Argentina atravessa Brusque, Guabiruba e Botuverá enquanto percorre trilha de 4 mil quilômetros entre RJ e RS
Julieta Santamaria iniciou longa trilha há nove meses e espera concluir trajeto no começo de 2025
Julieta Santamaria iniciou longa trilha há nove meses e espera concluir trajeto no começo de 2025
A argentina Julieta Santamaria, de 26 anos, está percorrendo o Caminho da Mata Atlântica, uma trilha de 4 mil quilômetros entre o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul. O percurso envolve Brusque, Guabiruba e Botuverá. Julieta chegou nas cidades na semana passada e seguiu a caminhada rumo à divisa entre Santa Catarina e o RS nesta semana.
O Caminho da Mata Atlântica é uma trilha de longo percurso que inicia no Parque Estadual Desengano, no Rio de Janeiro, e termina no Parque Nacional Aparados da Serra, no Rio Grande do Sul. O trajeto também pode ser feito no sentido inverso.
Julieta, natural da região metropolitana de Buenos Aires, iniciou o longo percurso pela trilha brasileira em março, pelo RJ. A previsão é cruzar todos os 4 mil quilômetros até os primeiros meses de 2025. Quando concluir, ela será a primeira pessoa a percorrer o Caminho da Mata Atlântica de ponta a ponta.
“Foi um desafio pessoal. O fato de ser a primeira pessoa a percorrer o caminho também me motivou. Eu não teria com quem me orientar sobre todo o caminho, porque ninguém tinha feito ainda. Um amigo me apresentou o projeto”, conta a argentina.
A imensa trilha tem Brusque, Guabiruba e Botuverá no roteiro. O principal objetivo era passar por dentro do Parque Nacional Serra do Itajaí, mas isso ainda não é possível por questões que envolvem indenizações de terras. Julieta, na ocasião, não conseguiu cruzar o parque catarinense durante o trajeto.
A argentina passou pela região do Parque Municipal das Grutas e Cavernas de Botuverá, depois pelo Recanto Feliz, pelo Centro e cruzou trilhas até Guabiruba. Para deixar Brusque, seguiu pela região do Moura rumo ao Litoral catarinense.
A maior parte do trajeto já foi concluída. Muito antes de chegar em Brusque e região, Julieta enfrentou desafios, sobretudo nas trilhas de São Paulo. O trecho paulista do Caminho da Mata Atlântica era de mata fechada, com necessidade de uso de facão para auxiliar a abrir caminho.
Além do desafio pessoal de atravessar o Caminho da Mata Atlântica, a intenção de Julieta é divulgar o trajeto visando a preservação do meio ambiente e conhecer a cultura local das cidades por onde passa. Por isso, ela não caminha todos os dias. Desta forma, Julieta para em alguns destinos durante o trajeto e faz amizades.
“Quando eu comecei, tentei fazer um planejamento mais longo, mas não deu certo. Agora, eu planejo por uma semana. Quando passa, paro um dia e planejo a próxima semana. Vejo que assim é bem melhor do que fazer um planejamento por três meses sobre um lugar que não conheço”, comenta.
Em Brusque, ela foi recebida na casa de Ivo Leonardo Schmitz, que integra a diretoria da Associação de Ecoturismo, Preservação e Aventura do Vale do Itajaí (Assepavi) e é um dos dos coordenadores nacionais do projeto Caminho da Mata Atlântica.
Quando esteve em Guabiruba, Julieta foi conhecer o desfile Natal Mágico, realizado no dia 30 de novembro. Além disso, no dia seguinte, ela participou da 1ª Corrida do Pelznickel, ocasião em que ouviu falar pela primeira do Papai Noel do Mato.
Ivo Leonardo explica que, anos atrás, se entendia que preservar as áreas naturais passava por isolá-las. No entanto, com o passar dos tempos, essa percepção mudou. Enquanto pessoas que tinham interesse em preservar o meio ambiente respeitavam a proibição de acesso, pessoas que agiam de má-fé tinham “acesso exclusivo” às áreas naturais.
Desta forma, iniciou-se um movimento para levar as pessoas interessadas na preservação para dentro dessas áreas. Assim, elas podem contribuir na prática. O Caminho da Mata Atlântica surge em um cenário que visa motivar as pessoas a cuidar do meio ambiente.
“O principal objetivo do projeto Caminho da Mata Atlântica é apresentar toda uma biodiversidade para as pessoas e trazê-las mais próximas da natureza. Estudos indicam que, quanto mais as pessoas conhecem a natureza, mais elas protegem o meio ambiente”, explica Ivo Leonardo.
Para existir, o grande projeto nacional conta com grupos de voluntários, como Ivo Leonardo, que recebeu Julieta durante o percurso. Além disso, a ideia é fazer com que o turismo rural seja visto como uma atividade que gere renda para os empreendimentos que atuam nos interiores, contribuindo não só para o meio ambiente, mas também para economia.
O Fusca que transformou a vida de Godofredo, o primeiro delegado da história de Guabiruba: