Atenção eleitor: quem discursa agora contra o governo pode se unir a ele em 2018
Desabafos diversos
A crise política que atingiu o governo Jonas Paegle neste início de abril criou um espaço para diversas manifestações da classe política, dos mais variados setores. Políticos “da antiga” e também os que ainda tentam galgar um lugar ao sol apressaram-se a vociferar contra o prefeito e seus partidários, ou contra aqueles que o criticam. As redes sociais estão inundadas de desabafos. Difícil é essa indignação toda perdurar até 2018, quando alianças espúrias certamente precisarão ser feitas para garantir o eleitorado necessário.
Sapos a engolir
É mais do que provável que boa parte desses que hoje criticam o prefeito e seu partido, o PSB, ou mesmo contra o partido do vice, o PMDB, possam vir a se unir a eles nas eleições de 2018. Aqueles que discursam terão, como já tiveram que fazer outras vezes, de engolir sapos e seguir a vida, retirando as palavras, colando o adesivo no peito e apertando a mão em fotos sorridentes. A política, como arte da hipocrisia, é imbatível.
Capital é que manda
Isso acontecerá porque, salvo raras exceções, quem decide o que os partidos farão nas eleições gerais de 2018 são os diretórios estaduais. Nos municípios, os partidos lançarão os candidatos e terão que coligar com quem a capital indicar. Tanto é que é de interesse dos diretórios estaduais que os municípios não tenham diretórios formados, apenas comissões provisórias, o que possibilita colocar uma marionete no comando da sigla.
De olho
Portanto, é altamente recomendável que o eleitor brusquense fique de olho dos discurso políticos de agora: em tempo de crise, é muito fácil ser pedra e não vidraça. O eleitor deve seguir os passos de seu eventual candidato e analisar se, ao se aproximarem as convenções partidárias de 2018, ele terá ou não mudado de ideia; se manterá ainda sua indignação e ainda terá soluções fáceis para os problemas da prefeitura.
Troca de comando
Neste domingo, 9, o PT de Brusque realizará eleições internas. Com chapa única, a troca de comando do partido no município deverá ser realizada de forma tranquila. O atual presidente, Felipe Belloto, ex-vereador, passará o bastão para Cedenir Simon, ex-chefe de gabinete do governo Paulo Eccel, que hoje atua junto ao deputado federal Décio Lima.
Processo judicial eletrônico
O Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC) aprovou a resolução que implanta o Processo Judicial Eletrônico (PJe) no âmbito da Justiça Eleitoral catarinense. Durante a fase inicial, que compreenderá um período mínimo de 90 dias, o uso do sistema será facultativo. A partir de 7 de julho deste ano, seu uso se tornará obrigatório para algumas classes processuais, para as quais não mais serão aceitas petições entregues em papel na sede do TRE-SC.
Nos municípios
A ampliação do uso para todas as classes acontecerá após esse prazo. Já a instalação nas zonas eleitorais localizadas nos municípios será realizada em um momento posterior, ainda a ser determinado. Conforme previsão do Tribunal Superior Eleitoral, até o ano de 2019 o PJe deverá estar implementado em todas as zonas eleitorais do país.
EDITORIAL
Governo municipal catatônico
Tal qual um médico observa seu paciente para fazer um diagnóstico, a população de Brusque observa apreensiva os movimentos, ou a falta deles, no novo governo municipal, para poder entender de que mal ele padece. Pelos sintomas apresentados até aqui, podemos chegar à conclusão que o governo está catatônico.
A catatonia é um termo da literatura médica e pode ser descrita como uma perturbação do comportamento motor que pode ter tanto uma causa psicológica ou neurológica.
A sua forma mais conhecida envolve uma posição rígida e imóvel que pode durar horas, dias ou semanas. Mas também pode se referir à agitação motora sem propósito mesmo sem estímulos ambientais. Uma forma menos extrema de catatonia envolve atividade motora muito lenta.
Os primeiros sintomas vieram logo após a posse, com a polarização do poder entre o padrinho político, Ciro Roza e o genro do prefeito, Denisio Nascimento.
As divergências começaram nos espasmos de um dos lados do governo, que iniciou a avenida Beira Rio. Como em todo espasmo, as ações não eram coordenadas, não havia projeto, foram iniciadas no grito. Esta agitação motora, sem propósito consistente, durou até a saída de Ciro do governo.
O prefeito está de frente para Brusque, com Denisio ao seu lado, mas tem o olhar perdido voltado para Ciro
Sem Ciro, a prefeitura, tal qual um catatônico, ouve bem, mas não responde. A comunicação com ela tem sido uníssona, feita por notas, sem esboçar reações contundentes em relação às solicitações da imprensa relativas a temas importantes.
Não sabemos exatamente a causa desta posição imóvel, que já dura horas, semanas e completa 100 dias de mandato na próxima segunda-feira.
Neste período tão longo, já comprometeu membros importantes de seu corpo, como muitas secretarias, que por falta de horizonte, estão paralisadas. Desde o início do ano, somente uma ou duas reuniões de secretariado foram feitas.
A confirmação deste quadro foi nesta semana, com a denúncia do então procurador Mário Mesquita sobre a solicitação da contratação do Instituto Aquila por meio de dispensa de licitação. O caso foi ganhando dimensão e chegou até a mídia estadual, sem uma reação à altura de um governo municipal.
O prefeito está de frente para Brusque, com Denisio ao seu lado, mas tem o olhar perdido voltado para Ciro. Nem todos concordam com o prognóstico a ser seguido nestes casos. Há quem diga que Ciro, fora do governo, prefere um tratamento de choque, trabalhando nos bastidores para pressionar ainda mais o paciente.
Já Denisio é mais comedido e quer a recuperação em doses homeopáticas, e vem sofrendo críticas ao método pouco indicado para o caso.
A verdade é que o atual estado do prefeito Jonas não está agradando nem a oposição nem a situação, que por meio dos vereadores Claudemir Duarte, o Tuta (PT) e Ivan Martins (PSD), respectivamente, se manifestaram na tribuna da Câmara de Vereadores na terça-feira. Ivan foi além da crítica e questionou publicamente o poder do prefeito.
Além desta divisão principal de poder entre Ciro e Denisio, a prefeitura ainda tem grupos de mesmo partido e de partidos diferentes que disputam este vácuo de poder para ampliar os seus. Assim, divergindo em relação a ações que precisam ser feitas ou sabotando iniciativas que não lhes convêm, vão ajudando a manter a prefeitura imóvel.
O prefeito é médico. Sabe todos os sintomas de um catatônico e também o que está acontecendo à sua volta. Precisa o mais breve possível tomar as rédeas da situação.
O remédio é amargo: assumir o comando, criar o seu grupo de confiança e apresentar um projeto para o futuro de Brusque, sem babar em desculpas. Brusque não merece e não pode continuar com esta enfermidade.