João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Bela e boa Santa Catarina

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Bela e boa Santa Catarina

João José Leal

Talvez por não ter sido feriado, penso que poucos catarinenses se lembraram de que esta última segunda-feira, 25 de novembro, foi dia de Santa Catarina de Alexandria, padroeira do nosso Estado. Na capital do Estado, no entanto, a data não passou em branco. Os dirigentes da Fundação Catarinense de Cultura e do Museu de Arte de Santa Catarina, decidiram comemorar a data com a reabertura do MASC e, ao mesmo tempo, oferecer ao público a bela exposição “Sou Catarina”, que permanecerá até o mês de fevereiro do próximo ano.

Para a presidente da FCC, a brusquense Maria Terezinha Debatin, a mostra reúne uma série de pinturas e imagens da santa que dá nome ao nosso Estado. O objetivo, explica ela, é de levar o visitante “a um passeio pelos caminhos da história e vida da santa nascida na cidade egípcia de Alexandria”, a fim de conscientizar os catarinenses sobre a origem do nome do nosso Estado.

Já o conceituado jornalista, escritor e acadêmico Moacir Pereira escreveu que, por meio da arte visual — obras do acervo do MASC, poemas, livros, objetos sagrados e músicas — os visitantes terão a oportunidade de viajar pelo mundo de Catarina e conhecer “a história desta princesa egípcia reconhecida por sua beleza, inteligência e coragem, capaz de morrer por seus princípios e por sua fé”. Moacir é autor da excelente obra “Santa Catarina de Alexandria – A origem, o mosteiro e a padroeira”, enriquecida com belas ilustrações. Fruto de exaustiva pesquisa documental e em estudos feitos na cidade natal e outros locais, a obra narra com detalhes a história da nossa padroeira

Os historiadores divergem, o que não é raro quando se trata de fato antigo e sem uma sólida base documental. Mas, parece-me que a versão mais acertada é a que aponta Sebastião Caboto, que ali se viu obrigado a permanecer de meados de 1826 até fevereiro do ano seguinte, como o responsável pela mudança do nome de Ilha dos Patos para Santa Catarina. Séculos depois foi oficialmente adotado para denominar a Capitania, a Província e, por último, o Estado.

Alguns escribas acreditam que o nome teria sido uma homenagem à sua mulher Catarina Medrano. Mas, a maioria entende que a homenageada foi a santa mesmo, tanto que documentos daquela época referem-se à Ilha de Santa Catarina. Para Cabral, a Catarina de Caboto era uma megera e maltratava tanto marido, que este parece ter preferido enfrentar os perigos de mares tempestuosos e tormentas sem fim a viver ao dela. Assim, católico que era, dificilmente homenagearia sua mulher em vez da santa de Alexandria.

Hoje, filigranas da nossa remota história não são relevantes. Já não nos interessa mais saber se Caboto quis homenagear sua esposa megera ou uma princesa alexandrina. O importante mesmo é que vivemos nesta terra de bem-estar social, a bela, querida e boa Santa Catarina.

 

 

 

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