Apenas cinco pessoas foram internadas neste ano pelo Caps-AD
Locais, geralmente localizados em fazendas, visam ajudar na recuperação dos dependentes químicos
Locais, geralmente localizados em fazendas, visam ajudar na recuperação dos dependentes químicos
Utilizadas para auxiliar os dependentes químicos, as comunidades terapêuticas também integram a gama de alternativas de recuperação oferecidas pelo Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD) de Brusque. Neste ano, o local encaminhou cinco pessoas às instituições.
Dos cinco dependentes, duas são mulheres e três são homens. As mulheres foram encaminhadas para a comunidade Redenção, de Camboriú, e os homens para as comunidades Desafio Jovem Monte das Oliveiras, de Gaspar (dois), e Alto Vale, de Chapadão do Lageado (um).
As três instituições são escolhidas pelo Caps-AD a partir de convênio com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) e com o projeto Reviver, do governo do estado. O Reviver, segundo o coordenador do Caps-AD, Jorge Odélio Schneider, encerrou o convênio há cerca de dois meses.
Desde o início de 2014, data em que Schneider assumiu a coordenação do órgão, 24 dependentes químicos foram encaminhados para cinco comunidades terapêuticas. Além dos encaminhamentos para a Redenção, para o Desafio e para o Alto Vale, também ocorreram encaminhamentos para o Centro de Recuperação Nova Esperança (Cerene), em Ituporanga, e para o Centro Especializado em Reabilitação de Toxicômanos e Alcoolistas (Certa), de Camboriú.
“É um número baixo de encaminhamentos porque geralmente resolvemos a situação do dependente aqui no Caps mesmo. Aqui nós temos muitos tratamentos, a comunidade é mais para o dependente se retirar daquela rotina diária”, afirma Schneider.
Antes de encaminhar os dependentes químicos às comunidades, o Caps-AD realiza uma avaliação multidisciplinar. De acordo com o psiquiatra Humberto Martins Fornari, a principal análise está relacionada ao padrão de uso.
“Baseado no padrão, independentemente da droga, nós fazemos a análise. Se uma pessoa fuma dez baseados por dia, isso é um padrão muito alto. Em análise, nós discutimos e se o usuário aceitar, nós encaminhamos. Antes disso, nós já havíamos percebido que ele não conseguia se recuperar apenas no Caps”, explica Fornari.
Para o psiquiatra, como o Caps-AD atende somente durante o dia, o dependente químico acaba voltando à rotina e aos problemas do dia a dia. Porém, quando internado na comunidade terapêutica, ele passa meses apenas no mesmo local. O que, explica Fornari, auxilia na recuperação.
“A dependência é algo complicado. Precisa da vontade do paciente em parar, porque é uma doença. A partir do momento que transforma as conexões cerebrais com o uso da droga é difícil fazer ele parar de usar. No início, o usuário vai atrás do prazer, mas ele também usa para evitar a sensação do desprazer. Essa segunda é mais intensa do que a busca pelo prazer”, explica.
Normalmente, afirma o psiquiatra, os pacientes passam de seis a nove meses nas comunidades terapêuticas. Durante todo esse período, mesmo que estejam em outros municípios, eles são monitorados pela equipe do Caps-AD. O órgão, inclusive, é responsável pelo transporte dos usuários.
“É muito importante que a gente acompanhe o processo de recuperação deles. Até porque quando eles voltarem, nós vamos ajudá-los a se reintegrar na sociedade. Quando eles voltam, eles se deparam com novos desafios e com problemas de desemprego e de falta de dinheiro. Alguns também não têm apoio familiar, por isso é fundamental o nosso apoio”, diz.
O psicólogo do Caps-AD, Tony de Oliveira Cunha, também valoriza o apoio da comunidade terapêutica no processo de reabilitação dos dependentes.
“Um atendimento fora daqui é fundamental. Como não temos atendimento 24 horas, as comunidades terapêuticas são ideais. Quando o usuário frequenta o Caps, mas fica com vontade de usar droga, ele usa depois do atendimento daqui, mas quando ele está internado, ele não tem acesso a isso”, afirma.
Funções da comunidade
As comunidades terapêuticas têm como função principal fazer com que o dependente químico fique em abstinência total do consumo de substâncias psicoativas.
No Centro Especializado em Reabilitação de Toxicômanos e Alcoolistas (Certa), de Camboriú, que dispõe de uma fazenda para os pacientes, há atividades como atendimento psicológico individual e em grupo, atividades litúrgicas, palestras e atividades físicas.
Caps-AD
Desde a fundação, o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD) de Brusque já atendeu cerca de 900 pacientes. Os principais objetivos do órgão são recuperar o usuário e reintegrá-lo à sociedade. Localizado na avenida Augusto Bauer, bairro Jardim Maluche, 7, o local atende das 8h às 18h, exceto nas quartas-feiras pela manhã.