Bombeiros negociam com a prefeitura instalação de escola cívico-militar em Brusque

Conversas são iniciais, mas corporação afirma que tem interesse no projeto

Bombeiros negociam com a prefeitura instalação de escola cívico-militar em Brusque

Conversas são iniciais, mas corporação afirma que tem interesse no projeto

O Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina quer instalar uma escola cívico-militar em Brusque. A informação é confirmada pelo comandante-geral, coronel Edupércio Pratts.

Segundo Pratts, os bombeiros estão em tratativas com várias prefeituras para criar escolas deste tipo. A princípio, as cidades mapeadas são aquelas onde ficam as sedes de batalhões e de companhias. Brusque tem a 3ª Companhia do 3º Batalhão, portanto se enquadra nesse quesito.

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O coronel já determinou que o capitão Jacson de Souza, comandante dos bombeiros em Brusque, entre em contato com a prefeitura para conversar com sobre a iniciativa. Uma reunião será marcada para tratar do assunto.

O capitão Jacson diz que é uma conversa “embrionária, que necessariamente passa pelo interesse do município, vereadores e entidades privadas”.

O vice-prefeito Ari Vequi diz que o município está aberto ao diálogo. “Tudo que vier para somar é bem-vindo”. Caso a conversa avance, a escola começaria a funcionar em 2020, segundo o comandante Pratts.

Na semana passada, o vereador Gérson Morelli, o Keka, esteve em Florianópolis e se reuniu com o comandante Pratts para solicitar e conhecer o modelo de escola cívico-militar.

Disciplina militar
O modelo cívico-militar é diferente do colégio militar tradicional, gerido completamente pela Polícia Militar. Nesse caso, a gestão é compartilhada entre professores municipais e bombeiros militares.

Segundo Pratts, a ideia é implantar o modelo em uma escola nova ou outra indicada pelo município, com alunos do sexto ao nono ano do Ensino Fundamental.

O trabalho será dividido da seguinte forma. Os professores continuarão a lecionar, mas os militares farão a monitoria e cobrarão uniforme, formação e disciplina dos estudantes.

Além disso, os bombeiros trabalharão a questão da hierarquia, disciplina, ética e cidadania.

Os bombeiros que atuarão na escola serão militares da reserva (aposentados). Segundo Pratts, a previsão é que dois ou três trabalhem em cada colégio. A negociação entre a corporação e a prefeitura definirá quem será o responsável por pagar os salários deles.

Primeira escola municipal deste modelo fica em Itajaí

No dia 15 deste mês, a comunidade aprovou a implantação do modelo militarizado na Escola Básica Melvin Jones, em Itajaí, a partir de agosto. Com isso, esta será a primeira prefeitura do estado a aderir à nova modalidade na educação das crianças e jovens.

A unidade organizará o próprio horário de aulas. O objetivo é instituir encontros de 45 minutos uma vez por semana, para que seja destinada uma hora-aula semanal ao trabalho dos bombeiros, tutores do projeto.

Toda parte pedagógica e direção da unidade continuarão sob comando do município. Os bombeiros da reserva terão o papel de orientar os alunos, com noções de respeito, disciplina, pontualidade, uso do uniforme e hierarquia.

Expansão
O governador Carlos Moisés da Silva disse, em Chapecó, que o modelo será implantado conforme demanda e a vontade das comunidades escolares. As prefeituras é que devem buscar o estado.

O Corpo de Bombeiros conversa com a Prefeitura de Florianópolis para criar uma unidade desse tipo na capital. Há tratativas também com Chapecó, São Miguel do Oeste, Xanxerê e Maravilha.

MEC aposta nas escolas cívico-militares

O governo Jair Bolsonaro aposta no modelo militarizado – diferente dos tradicionais colégios militares – para combater a criminalidade em áreas com maior vulnerabilidade social.

No dia 2 de janeiro, o decreto do presidente que cria a Subsecretaria de Fomento às Escolas Cívico-Militares (Secim) foi publicado. O órgão funciona dentro do Ministério da Educação (MEC).

“Com o modelo cívico-militar, a escola muda o uniforme e sua infraestrutura, ou seja, as instalações físicas para atender ao programa, e também a gestão administrativa, que passa a ser feita pelos militares”, explica Márcia Amarílio, subsecretária.

Segundo Márcia, a gestão da organização didático-pedagógica continua sendo desempenhada pelos professores civis. A escolha das escolas deve levar em conta critérios de vulnerabilidade.

O MEC informa que a implantação dessas escolas militarizadas depende de cada secretaria de Educação – estadual ou municipal – e da vontade da comunidade.

Esse modelo militarizado ganhou espaço no Distrito Federal, onde algumas escolas já começaram este ano letivo com a gestão compartilhada entre militares e civis.

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Além das gestão conjunta e da implantação de valores militares, essas escolas também lecionarão aulas de ética e cidadania, ressuscitando a disciplina que foi criada em 1940, por Getúlio Vargas, e depois foi instituída novamente em 1969, durante a ditadura militar.

Críticas
O modelo é criticado por parte dos especialistas em educação, que o consideram excludente. As críticas são no sentido de que apenas ser mais rígido na disciplina, sem melhorar as condições de aprendizagem, surtem pouco efeito.

Em Santa Catarina, a deputada Luciane Carminatti (PT) criticou a proposta de ampliar as escolas-cívico militares no estado. Ela pedirá informações sobre o nível de habilitação dos profissionais. Para a petista, os bombeiros são fundamentais na segurança pública, não na educação.

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