Baixa no preço do eucalipto faz agricultores diversificarem produções

Produtores estão partindo para outras culturas para sobreviver no mercado

Baixa no preço do eucalipto faz agricultores diversificarem produções

Produtores estão partindo para outras culturas para sobreviver no mercado

A alta oferta no mercado e a crise econômica nacional fizeram com que o preço do metro cúbico do eucalipto, árvore utilizada em muitos reflorestamentos na região de Brusque, ficasse estagnado nos últimos anos. Diante desta situação, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) tem recomendado aos agricultores que diversifiquem a sua produção.

Geraci Paulini, de Botuverá, trabalha com o reflorestamento há cerca de 15 anos e é um exemplo desta situação. Segundo ele, pelo menos desde 2007 o preço do metro cúbico da árvore está congelado e, ultimamente, vem caindo. “Além de não aumentar, baixou. Eu vendia o metro em pé a R$ 30 e hoje consigo, ‘apurado’, R$ 25”, afirma.

Paulini diz que neste meio tempo o custo da produção do eucalipto aumentou bastante. Por exemplo, em 2007, um trabalhador para realizar a retirada das árvores custava R$ 20, atualmente, o preço é de cerca de R$ 120. Outro item que agrega despesa é o adubo. O preço de um saco quadruplicou nos últimos oito anos.

Assim como Paulini, José Luiz Colombi, o Nene, também trabalha com o plantio de eucalipto. “Está bem complicado mesmo, porque não tem reajuste no preço há alguns anos”, afirma. Nene exemplifica a situação: há um ano e meio vendeu uma área de reflorestamento por R$ 30 o metro em pé; há dois meses, ou seja, um ano e quatro meses depois, a mesma venda saiu por R$ 25.

A reclamação do agricultor é a mesma de Paulini: os custos para o cultivo do eucalipto aumentaram muito durante este período. Com isso, a situação tem ficado mais complicada. Alguns apostam no cavaco (lenha picada) para agregar valor ao material e facilitar a venda, mas neste mercado já há uma oferta sobressalente. Aí entra a regra de mercado de quanto maior a oferta, menor o preço.

Do outro lado da transação comercial estão muitas empresas da região que utilizam caldeiras. A Kohler & Cia, tinturaria de Guabiruba, é uma destas companhias. O encarregado do setor de cavaco, lenha e madeira, Jorge Kohler, diz que há muita oferta de eucalipto no mercado. Caso decidissem aumentar a produção, haveria “fornecedores de sobra”.

Para o encarregado, o que faz diferença neste mercado excessivamente concorrido é a reputação. A Kohler & Cia mantém fornecedores fixos. “Mantemos os nossos fornecedores na hora boa e ruim. Às vezes, temos demais [eucaliptos], mas tentamos manter todos porque eles [fornecedores] também precisam sobreviver”, diz Kohler.

Armelindo Schlindwein, sócio da Madeireira Oito Irmãos, concorda que existe excesso de oferta de eucalipto no mercado. Para ele, isso se deve à baixa nas vendas, que faz os estoques permanecerem cheios.

Diversificação é o caminho

Edgar Becker, agrônomo da Epagri de Botuverá, reconhece que o valor de mercado do eucalipto caiu. Por isso a empresa estatal de consultoria há algum tempo tenta convencer os agricultores a diversificar a sua produção. “O que fazemos aqui é incentivar a madeira para a lenha. Além disso, incentivamos outras variedades de árvores” diz.

Segundo o agrônomo, nos últimos anos tem se estudado o plantio do mogno africano. Mas como é novo, há muita resistência. O que tem tido maior aceitação é a palmeira pupunha – que dá o palmito em conserva. Becker conta que há vários estudos na Epagri para ajudar os agricultores. “Mas nunca recomendamos a substituição total. Hoje em dia, tem que ter diversas opções”.

Paulini também é proprietário da Paulini Florestal, que vende mudas de árvores. Ele confirma esta tendência e diz que alguns clientes buscam a palmeira pupunha para o plantio, para tentar sobreviver no mercado altamente competitivo da região.

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