A redescoberta do encontro
O ser humano desde seu início de vida com outros tentou se comunicar. Certamente, nos primórdios de nossa História, com modos muito diferentes dos de hoje. Mas, com certeza, conseguiu se comunicar com os outros seres humanos. Aos poucos, foi aperfeiçoando os modos de se comunicar, seja oralmente como também por meio de sinais pictóricos e escritos. Desta forma, foi aperfeiçoando sua maneira de comunicar-se com os seus semelhantes. Sempre aperfeiçoando os seus instrumentos que se servia para a sua comunicação, no âmbito pessoal, familiar, comunitário e sociocultural.
Depois de tantas etapas vencidas, ao longo da História, chegamos até os nossos dias. Com toda certeza, com maneiras muito diversas de nossos ancestrais e até de nossos tempos não tão distantes. A comunicação humana é um dos âmbitos da vida atual que mais evolui, sobretudo, nos meios instrumentais a disposição da grande maioria da humanidade.
Basta pensar em todo o mundo da informática, da robótica, da IA… Estamos em outro nível de comunicação humana. Tudo isso tem um grande impacto na vida sociocultural e também eclesial na sociedade contemporânea.
Em nosso momento histórico, provavelmente, o que sobressai na comunicação é a presença efetiva na comunicação nas e das redes sociais. Meio relativamente fácil de operar e acessível a grande parte da população. Todavia, apesar de tantos benefícios que trouxeram para a comunicação sempre mais rápida, eficiente, encurtando o espaço e o tempo, trouxe também algumas consequências não tão benéficas para a vida pessoal e sociocultural. Como a disseminação de inverdades, mentiras, desinformação, fake news, criando desarmonias, desentendimentos, desavenças…
Penso pessoalmente, que, na atualidade, o que mais prejudica uma sadia e proveitosa comunicação, nas redes sociais e até na vida familiar e comunitária, é a formação de uma polarização, pela hostilidade e por extremismos que criam muros, barreiras na comunicação humana.
Por outro lado, porém, percebe-se, ainda que timidamente, pouco a pouco, a percepção de um caminho cujo ponto de partida é a redescoberta do encontro humano como fator fundamental para a construção de uma sociedade nova e uma cultura, uma civilização do amor. Partindo desse ponto central do encontro, vai se entendendo e compreendendo que a comunicação é elemento vital para a construção de pontes, de comunidades e de relações que fortaleçam o sentimento de responsabilidade de todas e de todos com superação das desigualdades e a transformação social.
Para isso, porém, é preciso um esforço prévio de uma verdadeira educação para o bom uso das redes sociais. Trabalho árduo e muito difícil, sem dúvida. Com toda certeza, se faz necessária mobilização de pessoas e instituições que, com responsabilidade, sem ferir direitos garantidos em lei, em torno de modelos de comunicação que valorizem o outro (interlocutor) por meio da escuta, da proximidade, da compaixão e da ternura.
Isso é possível em clima de encontros entre pessoas.