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Aumento no número de cervejarias artesanais é comemorado pelo setor

Maior organização de pequenos produtores e mudança de paladar são desafios

A demanda crescente por cervejas artesanais se reflete nos números atingidos pelo setor no ano de 2018. Por estimativa da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) o crescimento no número de empresas foi próximo dos 30%, com mais de 900 cervejarias dedicadas ao modelo produtivo em operação no ano passado.

O panorama é reforçado pelo coordenador do Núcleo de Cervejeiros Artesanais (Nucervarte), Cícero Klas. A entidade é ligada a Associação das Micro e Pequenas Empresas de Brusque e Região (AmpeBr).

Segundo estimativas dele, com base no acompanhamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), só até o mês de setembro, 160 novas cervejarias haviam sido abertas no país. A região Sul concentra 80% delas. Segundo ele, o custo com os equipamentos, exigências para produção comercial e a tributação próxima de 40%, estão entre os principais entraves para o setor.

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Klas, que também coordenada a Cooperativa Cervejeira Sul – Brasileira (Cocersul), acredita que na região de Brusque e Blumenau, o panorama não é diferente, muito por influência da colonização germânica e de um movimento de resgate cultural. Com o panorama, ele destaca também um aumento na procura de investidores a projetos ligados às cervejas artesanais.

O fato de Blumenau ter sido escolhida a Capital Nacional da Cerveja, em 2017, é indicado como um ponto importante neste movimento. De acordo com ele, o perfil gera turismo e mais consumo da bebida. “É um mercado promissor e em um momento correto”.

Mercado para explorar
O perfil da produção, afirma, ainda é dominado por pequenos produtores. “Estamos trabalhando para organização e estímulo ao cervejeiro caseiro. Quando abre uma microcervejaria, orbitam vários produtores caseiros”.

Klas afirma que o mercado da cerveja artesanal está em um momento de expansão. Hoje, ele reconhece o foco da maioria das empresas em nichos de público, que buscam, além da qualidade, produtos mais sofisticados.

Para mudar o perfil produtivo de um hobbie para comercial, ele destaca a necessidade de um aumento no consumo. A demanda e a tentativa de organizar o desenvolvimento do setor levou a criação da cooperativa, que conta com 40 cooperados.

A entidade ainda está sendo constituída e uma assembleia para definição do estatuto interno deve ocorrer no sábado, 12. Com a atuação do grupo, compras de insumos com custos menores também deve estimular a atuação de pequenos cervejeiros.

Mudança de paladar
Com mais de 15 anos de produção, a Zehn Bier é uma das experiências de produção de cerveja artesanal local que consegue ter uma produção comercial. Segundo o diretor, Fernando José de Oliveira, o panorama de crescimento de cervejarias foi acompanhado pelo consumo do produto. No caso deles, o volume de vendas cresceu cerca de 10%.

Para Oliveira, mesmo com o crescimento, ainda há espaço para o produto no gosto nacional, mas isso passa por uma mudança de comportamento.

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“O mercado brasileiro ainda é muito pequeno e temos muito o que crescer, apurando o paladar do consumidor. Quem muda a maneira de consumir cerveja dificilmente volta para uma cerveja industrial”.

Na avaliação dele, o aumento na produção de cerveja artesanal é positivo para o setor em geral. O tempo exigido para produção é outro elemento que influencia no abastecimento. Entre a produção, fermentação e maturação de uma cerveja pilsen são necessários 22 dias. Ela é um dos tipos que fica pronto para o consumo de forma mais rápida.

Como a maior parte dos produtores não conseguem fornecer produtos em grande escala, afirma ser comum haver um rodízio entre as marcas e tipos de cervejas. “Quanto mais gente produzindo e consumindo, melhor vai ser para quem já está neste mercado. Eles vão consumir os produtos um do outro e estimular ainda mais este crescimento”, descreve.