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Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

A origem do sagu: saiba como sobremesa chegou até a região de Brusque

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

A origem do sagu: saiba como sobremesa chegou até a região de Brusque

Rosemari Glatz

Muito popular no sul do Brasil, especialmente como ingrediente de diversos tipos de sobremesa, o termo “sagu” foi introduzido aqui pelos imigrantes europeus. Típica do norte da Alemanha e do norte da Itália (do território que pertencia ao Império Austro-húngaro), lá a sobremesa normalmente é produzida com frutas vermelhas de época, como morangos, cerejas, framboesas, amora, mirtilo ou groselha, e costuma ser servida com molho de baunilha, sorvete de creme ou chantilly. No Brasil, os imigrantes, ao terem contato com a mandioca (também conhecida como aipim, macaxeira, tapioca), perceberam que a fécula de mandioca poderia substituir o amido do sagu ou das batatas, e passaram a produzir as pérolas (bolinhas) a partir da mandioca, mantendo o nome “sagu”.

A tradicional sobremesa alemã de nome rote grütze, feita com frutas vermelhas que pode ou não levar vinho tinto – é particularmente típica no norte da Alemanha. Em vez das bolinhas de mandioca ela é engrossada com fécula de batata, e figura como sobremesa no menu de muitos restaurantes. Também é possível comprar a sobremesa pronta nos supermercados. Refrescante, doce e azeda na medida certa, há receitas que levam suco de laranja ou limão, e baunilha. No Brasil, existem aqueles que comparam a sobremesa ao nosso sagu de vinho (Weinsago, em alemão), talvez devido à consistência do caldo, um pouco grossa, e à cor vermelha (rot, em alemão). Também há os que dizem que a sobremesa de sagu de vinho tem origem na própria receita alemã rote grütze.

No Vale do Itajaí, a Companhia Lorenz foi a pioneira na fabricação do sagu, ou seja, na transformação da mandioca em bolinhas – as pérolas de tapioca. Há variações no preparo da receita de acordo com as diferenças culturais entre as diferentes ascendências. Nas famílias de origem alemã, o sagu pode ser feito com leite, ou com suco de frutas, como laranja, tangerina ou uva, ou com vinho tinto. O sagu também pode ser preparado como uma sopa com frutas diversas, como pêssegos, carambolas, maças, abacaxi, que é consumida gelada e que também pode ser servida acompanhando um pudim, por exemplo, sendo essas variações mais raras. Já nas famílias de descendentes de italianos, é comum o sagu ser preparado apenas com do tradicional vinho tinto, sendo essa a variante mais corriqueira e preparada em quase toda a região sul do Brasil.

E, claro, essa deliciosa sobremesa também é tradicional na nossa família. Essa é a receita de sagu de vinho que eu preparo para as pessoas que eu amo:

Como fazer o sagu de vinho

em uma panela grande, coloque 3 litros de água filtrada ou mineral e leve ao fogo. Quando estiver fervendo, desligue o fogo e acrescente os 250 gramas de sagu. Mexa para que as bolinhas não empelotem. Reserve e mexa de vez em quando, até que esfrie completamente. Depois de frio, escorra ¾ do líquido usado para cozinhar o sagu em uma peneira, para que as bolinhas de sagu fiquem separadas umas das outras. Coloque as bolinhas de sagu com a água que sobrou novamente na panela. Acrescente 300 ml de vinho tinto de mesa, ½ litro de suco de uva tinto integral e natural e leve ao fogo, mexendo sempre. Assim que levantar fervura, acrescente açúcar, baunilha, cravo e canela em rama (a gosto). Deixe ferver por aproximadamente 3 minutos, mexendo continuamente. Desligue o fogo. Deixe esfriar e mexa de vez em quando. Depois de frio, leve à geladeira em uma tigela com tampa e deixe o sagu de vinho gelar bem. Caso fique consistente demais, acrescente mais suco de uva tinto e mexa para misturar bem. Não é preciso levar ao fogo novamente. O sagu de vinho recém-preparado pode ser mantido na geladeira por 3-4 dias. Sirva acompanhado de molho branco de leite com baunilha próprio para servir com o sagu de vinho.

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