A Bizz nasceu em 1985, o mesmo ano do primeiro Rock in Rio. Ou seja, em 1988, o ano das conversas desta e das próximas semanas, sua base de leitores e sua reputação já estavam bem estabelecidas. Era um tempo em que informação não era fácil de se obter, ainda mais ligada a música não óbvia, que ainda não estava na mídia.

Era um tempo com muitos discos que não eram lançados no Brasil… ou que eram lançados com muito atraso. Era preciso esforço para conhecer o que acontecia, mais ou menos em tempo real. A Bizz fazia esse meio de campo, facilitava a nossa vida de apaixonados por rock e sedentos por rock atual.

Para quem nasceu depois, vou contar uma coisa: nada como o ritual de ir todo mês na banca de revista, chegar em casa e mergulhar nas novidades. Depois, garimpar os discos elogiados nas lojas da região. Não tem streaming que se compare.

Para não confundir as coisas, a regra dessa lista é só incluir discos que foram lançados originalmente em 88 – e resenhados na revista no mesmo ano. Tem muita coisa nacional? Sim! Falaremos disso mais para a frente.

RamonesMania

Xi, a gente começa com uma coletânea? Pois é. Mas ela é uma coletânea muito especial, porque foi a primeira oficial dos Ramones em quase uma década e meia de existência da banda.

Muita gente teve uma noção melhor da obra da banda através dela. Até porque algumas músicas, como Sheena is a Punk Rocker, só tinham saído em singles.

Parece atrasado? Sim. Era isso que a gente vivia, os comuns dos mortais brasileiros fora das capitais que dependiam dos lançamentos musicais nacionais.

The Frenz Experiment

Falamos do The Fall no começo deste ano, quando Mark E. Smith morreu. Este foi o segundo disco da banda lançado no país pelo selo Stiletto – e no mesmo ano do lançamento original, comemoremos!

O que Fernando Naporano disse sobre o disco? Um trechinho: “o trunfo do grupo continua sendo sua inabalável postura de oposição em relação a todos os moldes descartáveis do pop“.

Tracy Chapman

Fast Car, Talkin’ Bout a Revolution, Baby Can I Hold You… o disco de estreia de Tracy Chapman explodiu no mundo e explodiu mais ainda aqui, com música tocando em novela e, do outro lado da popularidade, com a participação dela na turnê da Anistia Internacional, que passou por São Paulo.

Fast Car é uma candidata de peso a música do ano de 1988, unindo apelo pop e densidade poética. Coisa rara.

Lovesexy

Aqui temos um disco de Prince que parecia pronto para estourar, com uma coleção de músicas tão afiadas quanto as que fizeram o mundo amá-lo em Purple Rain ou Sign o’ the Times. Mas Lovesexy foi muito mais silencioso do que o previsto.

Vale a pena reouvir na íntegra, mas você também pode pinçar os destaques Alphabet St, When 2 R in Love, I Wish You Heaven e Anna Stesia. Eternamente perfeitas.

Dream of Life

A volta de Patti Smith ao disco, depois de 9 anos de ausência, foi bem comemorada em 1988. Aqui, também, foi Naporano quem analisou a obra: “para os velhos outsiders, Dream of Life será uma decepção, porém se visto imparcialmente é uma obra que atesta sua maturidade como cantora e compositora“.

E ainda tem o hino, literalmente, People Have the Power. Imperdível.

Lovely

De novo, um trechinho da crítica de Fernando Naporano: “entre todos os grupos estrelados por deliciosas platinum blondes (Transvision Vamp, Darling Buds, Parachute Men), o Primitives ocupa um lugar fundamental“.

Ouça o hit Crash… e aguarde mais mergulho nostálgico na próxima semana!

 

E nossa playlist de 1988… atualizada!