Vítimas de maus-tratos, cachorrinhos são adotados e ganham nova chance em Brusque; veja como eles estão
Animais foram resgatados e hoje recebem muito amor e carinho das novas famílias
Vítimas de maus-tratos e vivendo em condições precárias, as cachorrinhas Jade e Mel ganharam uma nova chance no dia 8 de fevereiro.
Elas foram resgatadas pela Polícia Civil em parceria com a Associação Brusquense de Proteção aos Animais (Acapra) do lugar onde viviam, no bairro Dom Joaquim, e já foram adotadas por uma nova família. Agora, todo o sofrimento dá lugar a muito amor e carinho que elas já estão recebendo.
A situação da dálmata Jade era a mais grave. Ela estava extremamente debilitada e fraca em razão da magreza visível. Além das péssimas condições em que era mantida, a cachorrinha já idosa tem um tumor de mama em estágio avançado, que deve ser retirado após ganhar peso.
Junto com Jade vivia a vira-lata Mel, que aparenta ter cinco meses. Assim como a dálmata, Mel era mantida em péssimas condições, sem água potável e sem comida.
As duas cachorrinhas foram levadas para a clínica veterinária Fofinhos, que é parceira da Acapra, para atendimento. Elas ficaram na clínica até sábado, 12, quando foram levadas para um novo lar.
Amor em dobro
A história de Jade e Mel sensibilizou as amigas Thais Nunes Rosa e Simone Elisa Venske, que se uniram para dar um novo lar para as cachorrinhas.
Tudo começou quando o resgate de Jade foi publicado em um grupo nas redes sociais. Imediatamente, Simone sentiu vontade de adotar, mas como já tem outros dois cachorros e mora em apartamento, não seria viável.
“Eu mandei lá no grupo que se eu já tivesse a minha casa, eu adotaria, porque eu estou no meio do processo de compra de uma casa, que ainda vai passar por uma reforma por alguns meses”.
Thais, então, decidiu oferecer lar temporário para as duas cachorrinhas, até a conclusão da reforma da casa de Simone. “Nos sensibilizamos com a história da Jade. Eu já tenho sete cachorros em casa, então, vendo que a Simone gostaria de adotar, mas não tinha como fazer agora, decidi oferecer ajuda”.
Simone aceitou a ajuda da amiga e decidiu oficializar a adoção de Jade e também de Mel, a companheira inseparável da dálmata.
Inicialmente, a intenção era adotar apenas Jade, mas ao ficar sabendo que Mel vivia junto com a dálmata, Simone decidiu adotar a vira-lata também. “Não tive coragem de separar. Elas vão continuar juntas, mas agora em um lar feliz”.
O primeiro contato de Simone com as novas companheiras foi ainda na clínica. Lá, Jade ainda tinha um olhar muito triste, por todo o sofrimento que lhe foi imposto, e também muito medo.
“Vemos tantos casos tristes e este me tocou o coração. Eu tinha que fazer alguma coisa”, diz.
A vida no lar temporário
No sábado, Simone levou Jade e Mel para o lar temporário na casa de Thais. Recebendo todo o cuidado e carinho que merecem, rapidamente as duas cachorrinhas se sentiram em casa.
Jade, apesar de ainda muito magrinha, está mais forte e sem medo. As duas companheiras ganharam caminha confortável, roupinhas, brinquedos, muita comida e o principal: duas famílias muito amorosas – a temporária e a definitiva.
Enquanto as cachorrinhas estão no lar temporário, Simone vai visitá-las todos os dias, para que elas a reconheçam como tutora.
Thais, que já foi presidente da Acapra, destaca a importância da adoção e também do lar temporário. “A Acapra não tem um abrigo e nem acredita ser essa a solução. As pessoas podem ajudar adotando esses animais, mas quem não pode, uma ótima maneira de contribuir é dar lar temporário, até que encontrem uma família definitiva. A Acapra precisa muito de lar temporário”.
De acordo com ela, a adoção definitiva torna-se até mais certeira quando o animal passa por um lar temporário, pois é possível conhecer melhor o bichinho e doá-lo para uma família que se encaixa naquele perfil.
“Eu costumo sempre dar lar temporário, assim acabo conhecendo a personalidade do animal, o temperamento dele, e consigo selecionar melhor quem pode ficar com ele. O acerto na adoção é maior. Isso é ainda mais importante em casos de animais que sofreram maus-tratos, não podemos entregar para qualquer pessoa e correr o risco de que ele passe por tudo novamente”.
Um novo lar para Isaac
Quem também ganhou um novo lar após ser resgatado pela Acapra e Polícia Civil foi o cachorrinho Isaac. Ele foi encontrado sob condições precárias, anêmico e muito magro, no bairro Dom Joaquim e, inicialmente, recebeu o nome de Joaquim dos voluntários da Acapra.
O vídeo do resgate foi publicado nas redes sociais e foi ali que a médica Joana Carolina Eccel sentiu uma conexão e decidiu adotá-lo.
“Fiquei comovida com a história dele. Senti uma conexão quando vi a imagem dele no vídeo do resgate, assim como senti quando adotei meu primeiro cachorro. Ele parecia tão assustado e só pensava em abraçá-lo. Eu o busquei no mesmo dia que vi o vídeo”, conta.
O cachorrinho, que tem cinco anos e não tem raça definida, ganhou o nome de Issac e chegou na casa de Joana muito assustado, mas ao mesmo tempo feliz. “Chegou com anemia, verminose e suspeita de doença do carrapato. Estava muito emagrecido e tinha fraqueza e falta de ar até para caminhar”.
Hoje, o cãozinho está muito melhor, recebendo todo amor e carinho da nova tutora e também do companheiro Albert, adotado há nove meses.
“Ele está comendo bastante, mais ativo e disposto, brincando bastante com meu outro cachorrinho. Já conseguimos curar a verminose, mas ainda recebe vitaminas e antibiótico”, diz.
“Ele gosta de receber carinho na barriga, comer e sorrir mostrando os dentinhos”, completa.
Joana se sente feliz em poder ajudar e proporcionar uma vida digna para o cachorrinho que já sofreu tanto. “Eu sou retribuída com muito carinho”.
Autores responsabilizados
Os antigos responsáveis por Jade, Mel e Isaac foram identificados pela polícia e responderão pelo crime de maus-tratos aos animais. De acordo com o delegado Egídio Ferrari, foram abertos inquéritos policiais para investigar os casos.
O delegado explica que a pena para autores de crimes de maus tratos contra cães e gatos pode variar de dois a cinco anos de prisão. Inclusive, o responsável pode ser preso em flagrante, sem direito a fiança, caso seja flagrado praticando uma situação de violência contra os animais.
Quando não há flagrante, os animais são resgatados e ficam sob responsabilidade da Acapra, que foi o que aconteceu com Jade, Mel e Isaac. É feito um boletim de ocorrência e desse boletim é instaurado um inquérito policial para investigar o crime. “O processo vai para o Fórum e a pessoa vai ter que responder perante o juiz pelo crime”, detalha Ferrari.
De acordo com ele, a lei não define exatamente o que pode ser considerado maus-tratos, mas basicamente, é todo ato que cause dor e sofrimento aos animais, como agressões, ferimentos, mutilações e até mesmo o abandono.
Ajude a Acapra
É possível ajudar a Acapra a continuar com o trabalho em prol dos animais de Brusque, por meio de doação de qualquer valor via pix.
Chave pix: 03772251000182 (CNPJ)
Associação Brusquense de Proteção aos Animais
A Acapra pede que seja enviado o comprovante no Instagram da voluntária para que seja feito o controle: @jessica.ricardo_