Vítima de estupro coletivo em Brusque conta detalhes da agressão sexual

Ela diz que estupradores a ameaçam constantemente e já lhe agrediram próximo de casa

Vítima de estupro coletivo em Brusque conta detalhes da agressão sexual

Ela diz que estupradores a ameaçam constantemente e já lhe agrediram próximo de casa

As lembranças de uma noite de terror ainda assombram os dias da jovem de 22 anos, vítima de um estupro coletivo em Brusque, ocorrido em abril. Sob ameaças constantes dos oito agressores, a mulher deixou de sair sozinha de casa e vive com medo do que pode acontecer com ela e sua família.

Há 15 dias, dois dos estupradores a encontraram próximo de sua casa e a agrediram fisicamente, porque o crime havia vazado em um grupo de pessoas. Ao ver as marcas pelo corpo, o marido da jovem questionou o motivo, foi quando ela decidiu contar a verdade.

Marcas da violência estão por todo o corpo da jovem / Foto: Miriany Farias
Marcas da violência estão por todo o corpo da jovem / Foto: Miriany Farias

Em abril, ela havia combinado um encontro com um colega de trabalho e sem determinar o local para onde iriam, seguiram até o bairro Santa Rita. Ao chegarem em uma casa abandonada e inacabada, havia mais sete homens esperando pelos dois. Foi quando ela tentou desistir, mas já era tarde. “Eles me agarraram, levaram para dentro da casa e taparam minha boca com as mãos”, conta.

Enquanto três do agressores a seguravam, os outros praticavam a conjunção carnal sequencialmente e, então, se revezavam. “Durante todo o tempo eu acreditava que eles me matariam e me deixariam por ali mesmo”. Durante o estupro, os homens a ameaçavam dizendo que se contasse para alguém, a matariam.

Ao fim do crime, os oito homens saíram do local, a deixando para trás. Sem saber o que fazer, a jovem seguiu a pé até o terminal urbano, no Centro, onde pegou um ônibus e voltou para casa. “Eu sentia muita vontade de falar para meu marido, pedir ajuda, mas tinha muito medo das ameaças, e como era uma traição, sabia que podia acabar com meu relacionamento, como está acontecendo agora, que estamos nos separando”, lamenta.

Apesar de trabalharem todos no mesmo local – uma repartição pública -, a jovem diz que não falava com a maioria deles, pois ficavam em equipes diferentes. Após o estupro, ir para o trabalho se tornou uma tortura, pois vivia sob ameaças. Inclusive, para tentarem se defender de alguma maneira, os agressores passaram a acusá-la de ter esfaqueado um homem, segundo a jovem. “Não sei o porque deles falarem isso, mas certamente é para tentar tirar a culpa de cima deles e jogar para cima de mim”.

A demora da denúncia – cerca de três meses -, foi simplesmente pelo medo, segundo a mulher. No entanto, com o apoio do marido, decidiu procurar a polícia com o objetivo de fazer Justiça. “Eu espero que eles sejam punidos pelo que fizeram e que me deixem viver em paz, com meus filhos”.

Manifestação

Mesmo sem coragem de sair na rua sozinha ou se expor em público, a jovem ficou feliz ao saber da manifestação ocorrida na noite de ontem [reportagem na página 13A]. Para ela, as mulheres devem ter coragem de denunciar imediatamente, sem deixar passar muito tempo, como aconteceu com ela. “Minha vida virou um inferno. Meus filhos vivem presos dentro de casa. Já pensei até em sair da cidade por causa disso”, diz.

Investigação

Ontem à tarde a jovem esteve novamente na Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami) e prestou depoimento para o delegado responsável pelo caso, Alex Bonfim Reis. Ela conta que representou contra os agressores e agora, aguardará até que seja chamada novamente. “Espero que a Justiça ocorra de forma rápida para eu ter paz”.

Há 30 dias, a jovem deixou de ir para o trabalho, e por isso também sofre represálias. Ela já procurou o setor de Recursos Humanos do órgão público, mas segundo a mulher “lavaram as mãos” e não a apoiaram.

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