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João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Brusque 164 anos: história do nome da nossa cidade

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Brusque 164 anos: história do nome da nossa cidade

João José Leal

Criada pelo Aviso Imperial de 18 de novembro de 1859, nossa cidade de Brusque recebeu o nome de Colônia Itajahy. No entanto, o Barão de Schnéeburg tinha autorização do governo imperial para mudar o nome oficial da nova Colônia. Bem que poderia ele ter colocado o seu próprio nome e, hoje, viveríamos numa cidade chamada Schnéeburgo. Mas, optou por homenagear o então Presidente da Província, Carlos de Araújo Brusque.

Durante a viagem do Desterro a Itajaí, numa conversa com o Presidente que também se encontrava a bordo da canhoneira Belmonte, o Barão disse-lhe que gostaria chamar de Brusque a colônia a ser fundada poucos dias depois. Escrupuloso no trato da administração pública, o homenageado agradeceu e recusou enfaticamente a proposta.

Terminada a viagem, foi servido um jantar às autoridades, tripulantes da Belmonte e aos colonos. Ao final, discursos não poderiam faltar. Coube ao Dr. Joaquim Monteiro Caminhoá, conhecido por sua eloquente oratória, saudar e agradecer ao presidente Araújo Brusque. E o discurso então proferido, publicado no jornal O Progressista, justificou plenamente a sua fama de excelente tribuno. Começou falando da importância do projeto colonizador para o progresso do país, afirmando que “a colonização deve ser uma palavra sacrossanta no Brasil”.

Disse “ser filho do Norte, onde desgraçadamente ainda corre o suor do africano escravo para regar a planta que, longe de medrar, definha pelo calor das suas bágoas” (lágrimas). Enaltecendo a forma do trabalho existente nas colônias do Sul, bradou: “Bendigo sempre aqueles que trocam o efeito do azorrague pelo trabalho livre dos colonos europeus. Bendigo ainda aqueles que escolhem colonos alemães para povoar as nossas matas que, apesar das necessidades que sofrem, sabem entoar um cântico de devoção a Deus pela prosperidade do torrão em que nascerão os seus filhos”.

Finalizando, com suas candentes palavras, Joaquim Caminhoá pediu permissão ao Presidente para lhe dizer que todos “nós desejamos e mesmo exigimos de V. Exa., que a Colônia que agora vai ser fundada, se chame Colônia Brusque. Bem sei que já foi recusado ao Senhor Barão de Schnéeburg este pedido. No entanto, deve V. Exa. lembrar que o nome Brusque não pertence mais a V. Exa. e sim ao país e aos vossos filhos, que terão orgulho quando, com o correr dos tempos, um dia progredir esta Colônia”.

Mais uma vez, Araújo Brusque recusou a homenagem. No entanto, fundada a Colônia poucos dias depois, o Barão de Schnéeburg sempre a chamou de Colônia Brusque, nome que se consolidou ao longo do temo e que acabou por ser oficializado em 1890

Passados 164 anos de sua fundação, as palavras do orador Joaquim Caminhoá, revelaram-se “proféticas”. Os colonizadores trilharam o caminho da ordem e do trabalho, alicerce ético e cultural indispensável para que a Brusque de hoje seja uma cidade economicamente próspera e de bem-estar social.

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