Brusquense é aprovada para estudar no Balé Bolshoi, em Joinville
Bailarina tem 10 anos e foi selecionada para a única escola da instituição fora da Rússia
Com apenas 10 anos, a bailarina Letícia Cordeiro foi aprovada para ser bolsista na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville, única sede do balé fora da Rússia. O teste aconteceu no dia 24 de maio, em Itajaí.
A ideia para participar da audição partiu do professor e proprietário da Passo Arte Escola de Dança, Rodolfo Zanon, que afirma que desde o dia que viu a bailarina percebeu que ela teria uma carreira promissora.
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Início da trajetória
A pequena Letícia pratica balé desde os 6 anos. Ela sempre fez aulas na Fundação Cultural de Brusque, mas há pouco mais de um ano foi realizada uma audição na Passo Arte, com dez vagas para bailarinas.
Letícia foi uma das escolhidas e recebeu uma bolsa de estudos pois a família é muito humilde e não teria condições para pagar as aulas. Na escola ela tem uma rotina de quatro aulas por semana, além dos ensaios.
Zanon, que também é proprietário da escola, garante que desde o primeiro dia de Letícia na escola de dança percebeu que a menina tinha muito talento. “Quando eu vi a Letícia Cordeiro ela já virou um nome bem forte dentro da escola. Todo mundo conhecia ela pelo físico e pelo talento. Ela chama a atenção de todos aqui na escola”, afirma.
Franciele de Souza Correa Cordeiro, mãe da bailarina, garante que a partir do momento que Letícia teve o acompanhamento de Rodolfo, sua carreira deslanchou. “Ela faz aula individual e tem mais atenção do professor”.
Ela conta que a filha faz aula na terça e quinta-feira pela manhã, mas em períodos de pré-estreia dos espetáculos, os ensaios acontecem à noite. No primeiro espetáculo que participou, Letícia teve a chance de fazer um solo.
A escola atua em Brusque há três anos e Zanon garante estar muito feliz pela conquista da aluna. “Buscamos ser uma referência em balé clássico na cidade. Fico bem feliz e orgulhoso tanto por mim quanto por ela pois o trabalho é 50% meu e 50% dela”, afirma.
Bolshoi
A mãe da bailarina afirma que quando soube que a filha recebeu uma bolsa para o Bolshoi ficou surpresa e emocionada. “Somos gratos ao professor pois foi graças ao desempenho dele e dela. Estamos super felizes”, afirma.
O professor explica que no dia do teste, Letícia estava bem tranquila e teve uma reação diferente ao saber do resultado.
“Ela é uma menina bem adulta e ficou bem tranquila. Não ficou surpresa ou emocionada. Ela tem uma postura diferente em relação às outras crianças. Ela é centrada, calma. Os pais ficaram mais alegres do que ela”, conta aos risos.
Para a mãe, a filha já compreende a dificuldade de passar em um teste para a escola Bolshoi. “Ela está super contente, mas está com dois corações. Ela quer ir mas não quer deixar o professor Rodolfo”, explica Franciele. Segundo a mãe, a filha é apaixonada pelo balé. “Ela diz que pode tirar tudo, menos o balé”, brinca a mãe.
Ainda não existe data para o início das aulas, no entanto, os estudos serão iniciados apenas no próximo ano. A organização entrará em contato com os pais da bailarina para definir esses detalhes. Como a família é humilde, Zanon quer sentar e conversar com os responsáveis sobre as possibilidades de mudança de cidade ou manter a menina em Joinville.
Ele conta que o Bolshoi possui um programa com famílias da cidade para que eles “adotem” suas bailarinas por um tempo. A ação é frequente, tendo em vista que boa parte das alunas são bolsistas e a família não tem condições de mantê-las em outra cidade.
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As família são aprovadas pela escola para que a criança, enquanto estiver estudando no Bolshoi, possa morar com essas pessoas.
Letícia ainda passará pelo teste psicológico, fisioterapêutico e haverá também uma entrevista com sua família. “O Bolshoi faz uma peneira muito grande. 98% das alunas da escola são bolsistas patrocinadas por empresas”, explica.
Tendo a pupila como exemplo, Zanon enfatiza a importância de começar no balé com três anos. “Com 10 anos a Letícia já tem decisões bem grandes para serem tomadas. É uma carreira antecipada e difícil, mas tentamos proporcionar isso como uma mudança social na vida das crianças”, conta.