O baixo astral, a saudade acumulada, ficou mais evidente
agora, com o final de Desperate
Housewives. Mas acontece o tempo todo, para quem é fã: um dia, sua série
favorita acaba.
Os atores pedem aumento, a audiência descamba, os executivos
cheiram meia suja, algo acontece. Com sorte, a série ganha uma última temporada
ou alguns episódios para, pelo menos, ter um desfecho que mereça este nome. O
que é melhor, bem melhor, do que aqueles cancelamentos “cortem-lhe a cabeça”,
que deixa o enredo sem pé e sem a própria cabeça decepada.
Desperate Housewives,
para mim, ainda não terminou. Estou acompanhando esta última temporada em ritmo
brasileiro, pela Sony. Ainda faltam dois
ou três episódios até o adeus final. Enquanto ela não termina, não resisto a
fazer meu top eleven de séries que já acabaram. O critério? Que tenham
sido exibidas na TV por assinatura nos últimos 10 anos. Forcei a barra e incluí
no pacote três programas que podem ser chamados de séries não ficcionais ou reality
TV (segundo o IMDb).
Como toda lista, é totalmente pessoal. Pode servir, no
máximo, de inspiração para você montar o seu grupo de séries encerradas
favoritas. Isso posto, vamos à contagem regressiva.
11º – Esquadrão da
Moda (What no to Wear) na versão UK. – 2001-2005 – Trinny! Susannah! People + Arts! Bons tempos. A versão
americana e a brasileira não conseguem chegar aos pés do charme e da graça
super sincera das inglesas, sem falar no capricho na escolha das “vítimas” das
transformações. As dicas da dupla eram muito melhores do que quase tudo o que
se publica em blogs de moda, hoje.
10º – Minha Casa, Sua
Casa (Changing Rooms) – 1997-2004 – Mais um programa top do People + Arts. E também inglês. Vizinhos
que trocam de casa para fazer a reforma de um cômodo, com tempo e orçamento bem
limitados, orientados por decoradores fixos. O mais inesquecível deles, Laurence Llewelyn-Bowen, o mais pop
star de todos os decoradores televisivos, com seu estilo dandy e sua arrogância
fingida. O programa tinha fama de fazer reformas incompletas e só mostrar os
melhores ângulos dos resultados… mas até isso mantinha o interesse nele. Não
foi substituído por nenhum dos que existem atualmente, nos domínios dos canais
que herdaram o público do P+A, como Travel
& Living, Home & Health
e Fox Life.
9º – Queer Eye for
the Straight Guy – 2003-2007 – O Fox
Life reprisa tantas vezes ao dia episódios de Queer Eye que nem dá para morrer de saudade dos tempos em que fazia
parte da programação da Sony. Os 5
gays transformavam o estilo de um “guy” nos quesitos moda, decoração, cultura,
beleza e gastronomia em uma visita de um dia, repleta de correria e piadinhas.
Curioso é que justamente o mais carismático dos cinco, Carson Kressley, não tenha engrenado projeto posterior com
visibilidade suficiente para ser exibido por algum canal no Brasil. Pena.
8º – American Dreams
– 2002-2005 – Infelizmente, não acompanhei episódio por episódio, na ordem
certa, esta história passada nos anos 60, tendo um pano de fundo muito
semelhante ao de Hairspray: o tipo
de cidade, os programas de dança e música, a questão racial… no caso da
série, focalizando ainda o Vietnã, a política e mudança de mentalidade, tudo
acontecendo em uma família católica. Mais um ponto em comum: a protagonista da
série, Britanny Snow, é a vilã Amber Von Tussle na versão 2007 de Hairspray. Sim, porque existe a
primeira versão do filme. Que depois virou musical e voltou a ser filmado. Sim,
é confuso.
7º – That ’70s Show
– 1998-2006 – Também fui pegar o gosto pela série em suas últimas temporadas –
tudo culpa do atraso cultural de não ter assinado TV desde seus primórdios
nacionais. Coisas que acontecem. A comédia explora os anos 70 de um jeito
difícil de encontrar. E tornou conhecidos,
apenas e tão somente, Ashton Kutcher,
Mila Kunis. A gente pode matar
saudade: é reprisada diariamente no Sony
Spin.
6º – Cold Case – 2003-2010
– Faltava uma representante das séries policiais, aqui. Cold Case era única e insubstituível: Totalmente genial a ideia de
juntar a investigação em si com flashbacks de épocas variadas, dependendo de
quando teria sido cometido o crime de cada episódio. Sempre tive a impressão de
que criavam os roteiros a partir da escolha das músicas – que eram as estrelas
absolutas da série. O episódio com músicas do Nirvana é inesquecível.
5º – Will and Grace
– 1998-2006 – Tem coisa melhor do que roteiros demolidores e atores que
funcionam como um super time? Eu, que sempre achei que piada repetida perde a
graça, revejo episódios com todo o gosto. Debra
Messing conseguiu se livrar de ser “a eterna Grace”, primeiro com a ótima
mini série A Ex e, atualmente, com a
onipresente Smash. Mas queremos mais
Megan Mullally e Sean Hayes – porque, sinceramente,
seria justo a série ter sido batizada como Karen & Jack.
4º – Friends –
1994-2004 – Peguei você. Aposto que você pensou que Friends seria a primeira da lista. Poizé. Friends merece toda a fama, dinheiro e fãs que arrecadou em seus 10
anos de existência. Foi, logicamente, um divisor de águas. Pobres das que
vieram depois e são chamadas de “o novo Friends”: nunca darão certo. Mas tenho
mais ligação emocional com as três aí abaixo. E não queria ser óbvia.
3º – Ugly Betty –
2006-2010 – Comecei a assistir à versão americana de Betty, a Feia por curiosidade e vontade de comparar com o original,
guilty pleasure total. Não
podia imaginar que justamente por se afastar da história colombiana, Ugly
Betty seria a minha novelinha cômica imperdível. Betty que nos perdoe, mas ela
foi totalmente eclipsada: nunca haverá outra Wilhelmina Slater.
2º – Sex and The City
– 1998-2004 – Um caso raro em que a série é melhor do que o livro. E que os
filmes deveriam ter continuado a ser só boatos. Ok, o primeiro não é tão ruim.
Mas a série é necessária e indispensável, pelo menos para meninas. As
historinhas de amor e amizade e das reflexões sobre o que é ser mulher nos
tempos modernos… viraram vitrine de estilo e modas diversas. Quem não teve pelo
menos vontade de beber um cosmopolitan?
1º – Gilmore Girls
– 2000-2007 – Minha preferência óbvia por “séries mulherzinha” desemboca no
amor eterno pelas meninas Gilmore. Desconfio que o diferencial da coisa são as
ótimas referências pop que permeiam os episódios da série, quase sempre através
da mãe atípica vivida por Lauren Graham.
Não consegui transferir tanto amor para Parenthood,
em que ela quase repete o mesmo papel. Mas sem a mesma força. Mais sorte teve a
simpaticíssima melhor amiga da Lorelai:
Melissa McCarthy engrenou em Mike
& Molly e ainda frequentou todos os tapetes vermelhos no começo deste ano,
por conta do filme Missão Madrinha de
Casamento. Mas não tem jeito: sempre que ela aparece, eu grito (baixinho) Sookie!!!
E é isso. Minha lista não tem Lost ou 24 Horas,
mostrando que ação e suspense não servem bem em mim. Charmed e Dawson’s Creek,
ambas reprisadas pelo Liv, o mau
herdeiro do People + Arts, não
grudaram na minha memória emocional. Mas talvez a ausência mais estranha seja Seinfeld, quase uma unanimidade entre
quem gosta de humor inteligente. Não, nãofoi esquecimento. Por alguma razão que
nunca consegui identificar, enjoei da série como quem enjoa de uma comida
preferida. Não desce mais. My bad.
Agora é sua vez. Nem que seja só um exercício dentro da sua
cabeça, faça a sua lista!