Aos 81 anos, barbeiro Darossi relembra trajetória de quase sete décadas na profissão
Ele começou a trabalhar com o pai e chegou a Brusque em 1955
Aos 81 anos, barbeiro Darossi relembra trajetória de quase sete décadas na profissão
Ele começou a trabalhar com o pai e chegou a Brusque em 1955
- 01/02/2019
- 5:09
Quem é brusquense ou já mora em Brusque há muito tempo com certeza conhece o mais antigo barbeiro da cidade. Ordemar Santo Darossi, o seu Darossi, completa 69 anos de profissão em 2019 e, com quase sete décadas de atuação, é referência para muitas famílias que frequentam a barbearia há gerações. Aos 81 anos, ele relembra sua trajetória e se emociona com o carinho que recebe dos clientes e amigos.
O ofício ele aprendeu com o pai, que era barbeiro em São João Batista. Ainda criança, aos 11 anos, ele se lembra de já ajudar na barbearia, segurando a lamparina para iluminar os clientes enquanto o pai fazia o corte de cabelo e barba dos homens. “Eu ‘alumiava’ o pai à noite”, conta Darossi, “e naquela época não existia escola de barbeiro, quem aprendia, aprendia com o pai”.
Eram tempos diferentes, em que se trabalhava de terno e gravata. Depois dos cinco anos que em que auxiliou na barbearia do pai, que já ficava sob sua responsabilidade desde que tinha 13 anos, decidiu tentar a vida em Brusque. Mudou-se para a cidade em 2 de janeiro de 1955, e conseguiu trabalho com os barbeiros Alfredo e Anselmo Modesti. “Nos demos muito bem, sempre tive eles como da família”, diz.
Mais cinco anos se passaram até que Darossi abrisse sua primeira barbearia, na avenida Cônsul Carlos Renaux, no Centro, onde permaneceu por 32 anos. Nesse meio tempo, o barbeiro constituiu família em Brusque. Conheceu, namorou e casou-se com a esposa, Norma, com quem teve dois filhos, Fabiano e Fabrício. “O mais velho faleceu ainda criança, com dois anos. O outro mora na Itália há 15 anos, é enfermeiro”, conta ele, com orgulho.
Quando mudou-se para Brusque, Darossi não tinha a intenção de ficar: era para ser temporário, um período de aprendizado, apenas três meses. Mas, quando já fazia um certo tempo que havia saído de casa, recebeu uma visita do pai, que perguntou se ele iria voltar para São João Batista.
“Minha casa já era Brusque. Falei para ele que não ia esquecer do pai, da mãe, dos irmãos, mas essa já era minha segunda casa”, relembra. “Se não fossem meus pais, eu não estaria aqui hoje. Eles me ensinaram muito”, diz o barbeiro, que é o terceiro dos 17 filhos que os pais tiveram.
Carinho especial
Para Darossi, todos os clientes que já passaram por ele são especiais e, com quase 70 anos na profissão, não foram poucas as pessoas que tiveram os cabelos ou barbas aparadas por ele.
“Todo mundo é muito importante, dos mais humildes aos mais ricos. Fico até bobo com o carinho que Brusque tem por nós [da barbearia].”
Em muitas famílias brusquenses, o barbeiro passa de geração em geração: pais que são clientes antigos de Darossi levam os filhos para serem atendidos por ele. Muitos de seus clientes já frequentam a barbearia desde crianças ou adolescentes, também levados pelos próprios pais.
Ele relembra que fez também, diversas vezes, o primeiro corte de cabelo de bebês: “Já fizeram até foto, para registrar o momento”, conta. Houve também dias em que cortou o cabelo de senadores e ex-governadores, como Ivo Silveira, que foi governador do estado entre 1966 e 1971.
Para Darossi, o amor pelo trabalho vem em primeiro lugar. Ele brinca que já falou isso até para a esposa, que é bastante compreensiva com ele. A barbearia atende de segunda à sábado, das 7h às 20h. Além de Darossi, dois outros barbeiros trabalham no local, atendendo aos clientes.
Local, inclusive, que é o mesmo há quase 30 anos. Depois de mais de três décadas na avenida Cônsul Carlos Renaux, Darossi mudou o estabelecimento para a rua Adriano Schaeffer, no Centro de Brusque, numa sala própria onde atende desde 1991.
Além de ser referência para os profissionais da área na cidade, ele também recebeu reconhecimento por parte do município. Em 2015, Darossi recebeu a Comenda do Mérito Profissional da Câmara de Brusque. A homenagem veio pelos 65 anos de profissão, que ele completou naquele ano.