Dia do Motorista: Brusquense deixou dupla sertaneja para ser caminhoneiro
Cleber Lang realizou sonho de infância e luta diariamente para se manter na profissão
Quando criança, Cleber Lang tinha dois sonhos: seguir carreira militar na Aeronáutica ou cortar a estrada na boleia de um caminhão. Hoje, aos 35 anos, pode se orgulhar de dizer que é caminhoneiro, vivendo uma das profissões a qual sonhou. Fazendo quase sempre o trajeto Brusque a São Paulo, mas com viagens também a Goiânia e Rio de Janeiro, entre outros estados, é difícil encontrar Cleber em casa.
Casado e com duas filhas, o brusquense divide sua vida entre a atenção com a família e as obrigações da empresa, a Silva e Russi Transportes. As viagens, sempre com cargas de tecido, começam normalmente no domingo à noite, a partir das 19h. Se a viagem é até São Paulo, consegue chegar pelas 4h. Dizer que o caminhão é sua segunda casa pode ser um erro, já que é onde passa a maior parte de seu tempo.
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Enquanto muitos estão curtindo a folga e descansando, Cleber coloca o pé na estrada para conquistar o pão de cada dia. Ele é considerado ainda novo na profissão, já que faz viagens há apenas quatro anos, mas sente prazer no que faz. “Eu fiquei um tempo parado, e quando comecei a trabalhar minha esposa até comentou que eu estava mais feliz, mais motivado. Antes eu estava mais nervoso, só dentro de casa”.
Foi em 2009 que Cleber conseguiu a primeira oportunidade como motorista. Contudo, fazia apenas trajetos dentro da cidade. Em 2014 conseguiu, enfim, um emprego que lhe permitiu viajar pelas principais estradas do país, fazendo parte da grande frota de caminhoneiros do Brasil.
Oportunidade na hora certa
Cleber passou um período desempregado, embora seguisse na carreira de cantor, fazendo parte da dupla Cledson e Cleber. Eis que, em 2014, surgiu a luz no fim do túnel. “As contas já estavam chegando, aumentando, e aproveitei a oportunidade que me apareceu para conseguir melhorar a nossa vida”. O caminhoneiro precisou, em 2015, deixar a vida de músico, já que as viagens o tomam bastante tempo, mas a dupla segue existindo, porém com outro componente no lugar de Cleber.
Depois que sai no domingo – se a viagem for mais longa, ele já larga no sábado -, retorna pra casa apenas na terça-feira. Mas logo sai viajar de novo, coisa que a filha mais velha, Kiara, de seis anos, ainda não se adaptou. “A minha esposa compreende as viagens, sabe que é importante para a nossa família, mas minha filha não. Sempre pergunta meio triste ‘vai viajar de novo, pai?’. Mas faz parte da nossa profissão”.
No meio do caminho, opta sempre por parar em um posto, o Petropen, bastante tradicional dos caminhoneiros. Lá ele consegue tomar um banho e descansar para seguir viagem. “O banho é de graça ali. Tem postos que cobram, R$ 5, R$ 10. Mas faço tudo para economizar e levar para casa”.
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Além de dirigir por quilômetros, Cleber também precisa ajudar na carga. Faz parte da rotina como caminhoneiro. Embora faça tudo com prazer, ele revela que existem percalços e, inclusive, medos. “A gente vive com o receio de sofrer um assalto. Muitos amigos meus tiveram esse problema, perderam a carga e tudo”.
Segundo o caminhoneiro, ele não foi assaltado nesses quatro anos de viagens, mas chegou a se deparar com uma clássica armadilha. “Estava dirigindo pelo Paraná e levei um susto quando passei num ponto da estrada. Havia um tipo de barricada, com pau, pedra, tudo pra fazer o motorista parar. Mas eu passei por cima e segui reto”.