Brusquenses publicam, em média, oito livros por ano

Custos com editoração e distribuição são os principais fatores para o baixo número

Brusquenses publicam, em média, oito livros por ano

Custos com editoração e distribuição são os principais fatores para o baixo número

Praticamente todos os livros de autores brusquenses são editados fora do município. O alto custo para imprimir as obras é a principal dificuldade encontrada. Em média, levando em consideração dados dos últimos cinco anos, são lançados na cidade oito livros a cada 12 meses. Em 2015 foram 12. E neste ano, até a segunda quinzena de março, três.

O presidente da Associação Brusquense de Escritores (ABE), Celso Deucher, conta que quase todos os livros locais são editados em outras cidades da região e do país. Na sua maioria, em Blumenau. Ele diz que até o ano passado 99% das obras eram produzidas pela Editora Nova Letra (Blumenau), que foi fechada.

Atualmente, a Editora Gráfica Odorizzi, também do município vizinho, é responsável por grande parte da editoração dos livros de autores de Brusque. A Gráfica Editora Pallotti, que realiza impressões em São Leopolodo, Porto Alegre e Santa Maria, no Rio Grande do Sul, também recebe, eventualmente, material de brusquenses. “Como o alcance do escritor local é pequeno, ele não consegue uma grande editora para fazer os livros”, diz Deucher.

Ele explica que isso ocorre porque cerca de 70% dos livros produzidos no município são de cunho histórico regional, apenas 20% de ficção científica e entre 10% e 15% destinados à crônicas, contos e poesias. “É uma característica bastante regional, a valorização das raízes familiares, o orgulho de ser alemão, do pai ou da mãe ser uma liderança da comunidade”.

O presidente da ABE diz que em geral as obras dos brusquenses são consumidas por leitores da própria cidade, e de locais próximos, como Guabiruba, Botuverá, Blumenau e Balneário Camboriú. Além disso, ele afirma que, em média, 80% dos custos para a publicação são bancados pelo próprio escritor e 20% por editais de cultura. Destes custos, a maior parte (cerca de 80%) são com a impressão do livro e o restante com boneco, diagramação e arte final. “O custo médio com um livro de 140 páginas, 16×23, tamanho universal, é de R$ 12 mil para 1 mil exemplares. Somente de impressão vai R$ 8,5 mil”, explica.

Outro fator apontado por Deucher que dificulta a venda dos livros locais é a distribuição. O motivo é a falta de interesse por temas locais e regionais. “As distribuidoras querem temas universais, que vão vender mais”. Além disso, o custo para entregar é alto: 80% do valor do livro é destinado para a distribuição. “Impossível viver somente como escritor”, afirma.

Criar diferenciais

O escritor brusquense Saulo Adami conta que a maior parte dos seus 80 livros foram publicados por gráficas locais ou regionais (1982-2003), pela sua própria editora (2004-2013) ou por outras editoras de Santa Catarina, São Paulo e Paraná. Ele afirma que há muitas questões a considerar para a publicação de uma obra, mas a financeira é a principal delas. “Já vendi terreno e carro para conseguir dinheiro para editar livros. Sou defensor do livro impresso, mas os custos de produção gráfica aumentaram consideravelmente por causa do preço do papel, que subiu 20% nas últimas semanas”.

Adami concorda que é mais difícil vender livros fora de Brusque, no entanto, segundo ele, é preciso considerar também alguns diferenciais, como livros graficamente bem produzidos e com conteúdo assinado por autores que produzem texto de qualidade. “Há autores em toda parte, mas nem todos têm texto de boa qualidade”.

Reinaldo Cordeiro conta que suas 26 obras foram publicadas pela gráfica Mercúrio, de Brusque, e a maioria pela Nova Letra e Odorizzi. O alcance de suas produções se estende aos municípios vizinhos de Nova Trento, Botuverá e São João Batista. Geralmente, o seu trabalho é financiado pelos interessados pelo tema, já que segundo ele, se tivesse que tirar do seu próprio bolso seria inviável. “Os editais de auxílio à cultura não dão calção suficiente aos autores, 90% dos livros acabam sendo doados”.

Força da associação

A negociação coletiva é uma forma de colaborar para diminuir custos dos escritores. Deucher conta que por meio da ABE é possível conseguir até 30% de desconto no preço de um livro. Atualmente, são 123 associados, mas a entidade está aberta a receber novos escritores. “Temos registro na biblioteca nacional e juntos ganhamos força e credibilidade perante às editoras para negociarmos melhores valores”.


Projeto Octogenários

Com o objetivo de resgatar a história de octogenários de Brusque e consequentemente fazer uma releitura de momentos importantes da cidade, a ABE pretende reunir para o aniversário de Brusque, em 4 de agosto, entrevistas com homens e mulheres que estão na casa dos 80 anos. “São os operários das indústrias têxteis, os primeiros desbravadores do segmento do metal mecânica. Não podemos deixar que se morram essas memórias”, afirma Deucher.

Ele diz que o objetivo é reunir histórias de “100 velhinhos” e mostrar como era a cidade e como viviam a partir de 1915. “Estamos buscando parcerias, como a prefeitura, Câmara, Acibr, para conseguirmos viabilizar este projeto e fazermos este resgate para o município”.


Livros publicados por brusquenses neste ano 

  • O guerreiro das sombras – Sergio Weinfuter
  • Ora bolas…Jota Duarte soa bem melhor – Reinaldo Cordeiro
  • A ascensão dos derrotados – As crônicas do novo império 1 – Johnny Archer Gamba
Colabore com o município
Envie sua sugestão de pauta, informação ou denúncia para Redação colabore-municipio
Artigo anterior
Próximo artigo