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João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Brusque 164 anos: um projeto colonial que deu certo

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Brusque 164 anos: um projeto colonial que deu certo

João José Leal

Fundada em 4 de agosto de 1860, por Maximiliano von Schnéeburg e mais 54 imigrantes de língua alemã, nossa cidade festejou a histórica data no último domingo. A implantação da Colônia Itajahy, sempre chamada de Brusque, não aconteceu de forma improvisada. Ao contrário, foi decorrência da política oficial de povoar as terras do sul do Brasil.

Por se tratar de um projeto governamental, cabia ao poder público a responsabilidade de administrar a Colônia. Isso significava abrir caminhos e estradas, entregar aos colonos lotes de terra já demarcados dois anos antes, ferramentas agrícolas e pagar-lhes uma ajuda de custo inicial, até que ocorressem as primeiras colheitas. Além disso, cabia ao governo arcar com os custos da administração colonial, pagando salários do diretor, funcionários, topógrafo, professor, médico, padre, pastor e muitas outras despesas.

Numa nação pobre e ainda em fase de consolidação de um Estado Nacional, é compreensível que acontecessem deficiências e atrasos no cumprimento desses encargos. Dessa forma, alguns historiadores têm ressaltado as péssimas condições a que foram submetidos os imigrantes alemães e, mais tarde os italianos, pela falta de atendimento às promessas feitas e não cumpridas pelo governo imperial.

Sem dúvida, reclamações que até hoje são comuns em qualquer comunidade ocorriam com certa frequência sobre a precariedade das estradas e caminhos, da saúde e educação, atraso no pagamento de auxílios, durante os vinte anos da Brusque colonial. No entanto, de um modo geral, o poder público cumpriu o seu dever. Afinal, havia um interesse claro do Estado brasileiro em povoar as terras do sul do país, a fim de promover a produção agrícola da nação.

Tanto que documentos da época reportam a satisfação dos colonos com a nova vida em terras da América. Dois anos depois da fundação, entusiasmado com o êxito do projeto colonial brusquense, o diretor Schnéeburg escreveu que os resultados “eram exemplos animadores de prosperidade”.

Anos depois, num ofício do ano de 1875, outro diretor da Colônia afirmava que a nação brasileira muito ganharia se o governo, “com patriótica solicitude” continuasse a trazer “para o abençoado solo do Brasil esses mensageiros do trabalho e da paz, a cuja sorte se acha tão intimamente ligada a prosperidade da nossa Terra”. Pode até ser exagerado, mas havia uma crença de que os imigrantes de etnia e cultura germânica eram sinônimos de ordem, disciplina e intenso trabalho.

Na verdade, apesar dos problemas e dificuldades iniciais, o governo brasileiro abriu estradas e caminhos, garantiu terras, educação, saúde e ajudou financeiramente os imigrantes aqui estabelecidos para que pudessem consolidar o projeto colonial que, ao longo de 164 anos, se transformou na cidade de bem-estar em que vivemos.

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