Ano passado, na primeira edição do caderno Like, uma de nossas pautas foi a redação de Pedro Rabelo de Araújo Neto, que ganhou a etapa estadual do Concurso Internacional de Redação de Cartas para Jovens, promovido no Brasil pelos Correios. Pedro se tornou, depois, parte da equipe do Like. Este ano, a notícia é parecida – mas ao contrário. Outra colaboradora do Like, Gabriela Schwamberger, venceu a etapa estadual do mesmo concurso. Dois estudantes de Brusque, alunos da mesma escola e ambos likers. É para aplaudir e ter muito, mas muito orgulho mesmo. 

Essa notícia foi comentada duplamente na edição de hoje do Like: pelo professor Deschamps e pela própria Gabriela, que contou como foi participar e a reação ao receber o resultado. Ficou faltando mostrar a carta, o texto ganhador. Então, agora, todos podemos conferir o talento da nossa liker. E, mais uma vez, dar os parabéns para ela!


 

Brusque, 01 de março de 2015

 

Querido Lucas Gabriel,

Dias atrás, refletia sobre um romance que acabara de ler, intitulado “Amar e Brincar – Fundamentos esquecidos do humano”. O livro relatava como o mundo se tornou autoritário e ignorante e me fez pensar no mundo em que eu gostaria de crescer. Ou melhor, o mundo no qual eu gostaria que você, meu futuro filho, crescesse.

Isso me fez lembrar, também, de anos atrás, quando meu sonho era crescer em um mundo no qual houvesse uma “brinquedoteca” gigante, com milhares de bonecas para brincar e crianças com as quais eu pudesse fazer amizade. Imagino que você, meu filho, estará em uma idade muito semelhante a essa quando ler esta carta. Compreendo que talvez seus brinquedos sejam um pouco mais “tecnológicos” do que os meus, com “carrinhos” computadorizados, por exemplo, e que seus amigos sejam, em sua maioria, virtuais. Mas, ainda assim, creio que você adoraria ter coleções desses “carrinhos” e centenas de amigos virtuais para poder brincar, mesmo que virtualmente.

Hoje, sem dúvidas, meus pensamentos são outros: como muitos jovens da minha idade, gostaria de crescer em um mundo sem corrupção, com o mínimo de pobreza, sem preconceitos e sem guerras, um mundo no qual as pessoas soubessem dar importância e valor aos recursos naturais. Em uma análise mais ampla e resumida, meu querido, eu gostaria de crescer em um planeta onde as pessoas se amassem e amassem as vidas ao seu redor.

Essa virtude tão nobreassemelha-se à Lei da Ação e Reação: caso eu busque amar meus semelhantes e toda a biosfera ao meu redor (ação), também serei amada por esses seres sobre os quais agi (reação). Seria, até mesmo, um ponto que favoreceriaaquele mundo do qual falava no início desta carta. Veja, Lucas Gabriel: se praticássemos esse valor tão comentado nas religiões cristãs, não tenho dúvidas de que os líderes de nosso planeta se sentiriam mal ao roubar fortunas de dinheiro público, pondo um fim à corrupção.Também nos tornaríamos mais sensíveis com aquelas pessoas que sentem fome e buscaríamos realizar mais doações a fim de erradicar esse mal que atinge inúmeros países. Tudo isso pode deixá-lo confuso nesses primeiros anos de vida, mas tenho certeza de que, logo, logo, você entenderá do que estou falando.

Finalizo esta carta, meu filho, com uma reflexão: e se todos nós buscássemos, então, introduzir, mesmo que aos poucos, o amor ao próximo em nossas rotinas? Será que isso tornaria, não apenas a minha, mas também a sua futura aspiração quanto ao mundo no qual gostaria de crescer possível?

 Atenciosamente,

Gabriela Schwamberger