Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

150 Anos da Imigração Polonesa no Brasil – Brusque – Parte V

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

150 Anos da Imigração Polonesa no Brasil – Brusque – Parte V

Rosemari Glatz

Era agosto de 1869 quando o navio Victoria atracou no Porto de Itajaí, trazendo o primeiro grupo de imigrantes poloneses composto por 16 famílias originárias da aldeia de Stare Siołkowice, Alta Silésia, território polonês ocupado pelo Império da Prússia. As autoridades do Departamento de Imigração encaminharam o grupo para a Colônia Imperial Príncipe Dom Pedro, vizinha da Colônia Itajahy-Brusque, onde havia muitos lotes de terra disponíveis.

Ainda em agosto de 1869 chegaram mais famílias polonesas, conforme se verifica na correspondência emitida em 31/08/1869 pelo Diretor da Colônia Itajahy-Brusque, Barão Friederich von Klitzing, ao Vice-Presidente da Província de Santa Catarina. No documento, arquivado na Casa de Brusque, o Diretor submete orçamento à Tesouraria da Província “para as despesas a fazer com 94 colonos novos, de nação polacos, aqui chegados no corrente mês de agosto”.

O primeiro batizado de um polaco-brasileiro

De agosto de 1869 a setembro de 1871, seis crianças polaco-brasileiras foram batizadas pelo padre Alberto Francisco Gattone na Colônia Itajahy-Brusque. O primeiro batizado de criança descendente de polaco, nascida em terras brasileiras, foi assim registrado no Livro dos Batizados de Brusque 1869/1876 pelo Pe. Gattone: “no dia 14 de novembro de 1869 baptizei e puz os santos óleos à innocente Izabela Kokot nascida no dia 12 de novembro de 1869 na Colônia Príncipe Dom Pedro, filha legítima de Philippe Kokot e de Izabella Gebur, neta paterno de Jacob Kokot e de Agnes Kannia, neta materna de Johann Gebur e de Francisca Pampuok, serão padrinhos Thomas Sinovski e Justina Prudlo, in fide parochi o Pe. Alberto Francisco Gattone, 14/11/1869”.

Em 06/12/1869, pouco tempo depois da chegada do grupo de imigrantes poloneses, a Colônia Príncipe Dom Pedro foi extinta e o seu território e os seus negócios foram incorporados à Diretoria da Colônia Itajahy-Brusque.

O descontentamento dos poloneses

Em queixas junto à direção da Colônia, os polacos instalados em Brusque passaram a manifestar seu desejo de mudar para outro ponto do país, o que veio a se concretizar rapidamente sob o comando de Sebastian Edmund Woś-Saporski, mais conhecido como Saporski, que já estava no Paraná.  Em 1867, Saporski havia deixado a casa de sua família em Stare Siołkowice – aldeia de origem dos outros poloneses que se instalaram em Brusque em 1869 e, pelos seus feitos, é considerado o pai da emigração polonesa no Brasil.

Saporski era agrimensor e conhecia as condições geográficas da região onde os imigrantes haviam sido assentados em Brusque: havia pouca terra de vargem apta ao plantio ao qual os patrícios estavam habituados, e muitas montanhas cobertas com mata densa. Certamente, era uma região bem diferente daquela com a qual os imigrantes poloneses estavam acostumados nas planícies da Silésia.

Somado a isso, também havia a pressão exercida por outras correntes migratórias, afinal, na Polônia eles já estavam sob o jugo dos prussianos. É possível que não quisessem continuar sob a administração dos alemães também aqui no Brasil, e Brusque era uma colônia alemã!

A transmigração para o Paraná
Saporski envidou muitos esforços para concretizar o seu ideal colonizador e transladar seus patrícios para o Paraná e, assim, em setembro de 1871, os poloneses de Brusque debandaram para Pilarzinho, em Curitiba. Lá, deram início ao movimento que, mais tarde, deslanchou no processo imigratório polaco. E só anos mais tarde, já no final do século XIX, especialmente após a proclamação da República do Brasil em 1889, é que Brusque vai receber novamente imigrantes poloneses.

Continua na coluna do dia 25 de outubro.

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