psicológica. Não há aluno que saiba resolver todas as questões, se souber, então ele não terá tempo hábil para resolvê-las. Assim, o candidato tem que ter estratégia: resolver as fáceis primeiro e depois as difíceis; começar pela área que ele tem mais facilidade, pela redação, pela matemática, enfim, o candidato tem que ter uma estratégia definida, senão ele chegará nas últimas 30 questões tendo que chutá-las porque o tempo acabou.

Depois de um zilhão de simulados é fácil perceber que ter resistência física também faz parte do pacote. O aluno que sente sede demais; vai demais ao banheiro; come o tempo inteiro; sente dor de cabeça facilmente; tem muito sono; não consegue ficar até cinco horas e meia lendo sem parar, este candidato, com certeza, vai ter um desempenho bem mais baixo do que os outros, para isso, o preparo físico deve também ser intensificado no período antes da prova. Isso sem falar na resistência psicológica. Para os candidatos que dependem de um bom resultado no Enem para alcançar um determinado objetivo, o psicológico pode por tudo a perder. A pressão demasiada, o nervosismo exacerbado, tudo isto torna o Enem mais e mais difícil.

Nos dias 05 e 06 de novembro, 8.356.215 participantes fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a segunda maior prova de acesso ao ensino superior do mundo, atrás somente do exame gaokao, realizado na China. Uma prova que alcança tantos candidatos tem lá o seu nível de influência, por isso, quando o Enem aborda em suas questões temas como: racismo, preconceito, inclusão social, respeito, etc. vemos que vem aumentando a preocupação do governo em promover nos jovens uma reflexão sobre estes temas, pelo menos por parte do MEC.

Mas aqui cabe uma crítica ao Enem. Depois de realizar a prova do primeiro e do segundo dia, chega a ser notório: nenhum aluno do ensino médio público brasileiro tem condições de se sair bem no Enem. O nível cobrado não é nem perto do nível de nossa educação. Gostaria de saber aonde um aluno do ensino público sabe o que é estereoisomeria; Ciclo de Krebs; conservação da quantidade de movimento; a constituição física de uma proteína; decomposição do carbono-14, e por aí vai. Se o candidato for do ensino público ele deve buscar todo este conhecimento fora da escola, porque na escola o que nos é dado, simplesmente, não é o suficiente.

Some todos este fatores, todos estes empecilhos e será fácil entender porque o estudante do ensino médio tem tanto medo do Enem. O jeito agora é esperar chegar janeiro e o tão esperado resultado.

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Pedro Rabelo de Araújo Neto – 17 anos – terceirão

 

 

 

 

 

A visão da Isabeli – ou –  As loucuras do Enem por uma louca que fez Enem

Dois fins de semana atrás, muitos alunos do terceiro ano do ensino médio prestaram o vestibular do Enem, alguns na Unifebe e outros na Assevim.

No meu caso tive sorte de já conhecer o lugar da prova. Acho que o aviso no papel de inscrição “conheça o lugar de provas antecipadamente” é direcionado a pessoas como eu, que se perdem quando estão nervosas. Outro fato que me ajudou a não me perder foram as pessoas que auxiliavam os perdidos nos corredores.

Depois de achar a sala, verificar dezenas de vezes se meu celular estava realmente desligado antes de colocar naquele pacotinho (que é quase impossível de abrir depois que chegamos em casa), verificar cada bolso da minha calça, bagunçar meu cabelo tirando os grampos para depois descobrir que não tinha necessidade e escolher um bom lugar, eu esperava já ter me acalmado, mas, não: minha mão tinha parado de tremer, mas em comparação não conseguia parar de mexer com a caneta ou de balançar a perna.

Então o caderno de questões foi finalmente entregue, e confesso que por um momento parei para pensar se estava usando minha caligrafia atual ao passar a frase para o cartão-resposta (eu esperava que a frase fosse algo referente à educação, mas na verdade foi algo mais para poético romântico).

Conforme fui respondendo as questões, o nervosismo foi passando. Em várias questões ficava em dúvida entre duas alternativas, e imagine minha indignação ao mais tarde notar que realmente uma das duas estava certa, mas não a que eu assinalei. Outra confissão a ser feita é que sim, chutei a maioria das questões de Física. Foi mal professor, mas eu tentei.

O diferencial entre sábado e o domingo de provas é a (temida por alguns) redação. Para ser franca, gostei do tema, o difícil para alguns foi ser imparcial quanto a ele. As dicas sobre quantos parágrafos, quais perguntas responder em uma redação e como abordar temas diversificados ajudaram.

A loucura para mim veio neste segundo dia de prova, isto porque, além de demorar mais do que deveria na redação, também demorei nas questões de português, procurando duplo sentido em tudo. Quando faltavam 15 minutos, ainda faltavam vinte questões de matemática a serem respondidas, me deixando com duas alternativas: deixar em branco ou chutar. Obviamente chutei, e foi assim que descobri como sou péssima em chutes.

Por fim, o que percebi é que, por mais que você estude, o nervosismo atrapalha (e muito) durante a prova e que a maioria das questões requer interpretação de texto (o que me ajudou).

Mesmo com o gabarito oficial liberado, a maioria dos estudantes (inclusive eu) estão ansiosos para que chegue logo a data do resultado (19 de janeiro de 2017), principalmente pelo fato de que o gabarito não revela qual foi a pontuação na redação. E se isto não bastasse para deixar nossos corações acelerados, temos o vestibular Acafe pela frente, no dia 20 deste mês. Será que haverá mais chutes? Ou as repostas estarão na ponta da língua?

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Isabeli Nascimento Pereira – 17 anos – terceiro ano