A “Pax Romana” e o governo Temer
A “Pax Romana” e o governo Temer Pe. Adilson José Colombi Professor e doutor em Filosofia [email protected] Vendo e lendo a respeito do governo Temer me veio à mente aquilo que aconteceu, há mais de dois mil anos. Pensei que poderia ser útil para entender o que está acontecendo em Brasília, atualmente. Saímos de um “governo imperial” do PT para sermos presos por outro “governo imperial” do governo do “conjunto Temer”. Como entra a tal “Pax Romana”? Vejamos. O povo sofria com o Império Romano. Escavações feitas, especialistas encontraram inscrições que relatam as “boas notícias” ou “boas novas” (em grego euangelia”). Sobretudo, no tempo de César Augusto (27 a. C.- 14 d. C.). Uma delas diz: “ Posto que a providência que divinamente determinou a nossa existência dedicou sua energia e zelo para trazer a vida o mais perfeito bem em Augusto, a quem plenificou com virtudes para benefício da humanidade, estabelecendo sobre nós e nossos descendentes como salvador – ele que terminou com a guerra e trouxe a paz. César, que por sua epifania excedeu as esperanças dos que profetizam boas-novas (euangelia) não apenas superando os benfeitores do passado, mas não permitindo nenhuma esperança de melhores benfeitores no futuro; e uma vez que nascimento do deus trouxe ao mundo as suas boas-noticias (euangelia) em sua pessoa...” (Vida Pastoral, ano 2017, nº 317, pg. 14). César Augusto era tratado como deus, filho de deus, salvador por ser quem estabeleceu a paz na terra e a salvação definitiva. Esta é a “boa notícia”: “Pax Romana”. É o “evangelho”. Essa Pax, porém, é fruto de uma imposição da legitimação do poder pela brutalidade e violência do exército, pela cobrança de impostos e pelo monopólio do comércio. Bem, como toda comparação é falha. Essa também o é. Mas, vejo alguma relação. Também se apresenta com a “boa notícia” ou “evangelho”. Como “salvador”, com suas “reformas”. O governo do “conjunto Temer” tenta por todo custo mostrar a legitimação de seu governo, embora o povo, em sua maioria, é contra ou não aprova (só 7% de aprovação é muito pouco). Essa legitimação não se dá pela ação do exército, como no tempo de César Augusto. Todavia, a violência está na rua, por carência de ações efetivas do governo. Por isso torna-se conivente. Ou até interessado que seja assim. Outra coisa que lembra os tempos de César, o imperador, a cobrança dos impostos sem um adequado retorno aos contribuintes. E sempre os aumentando mais. Da mesma forma, favorecia os mercadores que depois lhe davam o devido retorno com seus apoios, às vezes, decisivos nos territórios conquistados. Mas, a maior relação, creio, que esteja na partilha do Império romano, para com os “amigos do peito”, isto é, aqueles que poderia contar, com eles, em qualquer circunstância. Assim, eram partilhadas as Regiões conquistadas pelo exército romano. E nessas Regiões eram empossados os “amigos de César Augusto”. O governo do “conjunto Temer” também vai conquistando “regiões partidárias”, “regiões em Comissões Parlamentares”, “regiões do governo”, “empossando nelas seus “amigos fiéis que lhe dão sustentação”, nos vários pleitos. No momento, é salvar o mandato do Presidente e de todo o “conjunto” do governo. E, assim, o “imperador” Temer vai distribuindo as benesses do Estado e celebrando os “avanços” da República. As celebrações não podem ser feitas, em praça pública, como fazia César Augusto, em Roma. Então, são feitas via Redes Sociais. “E così, la nave va...!”. E o povo fica a ver navios e pagando do pato. Aliás, pagando “bons nacos das partilhas entre amigos do governo “conjunto Temer”.