Brusque registra em 2017 o maior número de homicídios em três anos

Apenas uma das seis mortes não foi solucionada; metade tem envolvimento com tráfico de drogas

Brusque registra em 2017 o maior número de homicídios em três anos

Apenas uma das seis mortes não foi solucionada; metade tem envolvimento com tráfico de drogas

Em 2017, seis pessoas foram vítimas de homicídios em Brusque, atingindo a maior marca desde 2014. Três deles são relacionados ao tráfico de drogas, e apenas um dos crimes não foi solucionado no ano passado. Nesta década, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina (SSP-SC), o recorde negativo foi em 2013, com dez homicídios.

O delegado Alex Bonfim Reis, da Polícia Civil de Brusque, avalia que os bons índices sócio-econômicos e de emprego contribuem para o número, que é avaliado como positivo apesar do aumento. Além disso, ele aponta para a qualidade dos órgãos de segurança pública e do Judiciário, que, embora não sejam ideais, estão acima da média brasileira.

“Solucionando a grande maioria dos poucos casos que temos, passamos a imagem de que se uma pessoa cometer um crime grave, não haverá impunidade. Isso coíbe os crimes mais graves.”

Ainda de acordo com o delegado, por mais que cinco dos seis homicídios (83,3%) tenham sido solucionados, alguns dos acusados ainda respondem em liberdade. “Não é uma questão da polícia ou dos juízes, é uma questão legal. Se a pessoa for condenada enquanto estiver presa, ela irá cumprir apenas o restante da pena. Se for condenada respondendo em liberdade, cumpre a pena integralmente a partir do momento da sentença”, explica.

Tempo é fundamental
O delegado Reis afirma que, para solucionar um caso de homicídio, o fator mais valioso é o tempo. No entanto, a história de que “as primeiras 48 horas são as mais importantes” fica apenas nos filmes e seriados policiais. “A questão é começar a investigações imediatamente após o homicídio. Com o passar do tempo, a taxa de resolução vai caindo.”

Outro fator importante é a coleta imediata de provas nas primeiras horas na cena do crime. A partir dali, os policiais têm como começar a investigação de algum ponto e forma-se uma sequência de provas e fatos que deverão levar à identificação do assassino. “Tendo um começo sólido, a investigação pode durar um mês, mas vai render resultados.”

Apesar da corrida contra o tempo que a polícia precisa fazer, também é importante que não haja erros. Seguir uma teoria ou pista errada pode comprometer toda a investigação. “Enquanto eu estou seguindo a pessoa errada, a certa está se afastando cada vez mais, destruindo provas. Voltar para o rumo certo toma muito tempo”, explica o delegado.

Entre os casos de homicídio de Brusque, o delegado Alex Bonfim Reis avalia o de Roberta Keller como o mais difícil e extraordinário, porque o corpo foi encontrado dias após a execução, que foi feita com tortura e requintes de crueldade.

O único homicídio sem solução

Jorge Luís Floriani foi morto na noite de 29 de junho de 2017, na rua Libério Benvenutti, bairro Limoeiro. A vítima chegou a ser resgatada pelo Corpo de Bombeiros, mas não resistiu.

Ele morava nos fundos da empresa onde trabalhava. Dois homens se aproximaram de onde Floriani estava, na mureta que dividia a empresa da residência, e atiraram. As investigações prosseguiram e a polícia, sem acesso a provas e pistas concretas, não conseguiu identificar os assassinos, que fugiram rumo a Itajaí. “Ele não tinha problemas com drogas, dívidas ou jogo, era uma pessoa muito voltada ao trabalho. Claro que não temos como afirmar, mas para mim, foi um motivo banal”, explica.

Os casos que não são solucionados são os que mais ficam marcados na memória, segundo o delegado. “As estatísticas são muito frias. Se tem pelo menos um caso sem solução, já é algo ruim. Para a família de uma vítima, pouco importa uma taxa alta de casos solucionados. O que dizer? ‘Olha, não conseguimos solucionar o caso, mas nossa estatística é boa’? Não adianta nada. Lembro mais dos casos que não resolvi do que os que eu resolvi.”, desabafa.

Latrocínio em Guabiruba
Em 2017, houve também o latrocínio do cabo Everaldo Soares de Campos, de 42 anos, em Guabiruba. Latrocínios são diferentes de homicídios, entra na categoria de crimes contra patrimônio, não contra a vida. Por outro lado, a pena é a partir de 20 anos, enquanto as penas para homicídios são a partir de 10 anos.

O policial morreu em 11 de setembro de 2017, no Hospital Azambuja, após ser baleado por sete vezes, em Guabiruba. O crime ocorreu na rua vereador Érico Trupel, no Centro, por volta das 10h30, próximo à entrada da cooperativa de crédito Viacredi. Ele não estava trabalhando e chegava na agência com um malote quando o crime ocorreu.

 

 

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