Março em vias de acabar, e a moçada do Ensino Médio ralando forte, já antecipando a fase que antecede os vestibulares de inverno: frio na barriga, dores de cabeça, tensão total. Daí, leio em post no facebook que uma gentil professora, ligada à área do Português, compartilhou o esboço de uma estrutura que pode ser útil para a estudantada… não demorou muito, e a pergunta veio assim: “Professor, será que é legal mesmo esse esquema que a profe compartilhou? Será que dá pra sair de casa com um ‘esquema’ pré-determinado? “

Vamos por partes, amiguinhos; como Jack, o Estripador, vamos por partes. Primeiro, é importante pesquisarmos novas formas de apreender as matérias – em todas as ocasiões nas quais pudermos fazer isso. Mas também é imprescindível – isto é, es-sen-ci-al – que consigamos criar as nossas formas de aprender; precisamos descobrir como o nosso cérebro funciona. Então, obviamente, analisar o esboço de uma estrutura de texto dissertativo é, sim, uma ótima forma de respondermos a essa necessidade. Sobretudo porque percebemos que, para alguns, aquele método funciona… Não seria interessante se, a partir disso, começássemos a nos perguntar por quê?

Existem alguns, contudo, para os quais não é esse o método mais adequado de trabalhar. Por quê? Porque existe um grupo significativo de alunos que tem dificuldades muitas na elaboração de frases as mais básicas. Para estes, o ideal é que se trabalhe no desenvolvimento de uma estrutura pessoal. É esse aluno – que tem problemas de ordem mais básica, como pontuação, ortografia, sintaxe essencial – que vai criar a SUA estrutura, o SEU esquema.

Ainda assim, todos vocês estão diante de um desafio que não foge a certas regras: o texto vai ter, em média, de 25 a 30 linhas; tais linhas devem render um número não inferior a 12 e não superior a 18 frases. Cuidado!! Frases longas comprometem a clareza do seu texto; e nenhum corretor quer perder-se no emaranhado de frases centopeicas, com 6, 7 linhas de extensão. Nessas condições, o ideal é elaborarmos 4 parágrafos distribuindo esse conteúdo em uma introdução (ou apresentação), um desenvolvimento e uma conclusão. É importante notar as funções básicas de cada uma dessas partes. Seguem alguns comentários complementares sobre tais funções.

Na primeira parte de sua redação deve constar – de forma clara e objetiva – o assunto ao qual você se reporta. Sobre o que você está escrevendo? É a parte na qual fica claro para o corretor o assunto acerca do qual você vai tratar. Além de uma referência bem clara ao seu tema, também é importante citar qual a sua opinião sobre o assunto destacado. O primeiro parágrafo, portanto, deve ter o assunto e o ponto de vista que você vai defender ao longo de sua dissertação.

Os dois próximos parágrafos – o segundo e o terceiro – devem ser elaborados de forma a COMPROVAR a validade do seu ponto de vista. Se, no primeiro parágrafo, a ideia inicial é apresentar (sem se aprofundar!) tema e ponto de vista, no segundo o estudante justifica sua opinião com provas. Essa parte da redação, naturalmente, necessita de argumentos concretos. É bom pensar em usar dados estatísticos, matérias de imprensa e outros casos exemplares que possam justificar concretamente a razão pela qual você defende seu ponto de vista. Será que não tem alguma possibilidade de exemplificar com passagens daquela lista de leituras obrigatórias que você estudou ao longo do semestre?! Se couber o argumento, não vacile: use uma citação.

Ao final do seu texto, é bom tentar concluir resgatando uma parte marcante da sua dissertação. Em geral, não poucas vezes o autor assinala algo relacionado ao seu título, ou ainda utiliza a conclusão para fortalecer a validade de sua tese. Muita gente me questiona se é possível terminar o seu texto com uma pergunta. Perfeitamente possível, desde que a resposta seja tão óbvia, tão claramente relacionada à sua argumentação, que tal pergunta dispense resposta… E então?! Vamos aprender o nosso jeito de aprender?

 

Professor Deschamps

 

 

Imagens publicadas pela professora Tarsila Baylão no Facebook há cinco meses, que viralizou algumas semanas atrás.

“Resumo da Maratona ENEM realizada no dia 22/10. Todos os conteúdos resumidos nos cards são baseados em vários estudos, pesquisas, vídeos do youtube e vivências pessoais que uso para planejar minhas aulas. Isso não é um TCC, por isso a ausência de referências bibliográficas.”