Brusque sedia a primeira etapa do campeonato brasileiro de xadrez para deficientes visuais

36 enxadristas participaram Copa Brasil de Xadrez para Deficientes Visuais realizado pela primeira vez em Brusque e no sul do país

Brusque sedia a primeira etapa do campeonato brasileiro de xadrez para deficientes visuais

36 enxadristas participaram Copa Brasil de Xadrez para Deficientes Visuais realizado pela primeira vez em Brusque e no sul do país

Realizado pela primeira vez em Brusque e no sul do país, a Copa Brasil de Xadrez para Deficientes Visuais recebeu 36 enxadristas entre quinta-feira e domingo, na Arena Multiuso. A primeira etapa do torneio contou com atletas de todos o país, incluindo os brusquenses Carlos Espíndola, Sidnei e Lucimara Pavesi, que ficou em terceiro lugar na categoria Feminina.

“Tive cinco disputas, sendo três vitórias e duas derrotas. As partidas foram muito boas, mas como eu ajudei a organizar o evento e tem toda aquela preocupação em volta disso, acredito que dificultou um pouco os resultados”, afirma Lucimara. Ela e o marido, Sidnei, foram os idealizadores do evento em Brusque. “Já participamos da competição e é um sonho sediar essa etapa na cidade”, completa.

O enxadrista Sidnei Pavesi é portador de glaucoma congênito e aprendeu a jogar há mais de 20 anos com um professor de xadrez de Itajaí, Álvaro da Silva, que também era cego. Desde então, nunca mais parou. Ele ensinou a mulher a praticar o esporte e hoje os dois participam de competições estaduais e nacionais. Ele participa das disputas desde 1997, fez uma pausa depois de 2002, quando entrou na faculdade de fisioterapia, voltou após sua formatura.

“Eu creio que poderia ter tido um desempenho melhor ao longo dessa disputa, talvez a preocupação na organização do evento dificultou um pouco. Mas valeu a pena. Tivemos uma excelente etapa e estamos torcendo para que a semifinal deste ano seja realizada também em Brusque”, revela Pavesi.

André Rezende, diretor de eventos da Federação Brasileira de Xadrez para Deficientes Visuais e o primeiro colocado na categoria Masculino, afirma que a cidade tem tudo para receber o evento novamente. “Além de ótima infraestrutura, temos aqui grandes enxadristas e, principalmente, pessoas empenhadas em fazer esse campeonato acontecer”, garante.

A competição teve inicio ainda na quinta-feira. Na sexta e sábado, foram realizadas disputas durante a manhã e tarde, e domingo, o torneio aconteceu até às 12h, quando houve a premiação. A etapa de Brusque levou o nome de Rudi Ramos, que foi campeão catarinense do Parajasc em 2014 e acabou falecendo no mesmo ano.
Campeonato

Daniel Pavesi, um dos organizadores do evento, explica que essa é a primeira etapa de nível nacional onde os 36 enxadristas competiram nas categorias Juvenil, Sênior, Feminino, Masculino e Equipe. As próximas fases do campeonato serão regionais, com etapas separadas no Sul, Sudeste, Centro Oeste, Norte e Nordeste. No final do ano, acontecem as semifinais, com os campeões de cada região.

A etapa realizada nesses últimos quatro dias em Brusque classificou para a semifinal os três primeiros colocados da categoria Masculino, também chamada de Absoluto. Depois da final, geralmente realizada em dezembro, os oito melhores jogadores do país vão participar no campeonato Sul Americano e depois no Mundial.
Superação

Durante o campeonato, o que não faltou foi exemplos de superação. Vários atletas, com os mais diversos tipos de deficiências visual, superaram barreiras e enfrentaram horas de viagem para chegar até Brusque. Um deles é Juarez Castelar, de 68 anos, que veio de Brasília (DF) para a primeira etapa da competição. Ele perdeu a visão há 22 anos e desde então sofre com a retinose pigmentar, uma doença hereditária que causa a degeneração da retina.

Ele pratica xadrez desde os 15 anos e ensinou o esporte a todos os sete filhos. Desde que começou a desenvolver a deficiência visual, começou a praticar o esporte com mais afinco e a participar das competições. “O xadrez impediu que eu me entregasse, sabe? Essa doença é difícil, é muito triste perder a visão assim, gradativamente. Então o esporte está aí, para nos deixar mais fortes, nos fazer sentir mais úteis”, conta.

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