ADRVale é citada em denúncia envolvendo ministro Manoel Dias

Ministro do Trabalho teria pago serviços partidários com dinheiro de ONG brusquense

ADRVale é citada em denúncia envolvendo ministro Manoel Dias

Ministro do Trabalho teria pago serviços partidários com dinheiro de ONG brusquense

John Siever, ex-dirigente do PDT catarinense, afirma ter recebido salário por serviços partidários de uma ONG brusquense, contratada pelo Ministério do Trabalho. O suposto esquema irregular de pagamento ocorreu em 2008 e durou pelo menos seis meses. A denúncia, em entrevista  ao Jornal Estado de São Paulo, é de que o esquema foi montado pelo atual ministro da pasta, Manoel Dias.

Segundo Siever, ele recebia pagamentos da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Rio Tijucas e Itajaí Mirim (ADRVale), com sede em Brusque. Ele prestava serviços à Universidade Leonel Brizola, instituição bancada por uma fundação homônima ligada ao PDT. Na época, a entidade firmou seis convênios com o Ministério, na gestão de Carlos Lupi (PDT), recebendo R$ 11,3 milhões para qualificação profissional.

Siever informa que, no fim de 2007, teria recebido ligação de Dias, na qual foi informado que seria o responsável pelos núcleos de base do partido e pela Universidade Leonel Brizola. “Minha função era entrar em contato com o pessoal, fornecer o que precisaria para montar as telessalas”, diz. O ex-dirigente disse também que Manoel Dias definiu que seu pagamento seria efetuada pela ADRVale, e que era ‘só ligar lá’, uma vez ao mês, para solicitar o salário. O valor acordado era em torno de R$ 1,3 mil mensais. “A partir daquele momento, no começo de mês, a gente ligava todo mês e cobrava”, conta Siever.
Repasses

Segundo o Portal da Transparência do governo, os recursos do Ministério do Trabalho foram liberados para a ADRVale entre 2007 e 2012. A Polícia Federal chegou a investigar uma das parcerias, mas o caso acabou arquivado por falta de provas.

O trabalho para o ministro se encerrou quando John Siever decidiu ser candidato a vereador pelo PDT, mas o salário permaneceu. Siever diz que continuou recebendo o mesmo valor, e que não sabe as origens do pagamento durante o período de campanha. Ele não foi eleito. 

Em nota, o ministro do Trabalho nega que ADRVale tenha feito pagamentos a Siever. Manoel Dias disse que “não havia fontes de recursos” para John Siever “porque o trabalho era de militante”. A nota oficial diz que o Siever ingressou com ação na Justiça do Trabalho pedindo vínculo empregatício com o partido, no entanto, segundo Dias, “ambas as ações estão extintas e prescritas pelo fato de o reclamante não comparecer às audiências para provar o que alegava”.

John Siever, por sua vez, confirma a existência da ação trabalhista, mas explica que o processo se refere à época em que ele morava na sede do PDT, em 2009, e não aos serviços prestados à Universidade Leonel Brizola. Ele diz realizar serviços de limpeza e manutenção no local, e avalia que isso pode ser caracterizado como vínculo empregatício, mas que depois teria se ‘arrependido’ de ter movido a ação. 

O Ministério do Trabalho não quis dar esclarecimentos sobre os convênios da ADRVale. O de maior valor (R$ 6,9 milhões) consta como “adimplente” no Portal da Transparência do Governo Federal, ou seja, que não conteria irregularidades.

Advogada nega irregularidades

Na época, a ADRVale tinha como dirigentes Gílson José de Oliveira e Militino Angioletti. Oliveira não foi localizado. Angioletti, que ocupava o cargo de gerente executivo da ADRVale, disse que está afastado das atividades da entidade há muito tempo, e que não iria comentar o assunto. Ele informou que quem responde legalmente é a advogada Ana Helena Boos.

Ela, por sua vez, nega qualquer irregularidade. “Esses pagamentos não existiram. Jamais houve utilização de recurso da ADRVale nesse sentido. Inclusive, a entidade está inativa desde 2011, pois não recebeu todos os valores dos convênios firmados com o Ministério do Trabalho”. Ana afirma que o valor devido pelo MT à entidade é de aproximadamente R$ 1 milhão.

O consultor da ADRVale, na época de sua fundação, Danilo Mortiz, informa que desconhece qualquer tipo de pagamento irregular que tenha sido realizado pela ONG. “Duvido que Manoel (Dias), tenha utilizado esses recursos, como está sendo acusado”, disse.
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