As aulas presenciais e a distância tomaram um rumo muito idêntico nas últimas semanas. Em pouco tempo, as instituições de ensino superior se reinventaram para garantir a produtividade dos alunos. O principal aliado neste momento: a tecnologia. Aulas on-lines no denominado “take-home”, garantiram que alunos da Unifebe, por exemplo, tivessem o mínimo impacto possível durante a pandemia do coronavírus. É um período de reinvenção, pode se dizer, histórico. Autora do livro “Brusque – os 60 e 160: Elementos da nossa História”, Rosemari Glatz presencia um capítulo importante para uma próxima publicação que assinar.
André Groh: O que está sendo feito na Unifebe para minimizar os impactos da pandemia no ensino superior?
Rosemari Glatz: A Unifebe é pioneira no ensino superior em Brusque e com as medidas adotadas pelos governos para prevenção e combate ao coronavírus, reinventou em pouquíssimo tempo o formato de ensino, saindo na frente mais uma vez, com a criação do formato de ensino denominado take-home, que prevê aulas on-line conduzidas em tempo real pelos professores. A tecnologia está sendo aliada nesse momento. O novo método foi implantado com o intuito de viabilizar o reinício das aulas, em 30 de março, utilizando tecnologias de comunicação de ponta. Para garantir o padrão de qualidade Unifebe, as aulas não presenciais são ministradas no horário normal de aula de cada curso e, durante todo o período, os professores das disciplinas ministram o conteúdo, inclusive com registro de presença.
Os alunos contam com a explicação dos nossos professores, porém, não em sala de aula, mas sim cada um de sua casa. O Ambiente Virtual de Ensino Aprendizagem – Moodle é a plataforma base, que permite a utilização de várias ferramentas que facilitam a interação professor/aluno. Para que a interação professor/aluno aconteça de forma mais eficaz, a Unifebe passou a utilizar uma ferramenta que permite uma interação em tempo real, chamada Google Meet, que é um aplicativo do Google que oferece chamadas de vídeo pelo celular ou computador. Por meio do Google Meet, o professor consegue se conectar e interagir com todos os alunos da turma, como se estivessem em uma sala de aula. Os alunos também conseguem interagir com o professor e com os demais alunos da sua turma. Outras ferramentas da web como: Facebook, WhatsApp, Instagram, Socrative, Jamboard, também são utilizadas para conectar professores e alunos nesse momento de excepcionalidade.
Outro diferencial que a Unifebe disponibilizou para seus alunos foi trabalhar, remotamente, os componentes curriculares teórico-práticos, contemplando atividades realizadas em laboratórios de informática. Os alunos e professores conseguem acessar da sua casa, por meio da Virtual Private Network (VPN), os laboratórios e software da Instituição, em dias e horários normais das aulas, sem prejuízo à qualidade e à carga horária.
Importante também que se tenha um olhar para as oportunidades trazidas pelas dificuldades do momento. E eu acredito que o take-home, servirá de referência não apenas para o desenvolvimento dos objetivos de aprendizagem em períodos em momentos de emergência como este, mas também em tempos de normalidade.
A.G.: Existe algum plano para retomada das aulas presenciais?
R.G.: A Unifebe já preparou o seu o Plano de Retorno Gradual às Atividades Presenciais, documento este que, inclusive, já foi protocolado junto ao Governo de Santa Catarina. O Plano de Retorno foi estruturado em três etapas e pressupõe retorno gradual das atividades presenciais na forma orientada no Parecer 05/2020 do Conselho Nacional de Educação:
1ª etapa – retorno de até 25% dos estudantes e docentes que não se enquadram no grupo de risco. Nesta fase retornam as atividades práticas, de laboratório e estágios curriculares obrigatórios. As disciplinas teóricas continuam em formato take-home.
2ª etapa – retorno de até 75% dos estudantes e docentes que não se enquadram nos grupos de risco. Nesta fase retornam as atividades práticas, de laboratório e estágios curriculares obrigatórios. Parte das disciplinas teóricas continuam em formato take-home.
3ª etapa – retorno de 100% dos alunos e docentes às atividades presenciais.
O documento prevê ainda protocolos de saúde, voltados ao combate e à disseminação da pandemia da Covid-19 com a adoção de medidas de higiene, de acordo com as orientações dos órgãos de saúde e estamos estimando que em agosto possamos retomar com 100% das atividades presenciais, conforme sinalizado no Decreto do Governo de Santa Catarina nº 630, de 01/06/2020.
A.G.: Como o ensino superior deve se reinventar nos próximos meses?
R.G.: Não existe fórmula pronta para a reinvenção. E se existe algo que se confirmou com essa crise é que cada caso é um caso, e o modelo de ensino que serve para uma instituição de ensino pode não ser o adequado para outra. Nós conhecemos bem a nossa região. Conhecemos a comunidade, sabemos da economia e, como temos uma relação muito próxima com nossos alunos e famílias, tínhamos certeza de que precisávamos encontrar uma solução caseira para retomar as aulas de modo não presencial garantindo nosso padrão de qualidade de ensino. Foi assim que nasceu o “take-home’” que, assim como a Unifebe, é nosso, é daqui. E essa inovação criada em poucos dias hoje é razão de orgulho para todos, não só para a Unifebe, mas também para a comunidade regional. Foi num momento de grande provação que, em pouquíssimo tempo, nos reinventamos e conseguimos desenvolver internamente, com profissionais especialistas das diversas áreas da própria instituição, um método exclusivo e personalíssimo de ensino, garantindo a excelência do nosso ensino. Isso é se reinventar.
A.G.: No mercado de carreiras, qual sua aposta para as profissões mais procuradas e por quê?
R.G.: Em minha opinião, as profissões ligadas à tecnologia da informação e ao mundo digital, inteligência artificial, ciência de dados, profissões ligadas à gestão, as engenharias, os designers, as áreas de saúde e a docência (professor) são as que profissões que terão maiores demandas, pois é o que sinaliza o mercado mundial. Muitas profissões já exigem conhecimentos que não são específicos apenas de uma área e, por isso, o profissional de sucesso precisa de habilidades, de competências analíticas e criativas, precisa desenvolver a resiliência e investir em formação continuada.
A.G.: Só em Brusque, os pedidos de seguro desemprego aumentaram 89% em abril. Como a Unifebe está preparada para garantir a permanência nos estudos de alunos que forem economicamente afetados pela crise?
R.G.: No que se refere às ações econômico-financeiras, a Febe elaborou o Plano Financeiro Covid-19. O plano prevê o parcelamento de mensalidades, não negativação dos inadimplentes nas instituições protetoras de crédito, e a não cobrança de juros e multas nas mensalidades correspondentes ao período de pandemia. Criamos um canal direto de negociação para alunos e famílias que foram afetados com a pandemia da Covid-19. Cada caso é analisado de forma individual e com análise personalíssima, atendendo as necessidades de cada estudante. Também firmamos convênio com a empresa Fundacred para proporcionar crédito financeiro estudantil com financiamento de até 30% (trinta por cento) das mensalidades dos alunos dos Cursos de Graduação que comprovarem redução do percentual da renda bruta familiar em decorrência da pandemia, e para os alunos que estão classificados em lista de espera do Programa de Bolsas de Estudo do Governo do Estado de Santa Catarina – Programa Uniedu. Todas as alternativas possuem regulamentos específicos e visam a permanência dos estudantes no ensino superior.
A.G.: Houve alguma mudança estratégica no projeto “50 Parcerias Municipais pelo Clima” com o governo alemão?
R.G.: O projeto “50 parceiras Municipais pelo Clima” é uma parceria firmada entre a Prefeitura de Brusque e o Distrito de Karlsruhe, e a Unifebe é uma das entidades que integra o projeto. Temos mantido contato com os parceiros alemães e, até o momento, desconhecemos quaisquer mudanças estratégicas no Projeto.
A.G.: Como historiadora e pesquisadora, de que forma a senhora vê este período sendo contado e prescrito nos livros de histórias para as próximas gerações?
R.G.: Como o tempo em que algumas profissões foram resgatadas e novamente valorizadas, como o professor e o profissional da saúde. Um tempo em que as pessoas se deram conta do quão distante estavam “da vida real”. De que é preciso equilibrar saúde e economia. Em que aprendemos que é possível fazer mais com menos e mais ligeiro. Em que as relações pessoais ainda são o mais importantes do que as virtuais. De que o mundo já não é mais o mesmo. De que foi preciso uma pandemia para que muitos compreendessem que a escola ou universidade não é só um prédio. Em que a sociedade redimida voltou a valorizar o verdadeiro herói e exemplo da nossa sociedade: o professor.