Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Alemães: a epopeia de uma imigração – parte 4

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Alemães: a epopeia de uma imigração – parte 4

Rosemari Glatz

Dando sequência a série que tem como objetivo apresentar aspectos da imigração alemã, o tema de hoje discorre sobre origem dos imigrantes alemães e sobre o berço dos badenses de Brusque e Guabiruba. A parte I abordou o início da colonização do rio Itajaí-Mirim; a parte II compartilhou fragmentos do diário de um imigrante alemão, e a parte 3 apresentou uma síntese do crescimento demográfico da Colônia entre a sua fundação até o início da grande imigração italiana, e abordou a questão da religião dos primeiros imigrantes.


A origem dos imigrantes da Colônia Itajahy-Brusque
É difícil indicar com números absolutos o total de imigrantes alemães que entraram na Colônia durante o século XIX. Os imigrantes que chegaram nos primeiros anos estão relacionados nos relatórios do Barão Von Schneeburg, com indicação do local de procedência e profissão do chefe da família. A partir de 1863 as listas estão incompletas e após 1870 as informações são dadas em números globais. Em dezembro de 1862, 115 famílias eram originárias de Baden. Nos primeiros 14 anos da Colônia (1860 a 1874), entraram na área de colonização, com poucas exceções, apenas imigrantes alemães. Até 1874, a população era bastante homogênea, constituindo-se predominantemente de camponeses oriundos de Schleswig-Holstein e do Grão-Ducado de Baden.

Segundo Giralda Seyferth (1974), o farmacêutico Georg Boettger, em manuscrito datado de 1886, afirma que até àquela data havia na região cerca de 250 famílias de imigrantes alemães vindos do Grão-Ducado de Baden; 250 famílias da região de Schleswig-Holstein; umas 15 famílias de poloneses do oeste da Alemanha; 18 famílias da Westfália e Renânia e muitos poucos colonos provenientes de outras regiões alemãs. A partir de 1875, com a chegada, em massa, dos imigrantes italianos, as condições de composição da população alteraram-se por completo.


O Berço dos Badenses de Brusque e Guabiruba
Quase metade dos imigrantes alemães que colonizaram as cidades de Brusque e Guabiruba eram originários do Grão Ducado de Baden, hoje Baden-Württmberg, sudoeste da Alemanha, mais precisamente do Kraichgau. Voltando um pouco na historia, constata-se que Baden já se constituía numa unidade política, étnica e linguistica na época da emigração. Desde o século III, a região fora habitada pelos Alamanos – um povo germânico ocidental, chamados pelos romanos como “o povo de todos os homens” que, mesmo dominados pelos francos do século V até o século X, eram impermeáveis a outras culturas.

Os Alamanos conseguiram preservar a sua língua, que ainda sobrevive. Hoje, os descendentes dos Alamanos estão divididos entre quatro nações: França (Alsácia), Alemanha (Baden e outros lugares), Suíça (alemã) e Áustria. Nestas regiões são falados diferentes dialetos da língua alemã, trazido para Brusque e Guabiruba pelos imigrantes badenses. A história da região de Baden está profundamente ligada ao feudalismo que se difundiu durante séculos, e ao catolicismo, adotado desde o século V quando do domínio franco.

Originalmente, os Alamanos eram pagãos. Mas, por influência dos bispos de Speyer, senhores das terras, a região manteve-se essencialmente católica através dos séculos e, segundo João C. Mosimann (1989), os luteranos que porventura ali aportassem e não se convertessem, eram profundamente discriminados. No Brasil, os imigrantes de Baden perseveraram no catolicismo, o que explica a supremacia quantitativa de templos católicos em relação aos templos luteranos, tanto em Brusque quanto em Guabiruba.

A série Alemães – a epopeia de uma imigração, continua na próxima semana.

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