Abastecimento de água em Brusque está garantido até 2026
Com atual estrutura e sem novos investimentos, Samae conseguiria abastecer o município pelos próximos 11 anos
Com atual estrutura e sem novos investimentos, Samae conseguiria abastecer o município pelos próximos 11 anos
A crise hídrica que atingiu o Sistema Cantareira em São Paulo ligou o alerta para os demais municípios do país sobre a importância de pensar, a longo prazo, não apenas na preservação do meio ambiente como também na infraestrutura da rede de abastecimento. Com a estrutura atual – já calculando a nova Estação de Tratamento de Água (ETA II) que está em construção -, o Samae conseguiria atender Brusque até 2026.
A projeção é do diretor-presidente do Serviço Autônomo Municipal de Águas e Esgoto (Samae), Rogério Ristow, e leva em conta o crescimento populacional do município com base nos últimos estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e também com base no Plano Municipal de Saneamento Básico de Brusque.
Atualmente, a principal fonte de captação de água da cidade é o rio Itajaí-Mirim, que abastece 73% da população – a grande maioria localizada na região central. Os outros 27% são captados a partir de sete ribeirões localizados nos bairros Volta Grande, Bateas, Limeira, Zantão, Santa Luzia, Cedro Alto e Dom Joaquim. Estes micros sistemas são responsáveis pelo abastecimento destes bairros e dos bairros próximos.
Cada micro sistema conta com estação de tratamento e reservatório próprios, ou seja, com a soma dos setes bairros, da área central e do novo ETA II, Brusque registra noves sistemas de abastecimento. Ristow explica que os reservatórios funcionam como um pulmão. Nos horários de alto consumo, início da manhã e início da noite, a água é retirada dos reservatórios. Com isto, o nível dos tanques diminui. Passados os horários de alto consumo, os reservatórios são reabastecidos novamente.
A captação e o tratamento de água, no entanto, precisam de outra peça fundamental: as tubulações, que são responsáveis por conduzir a água às residências. Os tubos, inclusive, são citados pelo diretor-presidente do Samae quando o tópico são os investimentos que precisarão ser feitos nos próximos 11 anos para a continuidade do abastecimento no município.
“Temos uma estimativa de aumento de diâmetro da rede de tubulação e de melhorias na rede, para que possamos continuar chegando às casas. Porque cada bairro terá um crescimento populacional X e eles vão começar a consumir muito mais água. Não adiantará apenas produzirmos essa água e não termos tubulação suficiente para gerar e dar conta desse consumo. Há vários estudos de melhoria no diâmetro da rede. Mas vamos fazendo isso aos poucos, porque é muito caro essa recolocação de tubulação”, diz.
Clima
Mesmo que os investimentos na infraestrutura sejam necessários para manter constantemente o abastecimento, Ristow afirma que as empresas também são reféns das condições climáticas. Segundo ele, quando chove torrencialmente por curto período – como as chuva de final de tarde no verão -, a água “não é boa” para o Samae.
“Essas chuvas sujam a água de barro. Então o nível de turbidez fica muito alto. E quando a água está muito barrenta, não dá para fazer o tratamento. Não é essa tromba de água que nos ajuda. O que nos ajuda é uma frequência de água durante todo o ano. Que vai mantendo a vida do ribeirão”, explica.
Preservação dos ribeirões
Além da infraestrutura e do clima, a preservação dos ribeirões e do Itajaí-Mirim também influencia no sistema de abastecimento. Segundo a bióloga da Fundação do Meio Ambiente de Brusque, Pamela Felipim, o ideal para a proteção dos ribeirões é que estejam rodeados por floretas – a chamada mata ciliar.
“Às vezes voltamos os olhos apenas para o Itajaí-Mirim e esquecemos desses afluentes. Precisamos cuidar de todo o manancial. Para preservar os ribeirões, é necessário que haja árvores ao redor. Nós estamos com um programa para recuperar a mata ciliar, com plantação de novas mudas e manutenção periódica. Estamos começando a divulgar para os moradores que têm terrenos próximos a ribeirões”, diz.
Indústria
Cada brusquense consome, em média, 150 litros de água por dia. O diretor-presidente do Samae não sabe especificar a quantidade consumida pelas indústrias do município. Inclusive porque boa parte delas utiliza água de poços artesianos. No relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) na sexta-feira passada, 20, em celebração ao Dia Mundial da Água, estabeleceu-se que a demanda da indústria por água crescerá até 400% entre 2000 e 2050.
Conforme o relatório, projetos de redução de consumo e de aumento na preservação dos recursos hídricos tornam-se fundamentais para o futuro do planeta. Pensando nisto, a Tinturaria Florisa adquiriu recentemente novas máquinas – oriundas da Itália – que reduzem a utilização da água na produção das roupas. De acordo com o coordenador de Recursos Humanos da empresa, Mario Cesar Campos, o consumo reduziu pela metade.
“Captamos água diretamente de um ribeirão para a produção na fábrica e para o consumo próprio utilizamos água de um poço artesiano. Diminuímos muito a utilização de água com as máquinas novas em comparação a quando usávamos as máquinas antigas. Antes era uma quantidade expressiva de água”, afirma.