As criptomoedas entraram na pauta dos brasileiros nos últimos anos. E mesmo que o hype tenha passado e quase todas elas não estejam em suas altas históricas, os investidores nacionais seguem acreditando neste tipo de ativo.
Isso é o que revelam dados da Receita Federal de março deste ano, que mostram que mais de 1,6 milhão de brasileiros registraram negociações de ativos digitais no país durante o mês.
De acordo com o relatório de declarações deste tipo de ativos divulgado pela Receita, 1.607.430 CPFs diferentes movimentaram algum tipo de criptomoeda em março deste ano. Este é o recorde histórico, ultrapassando a marca de setembro de 2022, quando 1.589.019 pessoas haviam declarado transações via ativos digitais.
Além dos mais de 1,6 milhão de CPFs, o relatório da Receita também mostra que mais de 60 mil CNPJs movimentaram criptomoedas em março. Este, porém, não é o recorde para as empresas, que segue sendo de mais de 65 mil CNPJs em dezembro de 2022.
Em Brusque, onde as criptomoedas já têm adeptos há muitos anos, parte da população segue acreditando na força dos ativos digitais. Tanto é que, recentemente, a Uniasselvi disponibilizou 50 cursos gratuitos online e, entre eles, havia um sobre Bitcoins.
Número real pode ser ainda maior
O recorde registrado pelo relatório da Receita Federal, na verdade, pode ser ainda maior. Isso porque os dados oficiais levam em conta informes vindos de corretoras registradas no Brasil, dos fundos de investimento que investem em ativos digitais no exterior e de transações entre pessoas físicas.
Portanto, o total anunciado pela Receita não soma os clientes de bolsas estrangeiras, ou as transações feitas entre carteiras, sem registro em nenhum canal nacional.
Trazer à luz da Receita as transações feitas via criptomoedas, inclusive, é uma preocupação constante deste órgão do governo. Ao iniciar o período de declaração do Imposto de Renda 2023, a Receita Federal lançou um manual esclarecendo a forma correta de declarar as operações com este tipo de ativo.
Essa preocupação do governo com as operações via ativos digitais faz sentido quando analisado o montante total transacionado via criptos. Só em março, a Receita registrou mais de R$ 17 bilhões neste tipos de transação.
Vale ressaltar que o total de 1,6 milhão de CPFs soma apenas os brasileiros que fizeram alguma transação de ativos digitais em março de 2023. No total do primeiro trimestre, mais de 4,2 milhões de brasileiros declararam ter transacionado criptomoedas este ano.
USDT é o criptoativo “da moda”
Se antes o Bitcoin era o criptoativo mais conhecido e procurado, agora é o “dólar digital” quem tem a preferência dos brasileiros. O USDT, como é conhecido, é o ativo mais negociado no país, e representou 81% das transações feitas no país no primeiro trimestre.
Em números totais, nos três primeiros meses de 2023, os brasileiros negociaram mais de R$ 37,1 bilhões em USDT, criptoativo que persegue o preço do dólar.
Por outro lado, ainda que a cotação do Bitcoin tenha se valorizado 70% no primeiro trimestre deste ano, os investidores brasileiros declararam ter transacionado “apenas” R$ 4,1 bilhões em BTC no início de 2023.
O preço do Bitcoin, que chegou a USD 69 mil em sua máxima histórica, ainda em 2021, hoje é de pouco mais de USD 27 mil – no momento em que este artigo é escrito. Em janeiro, porém, a cotação estava em pouco mais de USD 16 mil.
O surgimento de outros tipos de criptoativos e uma série de discussões internacionais sobre o tema fez com que a BTC deixasse de ser o ativo digital mais procurado pelos investidores, tanto no Brasil quanto no mundo inteiro.