Brusque tem o maior número de casos confirmados de dengue de toda a região; veja o comparativo
Desde março, município contabiliza os exames enviados ao Lacen, laudos dos laboratórios privados e por critério clínico epidemiológico
Desde março, município contabiliza os exames enviados ao Lacen, laudos dos laboratórios privados e por critério clínico epidemiológico
Entre as cidades da região, Brusque é a que tem o maior número de casos positivos de dengue. De acordo com o último boletim divulgado pela prefeitura, neste ano, o município já tem 1.352 casos confirmados da doença, todos autóctones, ou seja, que contraíram a doença na cidade.
O número é bem maior do que o registrado em Blumenau, que na última terça-feira, 26, divulgou 509 casos confirmados de dengue até agora. Vale lembrar que a população de Blumenau é estimada em 366,4 mil, enquanto que Brusque tem cerca de 140 mil habitantes.
A diferença fica ainda maior, quando os números de Brusque são comparados com os de Itajaí. A cidade vizinha tem até o momento, 21 casos confirmados de dengue, sendo 10 importados, ou seja, os pacientes não se contaminaram na cidade. Atualmente, Itajaí está com 564 focos do mosquito.
A diretora da Vigilância em Saúde, Ariane Fischer, explica que desde março, quando iniciou a chamada contaminação disseminada no estado, Brusque adotou um método diferente na contagem dos casos positivos.
“Já iniciamos a contagem dos positivos com os laudos do Lacen, laudos dos laboratórios privados e por critério clínico epidemiológico, que é quando não precisa de exame, somente associa os sinais e sintomas a um local que já tenha o positivo. Esta postura nos deu uma realidade precisa de onde se encontram os casos e nos norteia com relação às ações”, diz.
Ariane ressalta que Blumenau e demais cidades da região, até a semana passada, seguiam o critério de contabilizar somente os exames enviados ao Lacen, o que, segundo ela, justifica o número menor de positivos.
“Por outro lado, existe sim, um número aumentado de focos e casos em todos os municípios da região. Com a pandemia da Covid-19, grande parte dos servidores foram direcionados para as ações emergenciais da pandemia. Isto também resultou no aumento deste agravo agora”.
Até o momento, a Prefeitura de Brusque confirmou quatro mortes em decorrência da dengue. De acordo com relatório divulgado pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive), no dia 21 de abril, Brusque está entre os municípios com mais registros de morte pela doença no estado.
O relatório mostra cinco mortes contabilizadas na cidade, sendo três confirmadas e duas suspeitas.
Ainda de acordo com o boletim da Dive, apenas Chapecó iguala o número de óbitos pela doença de Brusque, com três confirmadas e duas ainda em investigação.
Pelo relatório, Blumenau tem dois óbitos pela doença: um confirmado e um em investigação. Joinville, a maior cidade do estado, contabiliza até o momento, uma morte.
Em 12 de abril, a Prefeitura de Brusque declarou situação de emergência em saúde pública em todo o município, devido à infestação pelo mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como a dengue, febre chikungunya e zika.
Ariane explica que com o decreto, o combate e efetivação das ações de enfrentamento se tornam mais intensas e ágeis. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera estado de emergência relacionado à dengue, a partir de 300 casos a cada 100 mil habitantes.
A diretora da Vigilância em Saúde destaca que entre as ações de combate ao mosquito, a prefeitura tem utilizado o carro fumacê, do governo do estado. No início de abril, os bairros Jardim Maluche, Souza Cruz e Santa Terezinha receberam aplicação do UBV pesado nos raios com maior índice de casos positivos.
Ainda em abril, os bairros Primeiro de Maio, Azambuja e Águas Claras, também tiveram o carro fumacê.
Paralelo às ações com o carro fumacê, acontece o trabalho dos agentes de endemias. Atualmente, 31 profissionais atuam na identificação de focos do mosquito. De acordo com Ariane, todos os candidatos aprovados no processo seletivo foram convocados, sendo que ainda está em prazo de apresentação. O objetivo, segundo ela, é contratar 82 agentes.
Esses profissionais realizam monitoramento das 260 armadilhas espalhadas pelo município para identificação de locais com focos. “Eles também fazem visitas nas 59 mil residências do município procurando possíveis criadouros do mosquito, realizam a eliminação e fazem o tratamento”.
Outra tarefa dos agentes de endemias é o monitoramento nos 109 pontos estratégicos de Brusque, que são locais com pré-disposição a acumular água, como por exemplo, borracharias, cemitérios, recicladoras, ferros-velhos e floriculturas. De acordo com a diretora da Vigilância em Saúde, cada agente realiza 25 visitas por dia em média.
Até o momento, foram realizados mutirões de recolhimento de materiais que possam acumular água. O primeiro ocorreu no início do mês, nos bairros com maior incidência de casos: Souza Cruz, Jardim Maluche e Azambuja. Foram recolhidos 30 toneladas de lixo.
Nesta semana, o mutirão acontece nos cemitérios da cidade e no dia 7 de maio está prevista a terceira etapa, no bairro Santa Terezinha. “Esses mutirões serão realizados ao longo do ano. No total, serão 18 ações como esta na cidade em 2022”.
Desde segunda-feira, 25, caçambas estão sendo espalhadas pela cidade destinadas exclusivamente para o descarte de objetos acumuladores de água. No total, serão 16 caçambas, com uma placa informativa ao lado com o que pode e o que não pode ser descartado.
De acordo com Ariane, as caçambas serão monitoradas diariamente pelos agentes de combate de endemias, e quando estiverem cheias, serão substituídas.
Além dessas ações, a diretora da Vigilância Epidemiológica destaca o trabalho de conscientização feito com os alunos em parceria com a Secretaria de Educação.
Ariane explica que todos os anos, nos meses de março e novembro, os departamentos de endemias de todas as cidades devem realizar o Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (Lira).
De acordo com a diretora da Vigilância em Saúde, o resultado da análise do Lira em Brusque neste ano mostra que grande parte dos criadouros são em pequenos objetos. “A população precisa cuidar dos seus quintais, lixos espalhados, garrafas, pratinhos de vasos. Esses são os vilões”, diz.
Ela destaca ainda a importância de denunciar possíveis focos do mosquito. O número de telefone para denúncias, pelo WhatsApp, por texto é no (47) 9 88130095, ligação pelo número da Ouvidoria Municipal no 156 e por meio do site, no endereço tinyurl.com/ouvidoria156.
Ariane afirma que é possível que as bocas de lobo se tornem focos do mosquito Aedes aegypti, principalmente as que são em formato sifão. De acordo com ela, não é possível tirar a água das bocas de lobo devido ao mau cheiro que pode ocasionar, entretanto, os agentes de endemias estão monitorando alguns pontos.
“Até o momento, não foram encontrados focos nestes locais. Quando se encontram focos, a recomendação é que as bocas de lobo sejam tratadas com larvicidas”.
Os principais sintomas da dengue são febre alta, dores musculares, dor nos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas pelo corpo. Ao apresentar esses sintomas, deve-se procurar atendimento e evitar o uso de remédios sem orientação médica, já que algumas substâncias podem agravar o quadro clínico do paciente.
A recomendação é que em caso de suspeita ou confirmação da doença, as pessoas não utilizem medicamentos à base de:
Caso a pessoa já faça uso de remédios com esses componentes para outras doenças, é importante consultar um profissional de saúde.