Associações de Brusque enfrentam dificuldades para investir em atletas com deficiência
Ausência de uma competição municipal que envolva este grupo específico de atleta é um dos motivos para a falta de incentivo
Ausência de uma competição municipal que envolva este grupo específico de atleta é um dos motivos para a falta de incentivo
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 24% da população têm algum tipo de deficiência, o que representa 45,5 milhões de cidadãos. Contudo, encontrar deficientes nas ruas da cidade não é fácil, sinal de que grande fatia dos membros desta estatística ficam a maior parte do tempo dentro de casa.
O esporte, como pôde ser observado na Paralimpíada do Rio de Janeiro, é uma das mais fortes ferramentas de inclusão social para as pessoas com deficiência. Em Brusque, pelo menos cinco associações proporcionam o paradesporto, mas ainda encontram dificuldades em diversos aspectos, como convencer esses potenciais atletas a começarem uma atividade física ou conseguir recursos públicos e particulares para que estes projetos sigam existindo. O município ainda esbarra na falta de incentivo ao esporte para deficientes, e um exemplo é ausência de uma competição municipal que envolva este grupo específico de atletas.
Brusque tem um trabalho pioneiro e referência com atletas do segmento de Deficiência Intelectual (DI), e conquistou resultados importantes nessa classe na principal competição paradesportiva do estado, o Parajasc. Além disso, conta com grupos que buscam seus espaços por meio do esporte amador nos segmentos de Deficiência Visual (DV), Deficiência Auditiva (DA) e Deficiência Física (DF).
Falta de especialização
As principais dificuldades do paradesporto em Brusque dizem respeito à falta de profissionais especializados para lidar com atletas e garimpar novos talentos. Para Delmar Tondolo, que há trinta anos atua na área de esportes da prefeitura, o desenvolvimento do desporto paralímpico só acontecerá no município quando houver um profissional com experiência dentro da Fundação Municipal de Esportes. “Esse seria o grande passo. É um trabalho diferente, porque o trato com o pai de um deficiente é outro, não é o mesmo que se faz com um atleta sem deficiência”, explica.
Segundo Tondolo, havia a ideia de se realizar um campeonato municipal entre as associações de atletas deficientes, mas o evento acabou não sendo realizado.
Experiência paralímpica
Técnico da Associação das Pessoas Deficientes de Brusque (Apedeb), Gustavo Josende Caetano teve uma experiência e tanto para transmitir aos seus atletas do basquete em cadeira de rodas. Ele foi convidado pelo Serviço Social do Comércio (Sesc) nacional para acompanhar a modalidade na Paralimpíada do Rio.
Ele não apenas assistiu aos jogos como teve a missão de avaliar a acessibilidade das arenas e do transporte público. Sobre as partidas, Caetano diz que tem muito o que evoluir com seus atletas. “Tenho muita coisa de técnica e tática para passar para eles. Claro que não dá para cobrar o mesmo desempenho, a equipe ainda é amadora, mas já dá para aperfeiçoar”, diz.
Caetano explica que a função de incentivar os atletas deficientes físicos é difícil e por vezes a ideia sofre rejeição. “O trabalho de convencimento não é fácil. Se a pessoa já praticava esportes antes de se tornar um deficiente físico, há mais probabilidade de ele entrar no paradesporto, do contrário, é complicado”, explica. A Apedeb recebe o apoio do Sesc
DI luta pelo próprio espaço
Apesar de ter o maior volume de atletas da cidade, o segmento de DI encontra barreiras além das proporcionadas pelo próprio esporte.
Presidente da Associação dos Pais e Voluntários dos Atletas Especiais de Brusque (Apvaeb), Marcos Maestri falou sobre a falta de suporte do poder público para o trabalho realizado no grupo. “Nós recebemos uma bolsa-atleta de R$ 500 do município. Isso é muito pouco pra pagar professores de natação, basquete, atletismo, bocha, além de combustível e manutenção de equipamentos. Se dependêssemos apenas disso, a associação não existiria”, afirma.
Para manter as atividades com os cerca de 63 atletas, Maestri explica que são feitas diversas ações paralelas. “Temos publicidade no nosso veículo, vendemos o espaço para empresas colaboradoras, além do trabalho com as mães do projeto que conseguem sempre uma boa arrecadação, e com isso conseguimos arrecadar uns R$ 6 mil mensais”, diz.
Responsável pelo Projeto Transcender, o professor José Antônio Gonçalves Rios começou com o paradesporto em 2003 em Brusque. Porém, buscando uma melhor estrutura, Rios migrou o grupo para defender Itajaí nos Parajasc. “O trabalho precisa de uma estrutura que Itajaí consegue nos proporcionar. Em tempos de competição, por exemplo, não ficamos alojados em escolas, e sim em hotéis, o que é uma qualidade de vida muito melhor para o atleta com deficiência”, diz.
As associações de paradesporto em Brusque e região: