Brusquense que trabalhou na abertura da Transamazônica é tema de livro
Aquiles Duarte de Souza reúne histórias obtidas em 18 entrevistas sobre Péricles
Aquiles Duarte de Souza reúne histórias obtidas em 18 entrevistas sobre Péricles
O professor de História das Instituições Jurídicas na Furb, Aquiles Duarte de Souza, lança na sexta-feira, 11, o livro “Um dia qualquer – Péricles e sua história”, da editora Nova Letra. A obra é sobre seu irmão Péricles, que saiu de Brusque em 1968 para prestar o serviço militar em Blumenau e participou da construção da BR-283, a Transamazônica, rodovia de mais de 4 mil quilômetros que corta sete estados, inaugurada em 1972. É o segundo livro do autor, que já escreveu “Fanny, uma vida em perspectiva”.
A obra, com tiragem inicial de 2 mil exemplares, será lançada em um evento particular, com mais de 100 pessoas, incluindo o próprio Péricles Duarte de Souza, que mora em Manaus, e pessoas do Acre e do Amazonas, estados onde o personagem principal fez carreira e se estabeleceu. O livro será lançado também no município acriano de Tarauacá, primeira parada da aventura de Péricles, e na capital amazonense.
Filho de uma guabirubense que só falava alemão e um brusquense de ascendência portuguesa, Péricles saiu de Brusque para prestar serviço militar em Blumenau no 23° Regimento de Infantaria, hoje 23° Batalhão de Infantaria.
“É uma história de vida, um livro particular, voltado principalmente para a família e aos amigos dos lugares em que meu irmão trabalhou. São histórias e trabalhos dele e do Exército que não deveriam ser esquecidos”, diz o autor. O irmão trabalhou na construção da Transamazônica a partir de 1968, fazendo parte do 7º Batalhão de Engenharia e Construção.
“Se hoje a Amazônia ainda possui um ar de local exótico e misterioso, imagine em 1968, sem o crescimento de hoje. O Exército era um dos poucos recursos das populações isoladas da região. Os telefones em Brusque, por exemplo, eram raríssimos. Ele chegou lá e teve um choque de culturas. Mas ele sempre foi destemido, moldado pelos meus pais para ser militar. Sempre nos demos muito bem, mas foi escrevendo o livro que aprendi a admirá-lo”, conta Aquiles.
O livro de 172 páginas foi escrito a partir de 18 entrevistas com pessoas de Brusque, Manaus (AM), Tarauacá (AC) e Cruzeiro do Sul (AC), e traz diversas histórias de Péricles, desde sua infância até depois de suas aventuras na Transamazônica, quando se estabeleceu no Norte do Brasil.
“Ele pilotava avião com freiras para buscar pessoas com doenças graves em áreas isoladas. Quando precisava pousar à noite em Tarauacá, sem energia elétrica, ele fazia bastante barulho com a aeronave e as pessoas saíam de suas casas, iam à pista de acendendo faróis de motos e carros para orientar o pouso”, resume.
Uma das histórias preferidas do autor é quando seu irmão transportava civis embaixo de seu caminhão, para ajudá-los a chegar em determinados lugares para buscar atendimento e mantimentos.
“É proibido militares em serviço darem carona para civis, mas ele ajudava porque, caso contrário, eles precisariam caminhar por dias. Seu comandante advertia ‘veja lá, seu pomba! Eu tô te vendo, se acontecer alguma coisa, vou te punir’. Aí meu irmão perguntava ‘e se não acontecer nada, coronel?’ E a resposta foi ‘se não acontecer nada, te dou uma medalha'”, conta o autor, aos risos.