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Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil: Santa Catarina

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil: Santa Catarina

Rosemari Glatz

Estamos em julho e neste mês se intensificam as comemorações do bicentenário da imigração alemã no Brasil. E logo nossos pensamentos nos remetem ao Sul do Brasil. Afinal, no 25 de julho de 1824 os primeiros imigrantes de língua alemã chegavam da Europa com o navio Argus. Era um grupo de imigrantes de língua alemã, com identidade cultural comum, e que foi instalado em São Leopoldo. Logo o pequeno povoado do Rio Grande do Sul se tornou exemplo de sucesso da política de colonização do Governo Imperial.

A vinda dos imigrantes de língua alemã passou a ser estimulada após a Independência do Brasil que separou o então Reino do Brasil e o Reino de Portugal e Algarves, em 1822. Com o objetivo de formar o exército e a marinha brasileiros, recrutar soldados e marinheiros mercenários estrangeiros passou a ser o foco do governo. Como isso não era permitido, o governo brasileiro usou a estratégia de captar imigrantes agricultores europeus, com os quais vinham, também, soldados que também se declaravam colonos para poder emigrar. Quando chegavam no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, eles eram separados. Os imigrantes que atuariam como soldados permaneciam na capital, e os verdadeiros agricultores seguiam para as colônias, para ocupar o interior do Sul do país.

As lutas políticas, as guerras, o excessivo crescimento populacional, os altos impostos e as terras concentradas nas mãos de poucos deixavam os agricultores de língua alemã em situação econômica difícil. Em muitos casos, o Estado chegou a apoiar financeiramente a emigração para se livrar de aldeões pobres. Somando-se aos fatores sociais, havia também a intensa atuação dos agentes de emigração e companhias de navegação que publicavam anúncios em jornais. Agentes regionais de grandes companhias de navegação tinham formado uma grande rede de subagentes, que captavam emigrantes em toda a Alemanha, destinando-os para a chamada “América”. Recrutavam-se emigrantes com brochuras, notícias e cartas para que se estabelecessem em partes desconhecidas do mundo, nas quais supostamente um verdadeiro Eldorado estava à sua espera. A emigração tinha se tornado um negócio lucrativo para muitas categorias profissionais, para intermediários e agentes, correios e trens, hoteleiros e fornecedores, armadores e funcionários de navios.

Em resumo: de um lado, o Brasil buscava o reestabelecimento político e a formação da identidade nacional após a declaração formal de independência. Do outro, o território alemão – que não existia como é hoje, pois a Alemanha foi unificada apenas em 1871 – ainda estava abalado pelas guerras napoleônicas que haviam causado destruição e pobreza por toda a região. E foi dentro desse contexto que José Bonifácio, principal conselheiro de D. Pedro I, pôs em prática o projeto de trazer imigrantes europeus para o nosso país, com a ajuda do agente Georg Anton von Schaeffer. Era o início de um processo que duraria décadas e traria milhares de europeus ao território brasileiro.

E foi neste contexto que ocorreu o grande afluxo de imigrantes para o Sul do Brasil. Se o Rio Grande do Sul passou a receber imigrantes alemães em 1824, Santa Catarina só recebeu as primeiras levas de imigrantes alemães no ano de 1828 quando, nos dias 7 e 12 de novembro, aportaram em Desterro (Florianópolis) os veleiros Luiza e Marquês de Viana, respectivamente. Foram esses imigrantes que, em 1829, fundaram a Colônia São Pedro de Alcântara, a primeira colônia alemã catarinense. Naquele tempo, a Província de Santa Catarina se resumia à cidade de Desterro e três vilas: Laguna, Lages e São Francisco, e predominava a população de origem lusitana.

 

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