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Vitiligo: Morador de Brusque conta como é conviver com a doença autoimune

Dermatologista explica como ocorre o diagnóstico e tratamento

Manchas brancas na pele são sinal de alerta para o vitiligo, uma doença crônica e que ainda não tem cura ou causa definida. As manchas ocorrem em qualquer parte da pele. O sistema de defesa do corpo ataca as células que produzem a melanina, substância responsável pela cor da pele, com isso ocorre a perda de coloração em alguns pontos, causando as manchas.

A doença não é contagiosa, mas afeta profundamente o bem-estar e autoestima das pessoas.

“É uma doença muito estigmatizante. As pessoas tendem a tentar esconder as manchas, porém muitas vezes essas afetam a face, mãos, locais difíceis de esconder e com isso elas acabam se isolando e não raramente entrando em depressão. É muito importante normalizar o vitiligo, já que ainda não há um tratamento que seja 100% eficaz”, comenta a dermatologista que atua na rede municipal de Saúde de Brusque, Ana Kris da Silva Sommariva.

Os pacientes, na maioria dos casos, procuram ajuda de um médico especialista em pele ao perceberem o aparecimento das manchas. Em boa parte dos casos são registradas poucas manchas. Na rede pública de Saúde de Brusque foram contabilizados 32 novos casos de vitiligo nos últimos cinco anos, conforme a dermatologista que atende na Policlínica.

Diagnóstico é feito pelo especialista

O diagnóstico ocorre na própria consulta com o dermatologista, sendo que somente nos casos de dúvida o especialista solicita a biópsia da pele para ter o resultado definitivo. Ana pontua que pessoas entre 20 e 30 anos são as mais acometidas pela doença.

A especialista salienta a importância de procurar um dermatologista na rede privada ou pública, pois só ele estará habilitado para diagnosticar e tratar o vitiligo. No caso da rede pública, via SUS, o paciente deve procurar a unidade de saúde do bairro onde será atendido pelo médico clínico que, na suspeita de vitiligo, encaminhará o paciente para o dermatologista da rede.

João Henrique Krieger/O Município

“O vitiligo pode ficar estável por anos mesmo sem tratamento, assim como pode evoluir de forma muito rápida, mesmo em tratamento. Pessoas com doenças autoimunes associadas, como tireoidites, diabetes autoimune, controladas ou não e com estresse emocional importante, tendem a ter uma doença mais agressiva”, frisa a especialista.

Após uma alta carga de estresse

Há aproximadamente três anos, o morador de Brusque Claudemir Eziquiel Ribeiro, de 34 anos, descobriu a doença durante um pico de estresse. Ao ver as primeiras manchas no cotovelo, o representante comercial buscou na internet o que poderia ser e encontrou um artigo informando que a doença pode se manifestar inicialmente nos cotovelos e joelhos.

Claudemir comenta que recebeu o diagnóstico com tranquilidade e também estava fazendo tratamento para controlar o estresse na época. “Hoje eu lido super bem e tento levar pelo lado positivo. Tento ajudar pessoas que não conseguem ou não tem um psicológico preparado para isso. Para o homem eu acredito que é mais tranquilo pela questão da vaidade, já que não é tão vaidoso como a mulher”, diz.

Ele comenta que logo após descobrir a doença, compartilhou em uma rede social e foi procurado por algumas pessoas, na maioria mulheres, que também têm vitiligo. “São conhecidas minhas, do meu convívio e eu nem imaginava que elas tinham vitiligo, mas elas tinham vergonha de expor ou achavam que não seriam bem vistas”.

Formas de tratamento

Os tratamentos variam de caso para caso e precisam passar pela avaliação do dermatologista, no entanto, os mais comuns são com pomadas e cremes, comprimidos, luz ultravioleta e até psicoterapia. Ana comenta que atualmente há perspectiva de novos medicamentos chegando no mercado nos próximos meses ou anos e que devem ser promissores para o tratamento da doença.

“Não há como prevenir o aparecimento do vitiligo, infelizmente. Porém, nas pessoas que já apresentam a doença, sempre orientamos evitar uso de roupas apertadas, por exemplo, evitar traumatizar repetidas vezes o mesmo lugar, como trabalhar ajoelhado, por exemplo, pois o trauma repetido pode gerar manchas novas. Evitar estresses emocionais também ajudam a evitar a progressão da doença”, explica a dermatologista.

João Henrique Krieger/O Município

A médica ainda aponta que as pessoas com vitiligo devem se proteger muito bem do sol, já que a melanina, que é a proteção natural da pele, está ausente nas manchas, aumentando o risco de câncer de pele nesses locais.

Preconceito enfrentado

Outro ponto analisado pela especialista é o preconceito que os pacientes sofrem, mesmo a doença não sendo contagiosa. “Não é raro a pessoa com vitiligo ter problemas emocionais pelo preconceito que sofrem”, comenta.

Claudemir comenta que a reação das pessoas ao descobrirem que ele tem a doença é de impacto. “Quando faz um tempo que a pessoa não me vê mais, pois a tendência do meu vitiligo é aumentar cada vez mais”.

Apesar da reação, Claudemir aprendeu a lidar com a situação e afirma que leva com tranquilidade.

“Tive algumas experiências, mas não foi pesado. A gente sente que a pessoa olha com curiosidade, não de receio ou medo, mas de curiosidade e até fazem perguntas. Isso já aconteceu em mercado e bares, e depois eles relatam que tem um conhecido que também teve o diagnóstico”, comenta.

Ele também ressalta a visibilidade que a doença ganhou recentemente, após a participação de uma mulher com vitiligo em um programa de reality show nacional. Para ele, isso é importante para conscientizar as pessoas.

Colaborou: Luiz Antonello


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