Vivendo ciclo de renovação, Abel busca voltar aos seus melhores dias no vôlei
Técnico relata desafios com estrutura reduzida e debandada de atletas para São Paulo e Estados Unidos
Depois de conquistar títulos nacionais e internacionais nas categorias de base, o time de vôlei feminino da Associação Brusquense de Esporte e Lazer (Abel) vive um ciclo de renovação. Sem a mesma estrutura e o mesmo apoio financeiro dos anos anteriores, a equipe luta para se manter em alto nível, após ter perdido várias de suas atletas para grandes centros, como São Paulo e Estados Unidos.
O técnico Everton Nascimento explica que a equipe recebe apoios importantes da Fundação Municipal de Esportes e da Havan, sendo que a segunda tem mais foco na iniciação de atletas, e não no esporte de rendimento. Com menos parcerias do que no passado, as equipes competitivas largam atrás diante de seus principais rivais.
“O campeonato mais importante para nós é o Jogos Abertos de Santa Catarina. Somos o atual terceiro colocado, com uma equipe infanto. E não temos um campeonato adulto forte no estado, vale mais a pena investir nos Jogos Abertos. Chapecó e Blumenau chegam sempre às finais, com uma estrutura muito maior.”
Dos times vitoriosos dos últimos anos, oito atletas foram aos Estados Unidos para jogar e estudar, e sete foram para equipes de São Paulo, o principal centro do vôlei nacional. “Não conseguimos um padrão. Equipes mantêm meninas por quatro anos, nós não temos como fazer isso. Se tivéssemos conseguido manter a base de dois anos atrás, provavelmente já teríamos sido campeões de Jogos Abertos, mas não dá.”
Sem um time adulto propriamente dito, a Abel tem limitações severas no momento de fazer uma oferta a uma atleta. Nascimento reconhece que com a estrutura disponível, o processo de renovação é natural. Ele relata que entre 2013 e 2014, as equipes perdiam sets por placares como 25 a 10, e que dois anos depois estavam vencendo sets com estas pontuações.
“Com o crescimento da jogadora, ela quer dar outros passos. Oportunidade de jogar em um time adulto, de jogar uma Superliga. Oferecemos uma ajuda de custo, uma equipe de São Paulo oferece três vezes mais. Normal que seja difícil mantê-las. Quem é formador, tem que pensar na atleta. Aquelas que chegaram aos EUA, a São Paulo, sabem que contribuímos para que hoje estivessem lá”, destaca.
Competições infanto
Na primeira etapa da Liga Catarinense de Voleibol infanto (sub-19), A Abel terminou em quarto lugar, atrás de Jaraguá, Nova Trento e Balneário Camboriú, à frente de Blumenau, São Bento do Sul e Garuva. A segunda etapa está marcada para 8 de junho.
O foco da Abel para o primeiro semestre é a Copa Internacional de Estrela, disputada em Estrela (RS) nas categorias mirim, infantil e infanto, com equipes de diversos países da América do Sul. Em 2017, a equipe sub-19 foi campeã sem perder um único set. Em 2018, a Abel cancelou a participação em função das paralisações dos caminhoneiros.
No segundo semestre, em novembro, o foco é a Taça Paraná, campeonato com quase 100 clubes, do qual a Abel é bicampeã. Em 2019, o desafio será conseguir o transporte para chegar à competição.
Mudança de vida
Do município mato-grossense de Nova Mutum, a 242 km de Cuiabá, a central Poliana Corrêa chegou a Brusque em 2014 com a mãe, para morar na república das atletas da Abel. “Em Nova Mutum eu participava de apenas três competições no ano, aqui são muito mais. A adaptação foi bem difícil, os métodos são diferentes, o clima é mais frio, mas hoje sou muito grata e estou muito bem em Brusque”, afirma a jovem, hoje com 17 anos.
Poliana e a mãe moraram juntas na república com outras atletas. Com o tempo, alugaram um apartamento para ter mais privacidade. Hoje, a chamada república, que no passado foi uma casa, hoje é um apartamento em que moram três jogadoras.
Já formada no Ensino Médio, Poliana pretende ficar em Brusque só até o fim de 2019. Hoje, estuda para entrar em uma faculdade fora do país com bolsa. “Fico muito feliz com tudo que tenho vivido em Brusque. Por ter vindo pra cá, conheci muita gente, muitos lugares. Nunca tinha visto praia antes, por exemplo, muita gente da minha família também não. Foi uma mudança ótima.”