Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Xokleng, os indígenas em Brusque – Parte V – Final

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Xokleng, os indígenas em Brusque – Parte V – Final

Rosemari Glatz

O índio era o dono da terra quando do descobrimento do Brasil e deixou grandes contribuições ao folclore brasileiro. Maria de Lourdes Borges Ribeiro, em seu artigo intitulado Contribuição do Índio ao Folclore Brasileiro (Boletim da Comissão Catarinense de Folclore, nº 32, 1979), diz que o folclore resulta da dinâmica cultural no encontro das etnias e que a contribuição indígena é muito significativa para a formação do Brasil.

De acordo com Ribeiro, já faz mais de 10.000 anos que os índios chegaram por aqui. Neste longo período, conviveu, conheceu, explorou e se utilizou dos produtos do meio. Descobriu as riquezas da fauna e da flora. Deu nome a lugares e acidentes geográficos. Numa economia de subsistência, criou atividades e processos para obter os alimentos que lhe garantissem a sobrevivência. Soube transformar em boas as más qualidades de certas plantas (como, por exemplo, a mandioca, tornando-a indispensável à sua alimentação); revelou as propriedades terapêuticas de muitos vegetais.

O índio indicou técnicas artesanais, e introduziu muito do seu cotidiano à vida do povo brasileiro, como o costume de dormir em rede. Em pequeno sumário, Maria de Lourdes Borges Ribeiro relaciona itens que representam alguns dos pontos que remetem à contribuição indígena ao folclore brasileiro:

Alimentação – mandioca (carimã, tapioca); milho (canjica, pamonha, curau); insetos (dentre os quais a tanajura ou içá); quelônios, mariscos, crustáceos, peixes, aves, caças, palmito, mel, castanhas, pimentas, guaraná, amendoim, frutas nativas e seus sucos, moqueca, processo de moquear, etc.

Instrumentos Musicais – vários tipos de flautas, maracás, chocalhos, guizos, zunidores, trocano, tambores, buzinas, trombetas, bastões de ritmo, etc.

Religião – a influência dos astros sobre os viventes e os vegetais. Espíritos benfazejos e maus, gênios das águas, poderes ligados à natureza e aos fenômenos meteorológicos, pajelança, etc.

Armas de Guerra – tacape, espadas de pau, arco e flecha, borduna- a ponta de flecha era embebida em curare, substância preparada com várias espécies vegetais, com efeito paralisante ou mortal, sobre o homem e o animal. E hoje é usado em anestesia.

Mitologia – caapora, anhangá, saci, jurupari, cobra-grande, iara, rei-da-mata, boitatá, curupira, etc.

Transporte – vários tipos de canoa, e a rede.

Danças – guerreiras, imitativas, representativas da vida tribal, toré (nome tirado da trombeta que lhe fazia o acompanhamento musical, ainda em vigor no Nordeste) e outras inspiradoras das que são encontradas em vários estados brasileiros: tapuiadas, caiapós, caboclinhos, etc. O cururu e o cateretê são formas com raízes indígenas e foram largamente utilizadas na catequese, pelos jesuítas.

Medicina – a teológica, exercida através do pajé. E a natural, com o emprego de elementos vegetais e animais.

Habitação – fabricação de casas com armação de cipós, ripas ou troncos, entretecida com folhas de palmeira, utilizadas na cobertura, juntamente com o sape.

Artes Plásticas e Artesanatos – cerâmica (marajoara, tapajônica, santarena); utensílios e objetos domésticos de cerâmica, fibras e madeira; trançados de fios e fibras; cestaria; tecelagem de algodão e de fibras em tear rudimentar; rede de algodão e de fibras; pentes de osso e de chifre; plumária (leques, mantos e adornos: pulseiras, testeiras, braçadeiras, perneiras, colares, tangas, cocares, etc.); enfeites com penas, conchas, sementes, dentes e unhas de animais, fibras. etc.; máscaras de pele de animais, casca de árvore, sementes e fibras; processos de tinturaria com corantes vegetais; armadilhas e processos de caça e pesca, tipiti, aproveitamento de peles e couros, etc.; o emprego da borracha para diversos fins, etc.

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